O leitor que temos e o leitor que queremos
Ser leitor é estar num lugar privilegiado, no qual podemos escolher o autor que queremos ler, o estilo literário que mais apreciamos, apenas Best Seller, o que nos cair às mãos, ou simplesmente não ler, ou fingir que lê.
Já ser escritor a nossa única opção é o que escrever de acordo com estilo que cada um decide seguir. Não podemos escolher os nossos leitores, quiçá os comentários que recebemos.
Temos que arriscar sermos entendidos tanto no sentido literal do texto produzido, quanto da alma dele. Sim, pois nem todo texto é só corpo, só uma reunião de palavras unidas de forma a dar sentido a um período que traz uma informação explícita.
Às vezes, um texto tem alma, o que nas histórias infantis chamamos de “moral da história”. Vejamos, por exemplo, na história da Branca de Neve. Será que o autor queria apenas descrever o despertar de um amor? Desta história, o leitor pode retirar uma série de reflexões: como a inter-relação entre pessoas com diferentes características e personalidades (os anões), o não aceitar coisas de estranhos (no caso da Branca de Neve que aceitou uma maçã de uma desconhecida), a questão da ditadura da beleza ( a madrasta a todo momento perguntar ao espelho quem é a mais bela), e outras tantas situações.
Assim podemos destacar três tipos principais de leitor: o reflexivo, o entusiasta e de conveniência.
O reflexivo é aquele que reflete sobre o texto, busca além de seu corpo, busca entender a mente do texto, o que anteriormente citamos quanto às histórias infantis.
O leitor entusiasta é aquele que lê para cumprir um regra social do meio que vive, pra se dizer informado, ou conhecedor de determinado assunto, geralmente são aqueles que aplaudem o texto, sem a mínima reflexão do mesmo.
Já o leitor de conveniência é parecido com o entusiasta, com um diferencial, ele tende a ler apenas para reproduzir o conhecimento sem a menor crítica da leitura, numa busca, talvez, de se transformar influente em determinado assunto. Isto leva a crer que ele seja realmente um conhecedor de determinada área ou assunto, quando na verdade é mero reprodutor do que leu.
Assim chegamos aos comentários que recebemos muitas vezes vazios, sem que tenham chegado à alma/ mente do texto, para alguns autores este comportamento é excelente, pois o motiva a escrever mais e mais acreditando ser entendido. Para outros, é desalentador, pois fica o sentimento de estar escrevendo para ninguém.
No entanto, escrever para ninguém não é desestimulador, pois toda regra tem exceção, e numa dessas junções corpo e mente textual podemos encontrar um leitor reflexivo.