NECESSIDADE ALHEIA, SONHO MEU
Desde que me disseram que eu sei escrever, escrevi muita bobagem, umas melhores e outras piores. Mas, certamente foi para exercitar-me nessa arte.
Desde quando era criança, na roça, acompanhava as "brigas" dos que não tinham terra para plantar, no entanto, tinham que comer e dar de comer a quem deles dependiam. Acho que, desde aqueles tempos andou latente em mim a ideia de que deveria haver uma distribuição mais justa de terrras àqueles que queriam trabalhar. E essa ideia foi crescendo; foi madurecendo; foi se acumulando... e estava perto o dia em que seus frutos fossem visíveis.
Mais próximo desta era, escrevi alguns artigos, que foram para os jornais, certamente uma prevenção contra o esquecimento. Eu não poderia acovardar-me na realização deste meu sonho. E, foi assim que, em 2002, mais um artigo desses foi dado aos meus leitores, sobre aquele tão sonhado romance que hoje é realidade... e foi escolhido pela Academia Catarinense de Letras, o melhor romance do Estado, editado no período de 2007/2008. Para quem quiser adquirí-lo, é só fazer um depósito na conta – 99 014 0, para a agência 0321 2 do Banco do Brasil no valor de R$30,00 (trinta reais) e, pelo correio mandar-me o recibo de depósito e eu mandarei o livro. Não vão se arrepender dessa aquisição.
Aí vai:
NECESSIDADE ALHEIA, SONHO MEU
(outubro/2002)
Todos nós temos ideais que, carinhosamente, apelidamos de sonhos. São esses sonhos feitos de páginas do livro da vida que mais intimamente desejamos façam parte da nossa história curricular. Acariciamos pensamentos e acumulamos desejos em nossa bagagem de realizações, forçando acontecimentos, dando à razão formas plausíveis de que esses sonhos se façam realidade. Muitos deles são ideais românticos – como os chama a filosofia dos profissionais da política – irrealizáveis (...?...), enquanto feitos relevantes na ampla expectativa do povo, enquanto seres humanos comuns que deles dependem para escrever esse livro, para o que Deus lhes deu folhas em branco, devendo entregá-lo quando chamados. Uma grande parte desses empenhos é direcionada à melhoria da sua própria situação financeira individual, como vistas, porém, à sua responsabilidade de provedor da família.
Porém, alguns sonhos são de necessidade coletiva. E, quando esse sonho coletivo torna-se uma, como que necessidade nacional, como é o caso da reforma agrária, deixa de ser um desejo isolado de nós próprios individualmente, passando a ser um ideal coletivo da nação e, muito especificamente, dos trabalhadores rurais de ofício que evitaria o êxodo rural e, com isso, não deixaria acontecer descontinuidade dos trabalhos na agricultura, enquanto módulo familiar, na prática esperam – impotentes, inoperantes e revoltados – fazendo suas escaramuças e acampamentos reivindicando a realização consciente dessa distribuição de terras. Esses sonhos ou ideais são, na realidade, possíveis em sua realização prática, mas incorretos na acepção da vontade política dos governos a quem compete o comando e acompanhamento da efetivação e fiscalização dos trabalhos a serem levados a efeito nesse sentido nos módulos repassados.
Desde há muito eu trago comigo esse sonho. Perguntava-me por que, havendo tanta terra brasileira que não está sendo usada para produzir, não é esta terra repassada aos que não a tem e que são agricultores ou filhos de agricultores em idade de formar seu próprio núcleo familiar e, como tal, produtor dos seus próprios alimentos. Pensava eu que, com o trabalho na lavoura realmente levado a sério por todos – Governo e envolvidos na pequena agricultura – poderiam ser repassadas as sobras para os que não o produzem por se aterem a outros ramos de produção, uma vez que cresce ano a ano o número de bocas consumidoras. Terra devoluta haveria o suficiente para todos, não fosse a ação dos grileiros imorais e gananciosos (para não taxá-los somente criminosos). Nos tempos modernos em que o avanço da ciência identificou novos meios de envelhecer papéis, esses amigos do alheio usam para a finalidade de terem documentos antigos de posse de terras supostamente suas, os fornos de micro ondas. Pode?
... e é esse o tema do romance que tenciono escrever, tomando como temas a terra e os povos indígenas, concretizando as idéias que eu tinha e mantenho a respeito do assunto.
Fica o meu convite desde já aos amantes da boa leitura e, porque não, aos curiosos, para descobrirem que Afonso Martini teve também a audácia de dar à literatura brasileira sua contribuição com esse romance, que não sei ainda quando será escrito e nem qual será sua repercussão, visto ser a minha primeira aventura nesse campo.