O QUE FAZER COM O DIPLOMA?
No início do ano muitos jovens se encontram em encruzilhadas. Muitas vezes se deparam não com um dilema, mas um tri lema ou até penta lema.
Há os que terminaram o segundo grau e têm necessidade de trabalhar porque a renda familiar é curta. Ao mesmo tempo gostariam de freqüentar uma faculdade e não têm maturidade suficiente para decidir exatamente o que estudar. Não decidiram o que vão seguir na vida. Mas, como é próprio da idade, têm uma convicção de que o futuro será diferente daquele dos pais ou avós.
Há os que terminaram o curso universitário e estão com o certificado na mão, frente ao mercado de trabalho, sem saber se vão ser aceitos em algum emprego ou não. Ai deparam com um mal crônico: para conceder emprego as empresas exigem experiência no setor. Como obter experiência se as portas do emprego não se abrirem? O círculo vicioso começa a se fechar em torno do pescoço do candidato que não consegue trabalho por não ter experiência e não consegue ficar experiente porque o trabalho lhe é negado. Como obter experiência sem trabalhar.
O jogo do faz-de-conta da universidade não é aplicável ao trabalho na iniciativa privada. Acabou a possibilidade de se encostar-se a colega para obter notas em trabalho de grupo. Acabou a postergação de trabalho pelas mais variadas desculpas. Muitos jovens aprendem logo a lição nos primeiros dias de trabalho. Outros levam anos e acabam trocando de emprego constantemente.
A legislação do trabalho no Brasil quer ser a mais completa, mas é muito injusta com o primeiro emprego. A maior parte da injustiça vem da burocracia em atender as exigências do estágio do aprendiz. Com o salário mínimo ganhando força, talvez se devesse voltar a estudar um salário simbólico para o aprendiz no primeiro emprego, independente da formação que tiver.
Outra burrice legislativa foi criar a “estabilidade” aos noventa dias de trabalho. Um “conquista” que acabou fechando as portas para os inexperientes. Qualquer empresa que tenha algum grau de especificidade mal consegue dar treinamento num período tão curto. Quando chegar o momento de demonstrar o que sabe, já adquiriu estabilidade e se torna caríssimo substituí-lo para começar tudo de novo.
Num país, onde os cursos profissionalizantes são de difícil acesso, criar dificuldades para o primeiro emprego é um contra-senso. Empresários que já foram intimados pela chamada Justiça do Trabalho porque demitiram alguém com três dias de trabalho sofreram na pele a audácia da oferecer emprego a despreparados.
O ideal seria que os privilegiados que completaram um curso superior recebessem incentivos para estabelecer-se com seus próprios negócios. No atual quadro isso se torna impossível. Aqueles que não têm competência para serem empregados, não a terão como empresários. Nas universidades públicas, via de regra, não se ensina empreendedorismo. Os cursos avulsos, a exemplo dos universitários, também não têm amarração com as necessidades do mercado. Quando são cursos necessários não há o encaminhamento dos cursandos. Falta a ligação direta com o empregador.
É início de ano. Há necessidade da conscientização de que as soluções não acontecem por si. Elas devem ser buscadas por todos os setores da sociedade. Soluções exigem coragem de se quebrar velhas estruturas. O início do ano é uma boa desculpa para se começar.
Luiz Lauschner – escritor e empresário
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