O PODER DAS NOVELAS
É muito comum a gente ouvir ou ler opiniões de pessoas que, com bastante sensatez, condenam o conteúdo apelativo com que são produzidas as novelas brasileiras, principalmente aquelas exibidas nos chamados horários nobres. Tudo é feito pensando-se apenas nos índices de audiência ou, em outras palavras, no crescimento do lucro, sem a preocupação com a qualidade da mensagem que está sendo repassada para os milhões de espectadores por este País afora, dentre eles um grande número de crianças que ainda não adquiriram a maturidade suficiente para discernir entre o certo e o errado, a ficção e a realidade, o bem e o mal.
Ao se depararem com esse tipo de crítica, os produtores desses folhetins geralmente se defendem afirmando estarem apenas retratando uma realidade que já existe à nossa volta e que as cenas exibidas, onde fazem verdadeira apologia ao crime, ao homossexualismo, à prostituição, à traição conjugal, etc., servem para estimular o debate na sociedade sobre esses temas.
Esquecem esses profissionais uma velha máxima tantas vezes recorrida por esles mesmos: “A propaganda é a alma do negócio”, ou seja, quanto mais algo de bom ou de ruim é mostrado, é divulgado, é propagado, mais interesse vai sendo despertado e, com isso, mais e mais adeptos e seguidores vão se formando. Se é assim no mundo dos negócios, por que deveria ser diferente em outros segmentos?
Diante desses fatos, cabem os seguintes questionamentos: Por que será que esses poderosos veículos de comunicação em vez de mostrar cenas que atentam contra o pudor, a moral e os bons costumes, não inserem em suas tramas o amor conjugal, a confraternização familiar, a relação mútua de respeito entre pais e filhos, a proteção e o carinho às crianças e aos idosos, a oração e a devoção a Deus? Será que isso também não é uma realidade existente à nossa volta ou acham que já conseguiram dizimar todas essas práticas? Por que não mostrar e aprofundar o debate sobre as coisas que traduzem o bem e, certamente, nos conduzirão a uma vida mais humana e mais feliz?
Não faz muito tempo que o dia parecia ter longas 24 horas e sobrava tempo para as famílias se reunirem num bate-papo agradável, descontraído e amigável, estreitando os laços de amor, cumplicidade e amizade, ao contrário de hoje que falta tempo pra tudo, a ponto de se ter que fazer as refeições em frente a “telinha”, pois mal dá tempo de assistir a novela das seis, das sete e das oito horas da noite, afora as reprises “imperdíveis” do horário vespertino. Coincidência ou não, aquele era um tempo de paz, com uma estrutura familiar sólida, com baixos índices de criminalidade e ainda não se ouvia falar nos menores infratores.
Não dá para afirmar que a televisão é a única culpada pela piora dessa realidade, até porque deve-se enaltecer o seu lado positivo com relação à informação e ao entretenimento que são levados aos mais distantes rincões deste País, porém pode-se inferir que o seu poder de alcance é capaz de transformar o comportamento das pessoas para o bem ou para o mal, dependendo do enfoque que for dado na sua programação.