Comunicação e relação familiar

Uma boa comunicação constitui-se um processo determinante nas relações familiares. A família torna-se um lugar privilegiado para entendermos a comunicação nas relações humanas, bem como seus di-versos problemas.

A relação estabelecida entre marido e mulher, pais e filhos, é um processo de comunicação em que se percebe um constante choque de diferenças, que desencadeiam ora uma situação harmoniosa, ora um clima de tensão e conflitos. Essa problemática evidencia a necessi-dade do diálogo saudável no âmbito familiar. Segundo Francis Vanoye, “O diálogo supõe, da parte de quem fala, a vontade de se fazer compreender e, da parte de quem ouve, a decisão de ouvi e compreender... assim é que entram em jogo a personalidade do receptor, seus gostos, suas idéias e paixões.” (Vanoye, 1998, p.213).

Conseqüentemente, os bloqueios na comunicação familiar originam-se das deficiências na transmissão da mensagem. Como o emissor e o receptor são influenciados simultaneamente pela ação, pela forma e conteúdo da mensagem, podem surgir problemas variados, que vão desde a falta de interesse da informação transmitida até a má interpretação da mensagem. Conforme Fernando Nogueira Dias, “esse processo de comunicação é um ato intencional e este apresenta-se como um comportamento teleologicamente* orientado”, ou seja, a interação entre emissor e receptor, intencionalmente, é parte da natureza humana.

Para alguns autores essa complexibilidade das relações familiares pode ser compreendida através de aspectos fisiológicos, psicolingüísticos e psicológicos da comunicação oral. Esses aspectos determinam as condições que o indivíduo tem para exercer uma boa comunicação ou não. Assim, tomando como exemplo um diálogo entre um pai e um filho rebelde, é provável a existência de problemas na comunicação referentes à personalidade, à entonação da voz e aos hábitos do receptor.

No entanto, essas condições físicas e psicológicas, delimitadas, favorecem o exercício da comunicação, em que é possível veicular uma mensagem ou compartilhar uma informação com a ausência de ruídos ou interferências. Contudo, esses “ruídos” podem ser corrigidos pelo feedback, também chama-do de retroação. Para Vanoye, “O feedback designa o conjunto de sinais perceptíveis que permitem conhecer o resultado da emissão da mensagem: se foi recebida ou não, compreendida ou não”. Dessa forma, é de grande importância na família o ato de ouvir o outro e tentar entender o que se fala, criando-se um intercâmbio.

Num diálogo familiar em que ambos interlocutores não interagem ou não criam uma situação de intercâmbio fica difícil estabelecer o feedback, visto que os elementos da mensagem não compartilham efetivamente as informações. Sendo assim, é indispensável nas relações familiares a colaboração de ambas as partes inseridas no processo de comunicação, já que o equilíbrio familiar se dá a partir desses fatores significativos.

*Da teleologia: estudo de finalidades.

Israel Pedro é ex-estudante de Comunicação Social pela UESC e estudante de Direito pela UNEB.

Pedro Díaz
Enviado por Pedro Díaz em 06/02/2010
Reeditado em 06/02/2010
Código do texto: T2072906