A onça e os carneiros...
Foi no primeiro trimestre de 1978. Meus pais tinham uma propriedade agrícola no município de Tanabi/SP, próxima a Ibiporanga/SP chamado de “Barra Mansa”. Como os filhos, em maior parte, já tinham vindo para Frutal resolveram vender a propriedade lá e vir para cá. Eu já morava aqui desde 1967 e cuidava de administrar uma empresa de auto peças, razão de os irmãos terem vindo para Frutal para trabalhar comigo.
Venderam a propriedade de lá e compraram outra aqui no município de Frutal/MG, no local chamado “Bananal”. O nome bananal é devido ao córrego que passa pelas propriedades. Todas as fazendas desta região têm no registro de imóveis a denominação “Fazenda São Bento da Ressaca”. Aqui fugiu do costume dos mesmos que lá em Tanabi eram 90% das atividades a cafeicultura. Passaram a cuidar do gado, tirar leite e algumas atividades de lavoura. Meu pai resolveu fazer experiência plantando três mil pés de café na melhor parte das terras, porem não deu certo devido à terra ser muito arenosa e ficaria muito caro o custeio com adubos, já que no estado de São Paulo não usavam adubo por serem terras próprias para cultura.
Os irmãos Antonio e Renato resolveram criar carneiros e, quando já tinham uma boa quantidade, começaram aparecer umas onças e comê-los. Ela vinha sorrateira, pegava o carneiro, comia parte e o restante enterrava debaixo de árvores, no brejo ao fundo da sede da fazenda.
Foi quando resolveram: "Vamos pegar esta danada". Prepararam uns cartuchos de espingarda, bastante pólvora, chumbo e ficaram à espreita dos felinos, lá pelas onze horas da noite. Pela madrugada, lá vem a onça faminta para comer o resto do carneiro. Os dois em cima da árvore nem acreditaram no que estavam vendo. "É agora, onça danada". Porém, apavorados, deixaram cair os dois cartuchos que tinham. E agora eles em cima da árvore e a onça em baixo sem querer ir embora. Depois de muitas horas e o dia já amanhecendo, o felino foi embora e eles trataram de descer, desolados para tirar o leite, cuidar dos demais afazeres e a onça, certamente, foi dormir.
José Pedroso