POLÍTICA E FELICIDADE

Para Aristóteles, a política é a ciência que tem por princípio a felicidade humana, tanto no seu aspecto individual quanto no coletivo. Infelizmente, muitos políticos brasileiros não rezam na cartilha aristotélica. Pior que isso, usam a atividade para promover a infelicidade de seu povo.

Desde 2005, a Controladoria Geral da União realizou auditoria em 660 municípios com menos de 500 mil habitantes. Em 195 cidades, foi identificada pelo menos uma irregularidade grave ou indício de corrupção, principalmente direcionamento de licitação ou restrição à competitividade, não comprovação de gastos e de saques e uso de notas fiscais frias.

A estatística mostra que muitos prefeitos brasileiros concordam com Aristóteles. Em parte, pelo menos. Especialmente na parte que diz respeito a fazer a felicidade de sua família, grupos e apadrinhados políticos.

O lado mais cínico da questão é que 30% dos brasileiros, de acordo com o livro “A cabeça do brasileiro”, do sociólogo Alberto Carlos Almeida, aceitam com naturalidade que os políticos se apropriem de bens públicos. De acordo com a pesquisa, para 3 em cada 10 brasileiros, se um funcionário público receber um presente de uma empresa e depois ajuda-la a ganhar um contrato do governo é um favor. Não se aplica, no caso, a desgastada palavra corrupção.

Do mesmo modo, 17% dos brasileiros concordam que alguém eleito para um cargo público possa usá-lo em benefício próprio, como se fosse sua propriedade.

Não é de se espantar que muitos prefeitos tiveram que arrombar prefeituras para tomar posse no dia 1º de janeiro. Outros tiveram que encomendar nova cadeira de prefeito já que os antecessores a transformaram em poltrona para TV em suas casas.

Aristóteles ficaria perplexo se visse a forma como muitos políticos brasileiros interpretam o conceito de promover felicidade.

Anderson Alcântara
Enviado por Anderson Alcântara em 12/07/2009
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