Mulher: reação à onda de violência sexual
A violência contra a mulher tem aumentado a cada dia. Os jornais publicam constantemente notícias sobre agressões a mulheres, estupradores e maníacos sexuais, que tanto apavoram a nossa comunidade. Mas as estatísticas de tais casos podem ser maiores que se noticia, pois algumas (ou muitas) vítimas, seja por medo, vergonha ou outro motivo qualquer, deixam de informar o ocorrido com elas ao Distrito Policial, contribuindo para a impunidade do agressor e para o aumento de casos. Quanto mais se escondem os fatos, mais eles aumentam e mais grave se torna a situação. É preciso quebrar esse ciclo, e duas são as ferramentas principais: vigilância constante, para não dar oportunidade ao agressor, e coragem para denunciar qualquer fato que tenha ocorrido, mesmo se não consumado.
Vigilância constante:
Sabemos que a quase totalidade dos agressores sexuais são covardes, preferindo atacar suas vítimas em locais isolados e longe de testemunhas. Muitas vezes observam suas vítimas por alguns dias, até encontrar o momento apropriado para o ataque. Por isso mentalize e esteja atenta a algumas regras, mantendo vigilância constante:
* Evite andar sozinha, ou ficar sozinha em pontos de ônibus isolados,especialmente à noite. Para ir ou voltar do trabalho, escola ou festas, procure sempre ter a companhia de uma pessoa amiga. Procure um ponto de ônibus que tenha mais pessoas esperando condução. Negocie em seu trabalho horários mais favoráveis à sua condução.
* Evite cortar caminho por becos, vielas, ruas desconhecidas, terrenos baldios, construções, ou passar por locais desertos e/ou de pouca iluminação.
* Confie nos seus instintos: não pare para atender pedidos de desconhecidos que lhe desperte desconfiança. Desconfie também de estranhos com conversa envolvente que tentem aproximação, e não aceite convites de pessoas que tenha acabado de conhecer na rua, em bares ou casas noturnas. Cuidado com bebidas: elas diminuem seus reflexos e relaxam sua vigilância
* Se você notar que está sendo seguida, aja com naturalidade, entre em qualquer lugar público e ligue para a polícia (190)
* Procure caminhar no centro da calçada e contra o fluxo do trânsito. É mais fácil perceber a aproximação de algum veículo suspeito. Se algum motorista a incomodar, mude de direção e ande em sentido contrário ao fluxo. Conheça o local onde você mora e onde trabalha. Certifique-se da localização de unidades da polícia, bombeiros, hospitais, serviços públicos, telefones públicos, lojas 24 horas, etc., para poder socorrer-se em caso de necessidade.
* Evite a rotina: procure variar seus horários e itinerários para deslocar-se de casa ao trabalho ou à escola.
Coragem para denunciar:
A pior atitude em casos de violência sexual é esconder o ocorrido. Gera impunidade, falsas estatísticas para o planejamento preventivo, e segurança ao agressor para continuar agindo. Por isso, tenha coragem, e siga as seguintes recomendações:
* Registre imediatamente qualquer abuso ou agressão na Delegacia de Polícia.
* Não se lave ou limpe e peça para fazer um exame de corpo de delito o mais breve possível.
* Amostras de sêmen devem ser colhidas pelos médicos-peritos.
* Devem ser observados também todos os hematomas e ferimentos decorrentes da agressão.
* Faça um exame contra doenças sexualmente transmissíveis e gravidez, se for o caso.
* Informe todos os detalhes do ataque, bem como tudo de incomum sobre o agressor (detalhes do comportamento, veículos, vestimentas, coisas que disse e como disse podem conduzir ao agressor)
* Informe à polícia sobre alguma eventual testemunha do ocorrido.
* Mesmo que o ataque não tenha se consumado, registre a ocorrência.
Já é hora da mulher mostrar que não é submissa e frágil, mas que tem coragem para enfrentar os perigos decorrentes de sua condição feminina. Para isso é necessário adotar e difundir medidas de autoproteção, é necessário denunciar e exigir punição dos agressores. Uma passagem pela polícia é a melhor lição para um agressor de mulheres. Não se acovardem.
Cap Res PM José Anilto dos Anjos
Conselho de Segurança de Ribeirão Pires
(Matéria publicada no Jornal Maisnotícias - Ribeirão Pires- SP - 2007)