A MENTIRA DO NATAL

A MENTIRA DO NATAL

Como pode uma sociedade superar suas dificuldades, se esta é induzida a acreditar em coisas fantásticas como o do natal? O 25 de dezembro como dia do nascimento de Cristo foi uma invenção de um papa e hoje rende muitos lucros ao mercado, é a época em que as lojas mais vendem e por mais adulto que sja, vemos pessoas pendurarem nos apartamentos um boneco de gorro e roupas vermelhas pelas janelas dos seus apartamentos. A mítica figura do bom velhinho faz ainda a cabeça de crianças, jovens e velhos num país como o nosso, feito de consumidores inveterados que não pensam duas vezes antes de correr para uma loja e intopir o porta-malas de presentes caríssimos. Fora os comes e bebes, a hipocrisia se faz presente nesse dia e como um fantasma se camufla por trás dos sorrisos, abraços e felicitações. Cristo não nasceu em 25 de dezembro e nem estipulou a troca de presentes entre as pessoas, pelo contrário, se Cristo estivesse presente hoje entre os mortais, estaria com certeza contrariando o sistema de lucro em que até os ditos cristãos defendem em suas pregações. O natal é uma maneira de iludir, de enganar as pessoas e favorecer o comércio. O bom velhinho não aparece nas favelas nem nos becos, não vai aos faróis de transito nem visita a cracolândia, talvez por medo de ser roubado. Ele não desce pelas chaminés dos barracos das favelas. Não existem chaminés em barracos. Não existem chaminés para os garotos da cracolândia nem para quem dorme ao relento. Eles estão por toda parte e se espalham pelas ruas de São Paulo: Estação da Luz, Julio Prestes, Praça da Sé. Eles nadam nas fontes da Glória do Rio de Janeiro, enfim, estão por todos os lugares. Não tem papai Noel para eles. Eles não são cidadãos de nenhum país, não são heróis de nenhuma história e os bandidos que roubaram o direito deles estão impunes como o caso do Arruda em Brasília, Maluf em São Paulo e tantos outros. Quem são os meninos que jamais receberão a visita pela chaminé do bom velhinho? Eles são “Cidadãos de Papel” como diz Dimenstein, são uns “zé-ninguém” como se descrevia um mestiço ou mulato no passado colonial, o menino de rua é um misto de desigualdade, descaso político. É um ser miscigenado, mas não pelas raças, mas por fatores econômicos onde diversos elementos se juntam para formar esse “produto do sistema” que não é nem gente, nem índio, nem cidadão: é um indigente. É um ser sem raízes culturais definidas porque sua cultura é a da rua, não é índio porque não vive nas florestas, mas se torna indi-gente porque sofre com a violência de um outro tipo de selva: a selva de pedras e a selva capitalista. Esse ser miscigenado, sem origem nem raiz vive pelas ruas perambulando, mas o papai noel ao vê-lo passa de longe. Como diz a letra de uma música de natal abaixo, para estes Papai Noel não passa mesmo de um mito.

“Eu pensei que todo mundo

fosse filho de papai Noel

Bem assim felicidade eu pensei

que fosse uma brincadeira de papel

Já faz tempo que eu pedi

Mas o meu Papai Noel não vem

com certeza já morreu

ou então felicidade é brinquedo que não tem”.

O melhor presente para esses meninos não seria bolas nem outros tipos de brinquedos, mas uma distribuição justa de renda e da riqueza deste país. Moradia decente, emprego, escola, saúde e dignidade, esses são os presentes que essas crianças esperaram ganhar para suas famílias neste natal, e como isso não vai acontecer, enquanto existir capitalismo elas vão continuar sonhando com um natal que nunca chega e com um papai Noel que nuca aparece e nem cai pela chaminé. Embaixo do travesseiro de milhares de crianças não haverá presentes e nem embaixo da cama, porque elas dormem no chão, o seu cobertor, é um pano velho e o seu travesseiro é um pedaço de papelão dobrado. E como não têm cama..., onde papai Noel deixará o presente? Em lugar nenhum!

Simplesmente não tem presente...

O natal é balela, não existe.

Tudo mentira!

Mentira que o capital inventou, a religião se apropriou e os capitalistas adoraram divulgar.

Natal é puro comércio!