O FIM DAS SACOLAS PLÁSTICAS: O SACO É UM SACO!

Diante da crise ecológica que enfrentamos, a prática do consumo consciente deve ser a regra, a procedência dos produtos deve sempre ser investigada e o seu pós-uso adequado. No obstante, a utilização indiscriminada das sacolas plásticas contraria todo esse processo, também gera impactos socioambientais e, ainda, ultrapassa a eficiência das diretrizes da educação ambiental, tal como é difundida atualmente.

A vida útil delas, para nós, se resume na embalagem e no transporte dos produtos que consumimos até as nossas casas, após o que, inadvertidamente, ignoramos os processos ambientais envolvidos daí por diante. Elas não são biodegradáveis e permanecem séculos comprometendo o equilíbrio do ecossistema, contudo as sacolas plásticas acompanham os hábitos da nossa sociedade de consumo e é exatamente a nossa passividade ao recebê-las e descartá-las junto ao lixo doméstico que deve ser contestada.

Como gerenciar as conseqüências da produção e do consumo de aproximadamente 12 bilhões anuais de sacolas plásticas, em que pese o seu descarte, no mais das vezes, ocorrer como recipiente para o lixo doméstico, então coletado pelo Serviço de Limpeza Urbana e depositado em aterros sanitários? Coletar e substituir as sacolas ou sacos plásticos, compostos por polietilenos, polipropilenos e/ou similares por outras de material reutilizável? Promover a coleta seletiva do lixo e investir em reciclagem?

Em atenção a estas questões, a nova campanha “Saco é um saco” promovida pelo Ministério do Meio Ambiente pretende mobilizar a população para reduzir o consumo de sacolas plásticas e promover a Cidadania Ambiental. O ministro Carlos Minc, em entrevista ao Site do Instituto Akatu, definiu os objetivos da campanha, cujo slogan é “Saco é um saco, para você, para a cidade, para o planeta e para o futuro”, nos seguintes apontamentos:

“A idéia é ajudar o indivíduo, que pega inocentemente a sacolinha — ali tão fácil, tão à vontade — a fazer uma conta que ele não faz. A sacola não é de graça. Quando descartada, gera um custo alto para a população, para o poder público e para o meio ambiente. Cada sacolinha que nós descartamos tem uma pegada ecológica oculta, tem uma conta socioambiental que não está na cabeça do consumidor.”

Segundo Minc, a campanha pretende, na prática, reduzir o consumo de sacolas plásticas, com pesquisas e números acompanhar essa redução, além de buscar o engajamento de parcerias com a iniciativa privada às demandas da campanha. O ministro idealiza também que a partir desta redução, tranquilamente as eliminará do consumo popular num futuro próximo.

Contudo, a análise das questões socioambientais do país, destaca que as políticas governamentais são muito demoradas, burocráticas e, no mais das vezes, ineficientes, o que põe em cheque esta nova Campanha brasileira. Como conseqüência disto, surgem as empresas não-estatais e não-mercantis, tais como as Organizações Não Governamentais (ONG´s) e as Associações Voluntárias e Assistencialistas, partindo de valores como a solidariedade local, a auto-ajuda e a ajuda mútua. Já as empresas-cidadãs são o mais novo agente de promoção do bem-estar social, seja utilizando as ferramentas do Marketing Social ou Ambiental, tanto quanto se adequando às diretrizes da Responsabilidade Social.

Em suma, temos um Estado, agora, menos atuante, mas investindo em parceiras com as Empresas-Cidadãs e com as ONG´s mobilizadas em ações sociais, facultando a ele, pois, fiscalizá-las. Os efeitos dessas parcerias, traduzidos na busca de soluções para os problemas sociais, complementam as políticas estatais já existentes nessa área, o que, além de almejar o bem comum, promove o exercício da Responsabilidade Social em todos os segmentos da sociedade.

Já o saudoso comediante e ator George Carlin, na esquete “Save the Planet”, trata as questões ambientais sarcasticamente. Além de criticar a postura dos ecochatos, Carlin aborda em seu discurso as preocupações das pessoas neste momento de crise ecológica, ironizando-as, porém deixando transparecer que nós não podemos causar mal nenhum, a não ser a nós mesmos. Para ilustrar, cito o seguinte trecho da esquete, onde somos todos ridicularizados:

“E se é verdade que o plástico não é degradável, bem, o planeta vai simplesmente incorporar o plástico em um novo paradigma: A terra + plástico. A terra não compartilha nosso preconceito sobre o plástico. O plástico saiu da terra. A terra provavelmente só vê o plástico como mais um de seus filhos. Pode ser a única razão pela qual a terra nos deixou sermos gerados a partir dela. Ela queria plástico para ela, não sabia como fazer, precisava de nós. Pode ser a resposta daquela eterna pergunta filosófica: Por que estamos aqui? PLÁSTICOS, IDIOTAS... Então o plástico está aqui, nosso trabalho acabou, podemos ser eliminados agora. Eu acho que isso já começou, não acham?”

Também com a temática das questões socioambientais, a banda paulistana Titãs acaba de lançar o seu 16º disco, intitulado “Sacos Plásticos”, onde encontramos refrões como “Quem vai salvar o mundo de você? Quem vai salvar você do mundo?”, além de uma canção homônima, cuja letra diz:

Eu quero ser

Um desses sacos plásticos

Que você traz do supermercado

Eu posso ser

Um desses automóveis

Nesse trânsito congestionado

Me deixa ser seu lixo

Seus dejetos, qualquer desses objetos

Sem utilidade

Que você vai levar

Pela eternidade

G Matos
Enviado por G Matos em 21/07/2009
Reeditado em 21/07/2009
Código do texto: T1711957
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