O menino e as formigas !
O menino e as formigas!
A minha mãe Isabel costumava contar certa história da qual eu mesmo tinha certo ceticismo, mas que hoje trilhando mais os caminhos da fé vivencio este fato mais na realidade.
Em 1947 morávamos no município de Cosmorama/SP onde meu pai se dedicava a plantar arroz, feijão, milho e algodão.
O arroz e feijão para subsistência da família que até sobrava para anos posteriores, o milho para tratar das aves e porcos de consumo e venda e o algodão era para fazer poupança na Casa Bancária Banco Brasileiro, antigo nome do Bradesco, sendo que a caderneta de poupança era manuscrita pelos funcionários.
Trabalhavam em terra arrendada, em que o provento das colheitas em uma porcentagem era pago ao proprietário da fazenda como forma de renda. Tudo era feito manualmente, começando pela roçada da área na quantidade certa para o plantio, procedia-se a proteção à volta do roçado e ao secar era colocado fogo e plantava em meio às cinzas.
Durante vários anos procedia-se a plantação e a colheita era certa, não usando adubo. Era comum minha mãe, além de fazer todos os trabalhos da casa, também ajudar meu pai na lavoura desde o preparo do solo até a colheita.
Nós filhos, já éramos três e minha mãe acostumava levar junto, nos alojando em pequenas tendas em sombras de árvores próximas do trabalho. Certo dia, ela observou que eu fazia uma movimentação diferente, apresentando certa inquietude, improvisando uma vassoura com arbustos, varria as formigas que tentavam invadir nossa cabana e picar os irmãos menores.
Eu provavelmente estava com quatro ou cinco anos, não sei se por intuição própria, ou quem sabe, até uma instrução que fizera a minha mãe. Ela veio correndo e mudamos a cabana para outro lugar para ficamos em paz.
Meus pais sempre sonhavam em adquirir terras próprias para o plantio e para isso sempre trabalhavam de sol a sol, os anos correram sempre plantando, colhendo, doando, recebendo e os sonhos foram concretizados, até maiores do que o esperado. A família também cresceu para treze filhos e desde 1964 já trabalhavam em terras próprias.
José Pedroso
Já publicado em jornais.