Sinto vergonha de mim, por ser parte deste povo, morto de idealismo e civismo; por batalhar tanto pela justiça; por compactuar com a honestidade e primar pela verdade e vê este povo ainda chamado varonil, enveredar pelo caminho da desonra e da vida fácil.
Sinto vergonha pelos bravos homens que lutaram pela democracia, e vê em seus olhos a tristeza de vê a semente do idealismo morta, no coração dos jovens, que poderiam ter dado continuidade ao sonho de sermos uma grande nação. Mas como cobrar-lhe patriotismo, se lhe tiram a auto-estima e se extingui os valores referências dos homens públicos!
Tenho vergonha de mim, em vê a liberdade de "ser e ter",
Tenho vergonha de mim pela passividade de tantos que acostumaram ouvir e vê as ações injustas proliferar pelas ruas, pelos tribunais e palácios; sem saber valer o seu grito de BASTA BRASIL! BASTA de corrupção, de privilégio e imunidades com os colarinhos brancos... todos cruzaram os braços, apáticos, sem fazer valer o grito das ruas e o poder do voto! O verbo lutar tornou-se pretérito imperfeito, passado.
Tenho vergonha das tantas desculpas ditadas pelas comissões parlamentares que nada se apura, mas que tramam e forjam as leis, para acobertarem os atos criminosos. São tantos os floreios para justificar a ganância e os crimes, que tornou-se banal a vida sem ética, sem moral. A mentira tomou lugar de honra da verdade.
Tenho vergonha de mim que faço parte de um povo que desconheço; longe de todos os princípios que um dia ajudaram formar o caráter que me fez HOMEM; enquanto os jovens de hoje se enveredam por caminhos que não quero percorrer; práticas que não quero praticar. Quantos sucumbem vencidos pela fome, pela vida de miséria que os levam a vender a própria alma; e depois viver uma vida de vergonha e desalento;
Tenho vergonha de minha impotência, de minha falta de garra, das minhas desilusões e de meu cansaço que já me faz cruzar os braços, "ariar" a bandeira e "guardar a fé"; tenho vergonha ao ser obrigado a aceitar a mentira, pois não há mais quem defenda a verdade. Nossas crianças crescem sem conhecer os verdadeiros valores morais da alma humana, que nem mais figuram nas histórias em quadrinhos.
A vida ruiu ao permitir a degeneração do sexo, ao aceitar a pouca vergonha da união homossexual que um dia levará a raça humana a extinção ou a reprodução em laboratórios.
Não tenho pra onde ir, pois o mundo tornou-se uma mentira globalizada! o que faço eu, que ti amo tanto Brasil!
Fulguras, ó Brasil, florão da América Iluminado ao sol do Novo Mundo Terra adorada, Entre tantas mil, mais e mais amado Brasil.
Ao lado da vergonha de tanta vergonha de mim, tenho pena, tanta pena de ti, jovens brasileiros, que se perdem nas trilhas das drogas, do modismo que banaliza a vida; pena deste povo brasileiro, que "de tanto vê triunfar as nulidades, de tanto vê prosperar a desonra, de tanto vê crescer a injustiça, de tanto vê agigantar-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto".
Tenho pena de você! derrotado, sem virtudes, anonimo na vida insensata, negligenciado pela falência da família; célula mãe da sociedade que morre a cada dia; vítima das drogas e da ausência de exemplos nobres da lei que nunca pune, os infratores da vida pública, onde a demasiada preocupação com o "EU", requer a qualquer custo a riqueza fácil; enquanto o resto da manada segue na busca da tal felicidade a trilhar por caminhos derivados pelo desrespeito para como o próximo e consigo mesmo
Adaptação Flamarion Costa Texto Vergonha de Mim. Rolando Boldrin
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