Abolição dos escrevos - Navio Negreiro - A Carta de Joaquim Nabuco - As camélias brancas nas lapelas, qual o significado no contexto abolicionista ? Um detalhe que não se encontra em livros .

"Ah, belo unidos em segredo.

Juntos, bem juntos

tremendo de medo" (Castro Alves)

Já , por volta de 1860 , seguindo as agitações políticas que agitavam o Brasil , a poesia romãntica ganha novos horizontes a incorporar temas sociais . Os oradores com aquele vigor empolgante , impressionavam os ouvintes nos teatros , ou nas praças públicas. Assim , a poesia deixa de ser apenas um lamento sentimental , murmurado em voz baixa , para ser também um grito de protesto político ou reivindicação social . Já estava pelas ruas a campanha pela LIBERTAÇÃO DOS ESCRAVOS e o poeta , mais do que nunca procura ser o porta-voz do seu povo e o seu canto a luz da liberdade. CASTRO ALVES foi o mais importante desse período .

Antonio de Castro Alves , nasceu em 1847 , sec. 19 e faleceu em 1871, na Bahia. Ele foi o último poeta do Romantismo , vindo logo atrás de Gonçalves Dias , o Indianista e os exageros sentimentais do Ultra Romantismo . A Poesia Abolicionista é a sus melhor realização nessa linha SOCIAL . Assim , nasceu o :

NAVIO NEGUREIRO

Navio Negreiro ( veja bem , não é O navio Negreiro ) é um dos poemas mais famosos de Castro Alves . Tem por tema a desumanidade do tráfico de escravos , violentamente denunciada pelo poeta . O poema é longo , bem longo . Contém 6 partes . Vou tentar colocar, aqui , o cápítulo V , que é a parte em que o poeta destaca a crueldade de que são vítimas os africanos , em contraste com a vida fekiz que levavam em sua terra natal. Eis...

Senhor Deus dos desgraçados!

Dizei-me vós, Senhor Deus!

Se é loucura ...se é verdade

Tanto horror perante os céus...

Ó mar ! por que não apagas

Co'a esponja de tuas vagas

De teu manto este borrão ?...

Astros! noite! tempestades!

Rolai das imensidades!

Varrei os mares , tufão!

Quem são estes desgraçadoa,

Que não encontram em vós,

mais que o rir calmo da turba

Que excita a fúria do algoz?

Quem são?...Se a estrela se cala ,

Se a vaga à pressa resvala

Como um cúmplice fugaz

Perante a noite confusa ...

Dize-me ó tu severa musa !

Musa libérrima , audaz!...

São os filhos do deserto

Onde a terra esposa aluz.

Onde voa em campo aberto

A tribo dos homens nus...

Sçao os guerreiros ousados,

Que com os tigres mosqueados

Combatem na solidão...

Homens simples , fortes, bravos...

Hoje míseros escravos

Sem ar, sem luz, sem razão...

São mulheres desgraçadas

Como Agar o foi também,

Que sedentas, alquebradas,

De longe...bem longe vêm...

Trazendo com tíbios passos,

Fihos e algemas nos braços,

N'alma _ lágrimas e fel.

Como Agar sofrendo tanto

Que nem o leite do pranto

Têm que dar para Ismael...

Lá nas areias infindas,

Das palmeiras no país,

Nasceram _ crianças lindas.

Vieram _ moças gentís...

Passa um dia a caravana

Quando a virgem na cabana

Cisma da noite nos véus...

...Adeus! ó choça do monte...

...Adeua! palmeiras da fonte!...

...Adeus! amores...adeus!...

Depois o areal extenso...

Depois o oceano de pó...

Depoisno horizonte imenso

Desertos...desertos só...

E a fome, o cansaço, a sede...

Ai ! quanto infeliz que cede

E cai p'ra não mais s'erguer!...

Vaga um lugar na cadeia,

Mas o chacal sobre a areia

Acha um corpo que roer.

Ontem a Serra-Leoa,

A guerra, a caça ao leão,

O sono dormido à toa

Sobre as tendas d'amplidão...

Hoje...o porão negro, fundo.

Infecto , apertado, imundo,

Tendo a peste por jaguar...

E o sono sempre cortado

Pelo arranco de um finado,

E o baque de um corpo ao mar...

Ontem plena liberdade,

A vontade por poder...

Hoje...cum'lo de maldade

Nem são livres p'ra norrer...

Prende-os a mesma corrente

- Férrea , lúgubre serpente _

Nas roscas da escravidão.

E assim roubados á morte,

Dança á lúgubre corte

Ao som do açoite...Irrisão...

Senhor Deus dos desgraçados !

Dizei-me vós, Senhor Deus!

Se eu deliro ...ou se é verdade

Tanto horror .... ( e continua como na primeira estrofe com uma só palavra diferente . Na primeira ele escreve se é LOUCURA e nesta aqui, ele escreve ... se éu DELIRO e não usa o ou da primeira ...

Tem mais 5 partes o poema , mas fico nesta , pois é aqui a sua maior indignação se encontra . Veja que na primeira parte ele usa UMA METÁFORA para referir ao navio . E Clama para elementos da Natureza , para que eliminem o navio negreiro . Pensem, qual a metáfora que ele usou.... ( deixo pra você leitor descobrir a metáfora .... rsrsrs ) . Ele também usa APÓSTROFOS e inclusive , a linguagem mais popular quando ura p'ra , em lugar de "para" .

SIGNIFICAÇÂO de AGAR = é uma personagen bíblica, concubina (amante) de Abraão e mãe de Ismael . Foi repudiada e expulsa por SATA , a mulher legítima de Abraão.

IRRISÃO = zombaria

TURBA = multidão

Lúgubre = fúnebre

ALGOZ = carrasco , aquele que mata ou maltrata sem piedade.

FUGAZ = o que é passageiro , efêmero.

A ABOLIçÂO

A Abolição dos escravos , aconteceu no Segundo Reinado . Antes disso , em 1850 , houve a extinção do ´TRÁFICO NEGREIRO , pela Lei chamada Eusébio de Queiroz . o que causou muitos problemas dos grandes proprietários ESCRAVISTAS , que passaram a ter necessidade de mão-de-obra em suas lavouras . Ficaram apavorados e ... que vamos fazer sem os negros escravos???

( continua , no próximo texto , que o farei , já já ... acompanhe...) + a CARTA linda de Nabuco e As Camélias ... o que significavam para os abolicionistas ? No próximo texto... )

Kalena

kalena
Enviado por kalena em 11/05/2009
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