Como desabrocha um talento?
Luiz Luna*
Já na década de 30 o escritor norte americano Napoleon Hill, autor do best seller Lei do Triunfo, apregoava que vivenciamos tempos de oportunidades, em que pese alguns só enxergarem crise. Porém, para que surjam convites para novos desafios, é preciso que algumas qualidades estejam presentes, a exemplo de talento e humildade. Foi assim com o humorista, hoje conhecido além Brasil, Shaolin.
Conheci Francisco Josenilton Veloso (nome de batismo) quando trabalhava no Jornal A PALAVRA, de propriedade do jornalista Marcos Marinho, na década de 90. Ele demonstrava intimidade ímpar com o humor, evidenciado por meio de charges que chamavam a atenção dos leitores e amigos. Sem contar que tudo e todos eram motivos para piadas. Quando seus interlocutores não eram ouvintes, figuravam como parte de seus contos. Isso chamou a atenção do jornalista e professor universitário Mica Guimarães, que não tardou em sugerir a montagem de um espetáculo teatral. Com o sucesso de público e de mídia, Shaolin galgou degraus que conhecemos. Ontem, ao vê-lo atuando na Rede Record, percebi o quanto ele superou-se e, cada vez mais, tem encontrado a maneira adequada de conquistar o público. Até uma comunidade foi criada em sua homenagem no Orkut.
Você acredita em destino? Acha que a história dos homens está escrita desde o nascimento? É possível traçarmos com precisão a trajetória da vida? Provavelmente, seja em momentos de reflexão, coincidência ou curiosidade, já divagamos em torno desses temas filosóficos. Lembro-me, na mesma época em que conheci o “homem do humor”, de uma conversa que presenciei entre dois amigos que debatiam sobre homens pré-destinados. Mesmo com uma vida sofrida, os de destino traçado entendiam essa como situação uma fase de aprendizado e posteriormente transformavam as adversidades em sucesso e realização. Sendo a pré-destinação uma verdade ou não, notamos que o ser humano nasce com dons que, bem aproveitados, podem conduzi-lo à realização de seus sonhos e, até mesmo, levá-lo a horizontes nunca delineados. Entre os fatos pitorescos que recordo daquela época, está o dia em que cheguei com um poema, acompanhado de uma foto, em homenagem a uma amiga, solicitando que Shaolin transpusesse os versos (“Como uma dança”) e a imagem para uma cartolina. Como todo trabalho artístico que ele produz, a “obra” ficou impecável, onde se podia apreciar a jovem dançando com o poema. Serviu como presente. Faz mais de sete anos que não tenho contato com o humorista, no entanto, trago boas recordações e apreço, principalmente do início de sua carreira, quando certa vez fui procurado por seu produtor, que trazia um convite e o pedido de comparecer ao Teatro Severino Cabral, em Campina Grande-PB, para prestigiar o amigo-artista.
Defendo a idéia de que somos artistas, se não dos palcos literais, mas do palco da vida. Uns têm o apoio da mídia e brilham sobre refletores, como é o caso de Shaolin, que não foi mais um Chico na vida. Outros, que aparentemente estão no anonimato, influenciam aqueles com quem convivem. E não importa em quais das situações você se encontre, a diferença está em fazer da melhor maneira que for possível. Quem sabe, como pregava São Tomáz de Aquino, se chegue ao impossível, sob a ótica humana.
* Jornalista e especialista em gestão de pessoas.