ECONOMIA MOVIDA A DIESEL

Uma grande empresa japonesa, a Mitsubishi, lançou neste mês de outubro sua linha de motores grandes em Manaus. Infelizmente ainda como revenda e não como fábrica. Motores a diesel, de 400 a 2.000 CV destinados a mover embarcações ou geradores de energia. São motores que movem importantes e até fundamentais setores da economia.

Em 1974 eu já conhecia o radio a pilha da Mitsubishi quando fui a primeira vez a São Paulo. Garoto deslumbrado com a cidade grande, reparei num letreiro luminoso que piscava no alto de um prédio onde podia ler: Banco Mitsubishi do Brasil. Fiquei intrigado e me questionando como uma fábrica de radinhos de pilha poderiam ter um banco. Era o começo da chegada dos grandes gigantes asiáticos ao nosso país.

O gerente da empresa importadora declarou que os motores Mitsubishi nasceram para serem marítimos e não foram adaptados de outras finalidades. Provavelmente foi uma estocada nas concorrentes Mercedes, Caterpillar e outras. A gigante Caterpillar que começou na produção de motores usando-os em tratores. A fila de espera do motor de 1.800 cavalos dessa marca demora dois anos. A Mercedes, a exemplo da Scania e Volvo, é conhecida por fabricar caminhões. Porém a concorrência fica mais para os revendedores, porque as fábricas vão muito bem, obrigado.

Na Amazônia, com seus milhares e milhares de quilômetros de hidrovias, usa-se desde os motores rabetinha com menos de um cavalo de força até máquinas impossíveis de serem transportadas em estradas, por seu peso. É o filão partilhado por motores Scania, Mercedes, MWM, Mitsubishi, Yanmar, Volvo, Cummins, Caterpillar, Wärtzila, Tobbatta, MAK para citar apenas os mais freqüentes.

A Mitsubishi quer estabelecer o diferencial porque seus motores têm cabeçote individual. Essa diferença permite que um único cilindro seja consertado sem necessidade de desmontar o motor todo. Pode significar alguns dias de economia e algum dinheiro a mais para o armador. Deve representar também uma boa economia em peças. Por falar em peças, ela coloca também como outro diferencial de se tratar de um motor mecânico. Isso significa que não usa sensores que podem parar a máquina e o rebocador num confim qualquer, obrigando o navegador a esperar a substituição e a nova configuração da peça eletrônica.

A humanidade está desvendando os segredos da informática com as visíveis vantagens em velocidade de informações, pesquisas e troca de experiência com o mundo todo, num tempo inimaginável há algumas décadas. Contudo, a mecânica, embora tenha evoluído, continua em sua base como a mais de cem anos. Os motores continuam sendo robustos, embora as ligas tenham permitido uma pequena diminuição do peso final.

Parece paradoxal que na Amazônia, com tanta energia solar inaproveitada, ainda tenha que ser movida por combustíveis fósseis. Embora a preocupação com a emissão de poluentes esteja presente e, por isso, proporcionalmente o ambiente sofra menos agressões, ainda persiste um desafio gigante que é o de aproveitamento de outras fontes de energia natural.

Como muito bem foi dito na apresentação destes motores: “De nada adianta tanta tecnologia se à frente dela não estiver o ser humano.” A preocupação com o bem estar do homem não está desatrelada do bem estar da natureza como um todo.

Luiz Lauschner
Enviado por Luiz Lauschner em 25/10/2009
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