O menino e o cachorro Fiel
O Menino e o Cachorro Fiel !
No ano de 1948 eu e minha família morávamos em uma fazenda a mais ou menos 5 km da cidade de Cosmorama/SP. Éra uma família de cinco pessoas, sendo meus pais, eu com cinco anos e dois irmãos, uma com três anos e outro com menos de um ano. Lembro que, para ir à cidade, se margeava a estrada de ferro, naquela época a Alta Araraquarense. Os familiares de minha mãe moravam ali por perto, e os do meu pai quase todos próximos a Barretos/SP.
Sempre acontecia a visita de um sobrinho do meu pai, o João Rodrigues dos Santos e sua esposa Durvalina (Dudu), ou melhor, ela que era sobrinha, filha do irmão primogênito da família por nome de Guilhermino, o Moço. Eles eram padrinhos do meu irmão mais novo, Claudhemiro. O casal sempre nos visitava e insistia com meu pai para que mudasse para Barretos, sempre salientando que a região ainda estava próspera. E esse assunto descontentava os familiares da minha mãe, que por sua vez, queria que ficássemos próximo a eles. Meu pai não se adaptava bem com os familiares de minha mãe e por isso se interessou bastante em mudar para Barretos e minha mãe, para não descontentá-lo, aderiu à idéia. Preparo para mudança, aluguel de caminhão, venda de alguns produtos de colheita e, enfim, providenciou-se a mudança.
Preparando as galinhas em engradados de madeira, os porcos iriam na parte final da carroçaria cercados por caixotes de tábuas, o cachorro fiel em cima do milho em palha. Para a mudança em si e demais utensílios, foi conseguido um caminhão Ford 1946.
Após tudo estar acomodado, minhas tias Teresa, Antonia, Joana, Maria e Cleita e avó Anna estavam por ali ajudando quando foi a hora da despedida. Minha tia Tereza, a mais velha das cinco irmãs da minha mãe, cruzou os braços à frente do caminhão chorando e tentando impedir a partida. Neste ínterim, foi convencida pelo meu pai a desistir e deixar a sequência da nossa aventura para o novo eldorado que era Barretos/SP e que ficasse tranquila que, tão logo as coisas melhorassem, voltaríamos.
Na cabine o motorista, minha mãe com dois meninos, um no colo e eu. O meu pai em cima da mudança e também o meu cachorro de estimação chamado Fiel. O caminhão dava muitos solavancos e vazava muita gasolina, provocando um forte cheiro na cabine que fez com que eu vomitasse por toda a viagem.
A distância era de mais ou menos de 150km de terra. No prosseguir da viagem, próximo a Olímpia/SP, meu pai descuidou do cachorro que pulou ficando pela estrada. Descarregada a mudança, após algumas horas, é que notei a falta do Fiel, chegando a chorar muitas vezes e pedir para ir buscá-lo. Anos se passaram, a família aumentou, chegando a treze irmãos. Em 1964 voltou para Tanabi/SP, muito próximo a Cosmorama, já em propriedade própria, o grande sonho dos meus pais e, fruto do trabalho em plantação de algodão, arroz, milho e café em Barretos/SP. Eu fiquei trabalhando e estudando em Barretos/SP e, posteriormente, mudei para Frutal/MG em 1967. Os anos se passaram e por volta de 1976 a família vendeu a propriedade de Tanabi/SP e comprou outra aqui em Frutal/MG, no local chamado de Bananal, reunindo toda a família novamente, desta feita em Frutal, a cidade maravilha!
José Pedroso