Muito se fala em ética...
Luiz Luna*
Mas a prática tem deixado a desejar. Pode não passar de folclore, mas a verdade é que este exemplo deixa-nos uma reflexão. Conta-se, nos meios acadêmicos, que um poderoso dono de uma cadeia de comunicação ostentava em uma das paredes de sua sala, um quadro vistoso com o letreiro: “Minha ética é o faturamento”. Qual é a sua ética? Até onde o materialismo influencia a atitude?
O conceito vem notabilizando-se desde o início dos tempos e hoje, mais do que nunca, tem sido fruto de calorosos debates, em diversas áreas. Medicina, Política e Direito são algumas delas. E foi justamente por conta dessa última ciência que matutei durante dias, principalmente por ser principiante nos estudos da área e por fazer parte dos milhares de brasileiros indignados com os profissionais envolvidos com escândalos. São “mensalões”, homicídios ou “adesão” a entidades criminosas com as mais diversas denominações. Ainda bem que existem muitos defensores e praticantes de condutas aprovadas socialmente. Isso por princípio, solidariedade e consciência de se fazer o melhor, independentemente de cobrança ou fiscalização. Fico feliz em observar que a preocupação com a expansão e aplicabilidade da ética alcançou o ensino superior, não apenas na grade curricular, mas na vontade dos docentes em demonstrarem sensibilidade com o estudo desse tema fascinante.
Um professor visualizou que seus aprendizes tirariam proveito de uma aula prática, em ambiente mais atrativo do que o costumeiro. Surgiu, dessa dedicação, o convite para assistir uma palestra-aula do então presidente em exercício da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional Paraíba, com sede na Capital, José Ricardo Porto. O auditório estava cheio e atento. De aparência serena, um equilíbrio comum às pessoas que demonstram paz de espírito e satisfação com o dever cumprido, ele versou sobre a conduta ilibada que deve desenvolver o profissional do Direito. Essa consciência começa no período de estudo e norteia o profissional que deseja se firmar no mercado de trabalho: competitivo e cheio de condutas reprováveis. Sempre existem espaços para aqueles que dão importância ao aprimoramento e a preocupação com seu semelhante. O palestrante fez mais do que mostrar e exemplificar o que é ética, incitou os alunos a ocuparem a tribuna e expressarem sua opinião sobre o assunto. Nada mais salutar! Principalmente para que possamos efetivamente nos amoldar aos tempos da democracia e da livre expressão.
Falar de ética não é coisa fácil, principalmente porque estamos diante de tempos confusos, onde os bons valores muitas vezes são invertidos ou desprezados. A organização e conduta daqueles que fazem parte das instituições (notadamente nos três poderes) freqüentemente são questionadas, por conta dos interesses pessoais e da falta de cumprimento dos dispositivos legais. Daí o motivo de regozijo diante das sábias e experientes palavras do advogado acerca do conjunto de regras ideais para o exercício profissional.
Embora haja centralização da ética no campo profissional, não podemos deixar de questionar sua existência em outras instâncias da vida. Então, que aprendamos a ter um comportamento responsável diante da família, dos amigos e de todos os semelhantes. Afinal de contas, o Criador nos ensina a “fazer o bem sem olhar a quem”.
* Jornalista e especialista em gestão de pessoas.