Eu preciso me perdoar, urgentemente!
____ Eu preciso me perdoar, urgentemente!
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____ Magno Aquino Miramontes _________
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Raras vezes senti-me tão bem como hoje, ao ler sobre o perdão dos pecados no livro de Mack B. Stokes, “As Crenças Fundamentais dos Metodistas”: “A doutrina do perdão dos pecados é uma das notas mais triunfantes na escala da religião cristã. A Bíblia canta o perdão quando nos assegura da graça perdoadora de Deus. O Velho Testamento o proclama (veja Is 1: 8; Sl 103: 12), mas os tons mais suaves desta nota não podem ser ouvidos até que atinjamos o Novo Testamento, onde Paulo canta: “Agora, pois, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus” (Rm 8: 1)
Perdoado! O estado de ânimo que anseio. Sou o tipo de crente que por ser um ex-ladrão, ex-cão de guarda e ex-um monte de..., ainda olho pra trás e envergonho-me mortalmente por ter “trabalhado nos piores empregos do submundo”; a ponto de não frequentar a casa das pessoas; aterroriza-me pensar que algum objeto suma à época da minha visita. Tenho gasto minha vida perseguindo o perdão de Deus, e das pessoas. Outro dia, impelido pelo sermão, fui pedir perdão pra um ex-bandido; e ele nem perdoou: “O que você fez não tem volta!”, crente estranho!
Observo o meu passado e recebo todo o impacto dele até hoje, até agora no presente instante quando paro pra chorar sozinho, envergonhado.
Parei com esse trem de implicar com Deus (absurda pretensão!) por Ele não ter providenciado pra que mamãe fosse crente pra eu nascer idem; chega de falar sobre isso. É preciso desencanar, Deus não suporta mais a minha cara de ovelha sem pastor; eu tenho pastor; mais de um.
Certamente arrastarei esse humilhante peso por todos os meus dias, ou a maioria deles; há um adágio que diz: “De hora em hora, Deus melhora!” Então, qualquer hora dessas, compreenderei a real extensão do perdão de Deus; não escrevo aqui sobre as minhas dúvidas quanto ao perdão divino (meu mal de nascença é feiúra, não burrice), mas sobre a minha incompetência pra viver perdoado; plenamente.
Gastei tempo e esperança tentando compreender minhas crises depressivas, frequentei consultórios de psiquiatras implorando por uma palavra que me desse qualquer conforto; não era possível ser tão triste, tão amargurado, afinal, sendo uma nova criatura deveria possuir novos e saudáveis sentimentos, mas que nada, desesperava-me a simples idéia de ficar a sós com Deus, temia; angustiadamente!
Todos os que saíram do submundo, em maior em menor grau enfrentam problemas com pesadelos e péssimas sensações mesmo em situações comuns; não afirmo que todos os bandidos que se tornam crentes em Jesus serão depressivos ou paranóicos, afirmo que todos nós que buscamos a face do Senhor somos confrontados; não acareados.
Quem se afeiçoou à vingança passa um longo período até compreender o que Jesus disse sobre perdão; é sobre perdão que devíamos conversar sempre. Todos os antidepressivos do mundo são inúteis se não houver uma reviravolta no coração de gente como eu; não fui habituado a perdoar, sequer mencionava tal hipótese, então, me sentir perdoado sempre foi uma dessas tarefas sem fim nem sucesso.
Continuei lendo e entendi também que apesar de todas as horas boas que acontecem entre eu e Deus, sou e serei pecador; o meu status de pecador permanece, mas não permanece o meu estado miserável! A compreensão do amor de Deus fez um estrago e tanto nas minhas vãs filosofias e nos meus argumentos.
Perdão pela fé! Já pensou assim? A minha fé alicerçada na disposição de Deus em me perdoar; Deus quer me perdoar!
“Sabemos tudo isso pela experiência cristã. Todo cristão pode cantar em seu coração todos os dias a maravilhosa história do perdão de Deus por meio de sua obra redentora. Não é de admirar que os cristãos componham hinos. Eles têm um motivo para cantar. Não é de admirar que levem as boas novas por onde quer que andem. Também não é motivo de admiração que queiram viver para a glória de Deus e para o serviço às pessoas!
Saulo de Tarso tentou encontrar o caminho de Deus através da escada interminável das leis religiosas. Foi, mas não chegou; buscou, mas não encontrou. Finalmente “começou a ver a luz no caminho de Damasco e, a saber, que estava perdoado e era amado pelo Salvador.” (grifo meu)
É cedo pra afirmar que apreendi boa parte ou a parte mais importante da “Doutrina do Perdão dos Pecados”, o mal que me habita e o mal que há no mundo pouco precisam fazer pra que eu volte a olhar pro chão; enquanto a minha vontade de ser aceito por Deus, como sou e estou, for maior que a minha necessidade de ser perdoado por Ele, nada mudará.
No evangelho segundo São Lucas eu leio que Zaqueu se pôs numa condição de ser perdoado ao receber Jesus dentro da sua casa e submeter-se à presença transformadora de Jesus; foi perdoado.
Então, se Deus que é Bom se dispôs e me perdoou; eu, que não presto, preciso me perdoar, urgentemente.
(ex-interno do Centro de Recuperação de Mendigos – Missão Vida)
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