A VELHICE

A VELHICE

A velhice traz consigo a serenidade característica. Porém, também, suas perdas, temores e solidão. Especialmente se não houver uma preparação para recebê-la. A rotina da juventude faz com que esqueçamos que o tempo corre rapidamente, e de repente percebemos que o nosso corpo já não é mais portador das diversas habilidades das quais necessitamos em nosso dia a dia. À medida que envelhecemos passamos a nos apoiar nos recursos interiores que possuímos, substituindo as perdas exteriores que sofremos. Sentimos o nosso corpo mais debilitado, passamos a não mais nos envolver com as coisas do mundo exterior, mesmo que permaneça nosso interesse pelos acontecimentos. Começamos a nos preocupar mais com as recordações de nossa juventude, e logo vêm às cobranças do pensamento, a nítida certeza de um tempo perdido que não voltará jamais.

Esta é uma fase de nossa vida da qual teremos que projetar uma prévia preparação espiritual para enfrentarmo-nos, buscando em Deus, os recursos necessários, para nossa espiritualidade. Temos que conscientizarmos que a seqüência nas perdas que teremos é inevitável, e será necessária muita fé para suportá-las com prudência, não nos deixando abater pela tristeza. Nossas aspirações são todas conhecidas por nosso pai celestial, e não devemos decepcioná-lo com atitudes indesejáveis.

A solidão e o isolamento excessivo são uma passagem que conduz a depressão. Este é um vazio criado pela precipitação de muitas pessoas que buscam em caminhos errados uma substituição por algo perdido. Não irá jamais encontrá-lo. Certamente, a saída seria a criatividade, a busca de um Deus verdadeiro e inspirador, que nos ajudasse a encontrar na alegria de viver a auto-estima. Todo ser humano deve estar sempre em busca de si próprio, e seguro pela mão de Deus.

Muitas pessoas descobrem que, com ele, e o tempo, tornam-se capazes aliviando seu tormento, e encontram a alegria de viver. Em primeiro lugar temos que compreender que é impossível desejar demais nesta vida. Que todas as aspirações são de conhecimento do nosso pai celestial, e ele está sempre nos proporcionando novas oportunidades em diferentes áreas de realizações pessoais, desde que estejamos aptos e preparados para recebê-las. Não podemos deixar nos abater pelo desanimo tão pouco pela melancolia, impossibilitando-nos em criar forma capaz de manter o brilho de nossa existência, à medida que vivemos nosso rotineiro dia a dia.

Ao desempenhar nossas tarefas rotineiras, estamos preenchendo o vazio que a desocupação nos causa, e ao mesmo tempo, mantendo ocupada a nossa mente. Nada melhor que o trabalho para afastar o fantasma da inutilidade que nos assombra, chegando ao extremo de paralisar nossa capacidade de agir, a ponto de extinguir a nossa própria existência.

Atualmente em nossa sociedade, é tão grande a confusão, que corremos constantemente o risco de perder nosso saudável e protetor senso de culpa. “Tudo é permitido” com este novo padrão de comportamento, apelidado de modernidade.

Criados com princípios e valores morais, arraigado em nosso íntimo. Tornamo-nos espectadores de uma transição de comportamentos, de uma sociedade dotada de hábitos contraditórios aos valores morais enraizados nos princípios rígidos que nos foram passados de quando, à Formação de nossa personalidade. Esta é realmente uma situação criadora de dificuldades para que possamos administrar nossa convivência a esta nova realidade, adaptando-a de forma saudável a nossa inevitável velhice.

Para a juventude da atualidade, os obstáculos serão mais acentuados e mais amenos, porque estão vivenciando uma realidade social mais realista, criadora de atitudes, com novos conceitos de comportamentos, e de acordo com o avanço tecnológico, terão com certeza maiores oportunidades de transpor a barreira da solidão que sempre foi o prato do dia para o idoso.

Quanto a nós, que enfrentamos esta transição de compotamentos morais acompanhada de uma globalização técnica, Resta-nos a capacidade na formação de grupos aproveitando o pouco que nos resta a usufruir, para que juntos possamos criar formas alternativas e com elas mínimas nossas limitações, embora tardias. Digo tardias porque são métodos novos que surgiram por uma necessidade real vivenciada por cada um de nós.

(A velhice não é uma doença, mas sim, uma realidade cuja trajetória se inicia no exato momento que se abre os olhos, após vir à luz...)

Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 14/09/2009
Código do texto: T1810493
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