Vítimas da Violência
Luiz Luna*
Um astronauta brasileiro no espaço. A Petrobrás conquista auto-suficiência petrolífera. A dívida externa deixou de ser um assombro e o país decreta sua independência em relação ao FMI. A inflação parece estabilizada e os mais ferrenhos escândalos não perturbaram de forma significativa a economia. Realmente, uma demonstração de avanço. Como dizem os otimistas, passos para o primeiro mundo.
Em contrapartida, nove anos da morte do índio Galdino, assassinado bárbara e covardemente por jovens da classe média-alta de Brasília. Até hoje não foi feita Justiça e, de habitantes majoritários, os índios são agora 450 mil que vivem aldeiados Brasil afora. A chama da impunidade ainda queima na mente daqueles que clamam por igualdade. E o que dizer das milhares de crianças exploradas no trabalho ou sexualmente? Daqueles que estão desempregados ou passando fome? Os que morrem no trânsito, no tráfico ou atingidos por balas perdidas? E o assalto aos cofres públicos, sem que haja alguma providência enérgica? Se todos esses exemplos retratam situações que incomodam ou demonstram desajustes sociais, afinal de contas, como podemos definir violência? Temos nosso próprio conceito, cada um tem o seu. Mais que isso, em algum momento, todos nós fomos vítimas da violência, sendo mais do que lamentável a agressão doméstica ou aquela praticada por familiares. Mas violência é violência, agride do mesmo jeito. Em busca de outras opiniões, abri o Dicionário Larousse Ática, lá encontrando definições como “Constrangimento físico ou moral; qualquer força material ou moral empregada contra a vontade ou a liberdade de uma pessoa; coação”. Abri um site (endereço eletrônico na Internet) de busca e lá achei mais de 30 milhões de páginas sobre o assunto. Pelo visto, o assunto é mais do que palpitante. Entretanto, o que tem sido feito para resolver a situação? Reprimir o crime depois que ele acontece, como se diz no linguajar popular, é enxugar gelo. Porém, em muitos dos casos, a prevenção afasta a liberdade, impede-nos de bem viver. Então, qual a solução adequada?
Em curto prazo, não vislumbro alternativas plausíveis. O Governo perdeu o prumo. Isso acontece aos quatro cantos. Seja no Rio de Janeiro, em Recife ou na Paraíba, onde recentemente a população de Pedras de Fogo (nome sugestivo) resolveu fazer justiça com as próprias mãos, promovendo um quebra-quebra do patrimônio público, depois da morte de um popular por um policial. Aprendemos que violência só gera violência e que a vingança não vai mudar o passado. Portanto, é preciso que saibamos utilizar outros meios. Se vimos conceitos e exemplos, por que não observarmos sugestões para o problema da violência? A estrutura está carcomida, vamos solidificar a base para que possamos construir um país mais tranqüilo. Os meios de comunicação podem contribuir bastante nessa luta. No entanto, a educação é a base fundamental. É com ela que podemos mudar o mundo. O conhecimento diminui os índices de desemprego, desigualdade social e esclarece-nos sobre a convivência em sociedade. Os governantes precisam abrir os olhos para isso.
Então, que acabe o show do faz de conta e que entre em cena a vontade e a ação de diminuir a violência, pois sua existência remonta a história humana e pelo visto só terá fim com ela.
* Jornalista e especialista em gestão de pessoas. Contatos: www.luizluna.zip.net