Uma reflexão para o 1º de Maio: as armadilhas por trás palavras da Era da Globalização
Co-laboradores
Co-operadores
So-lidariedade
Flex-ibilidade
São estas as palavras mágicas do modelo econômico neoliberal. Nos oito anos do governo FHC essas palavras, ritualisticamente passaram a fazer parte dos discursos políticos. Repassadas para a política empresarial, essas bonitas palavras passaram a fazer parte dos discursos dos empresários, pior é que também nas escolas. Essa verborragia de palavras também está presente nos discursos de dirigentes e diretores: “trabalhar em grupo”; “ser flexível”; “facilitador”; “mediador”; “amigo da escola”; “voluntário” “estar aberto às mudanças”; “cooperar com os colegas”; “ensinar a solidariedade”; “aprender a aprender”; “desenvolver as competências e habilidades” e “transformar o aluno em multiplicador” são alguns termos usados nesses discursos. Que ideologia essas palavras escondem? Nas fabricas os trabalhadores já até se assumiram como “colaboradores”. Veja só que armadilha ideológica: não são mais trabalhadores, mas colaboradores, ou seja, pessoas que estão apenas colaborando para aumentar os lucros e o capital dos patrões, então, já que são colaboradores, por que se preocupar com o salário? Se na escola o professor vira voluntário e amigo da escola, mediador e facilitador do conhecimento o que ganhará com toda essa subordinação? Para que investir na escola pública se a ordem é colaborar? Segundo o dicionário Aurélio laborar é labutar significa trabalhar duro e com perseverança, então a ideologia por trás da palavra CO-LABORAR é incutir no trabalhador a idéia de que sofrer é bom. Aliás, se trabalha fosse uma coisa boa como querem passar o termo não viria de “TRIPALHO”, instrumento de três pés (tripé) que servia para torturar as pessoas. Então a palavra “LABOR” e “LABORAR” não é boa coisa para que se colabore porque não estaremos sendo co-responsáveis com o nosso sofrimento de forma altruísta e assim, que está sendo beneficiado é o patrão, o pior é que estaremos também sendo “flexíveis” às exigências do patrão, estaremos sendo coniventes com a miséria e exploração, de tão "flexíveis" que estão ficando os trabalhadores que no discurso de FHC ele prometeu quebrar o "espinhaço" dos sindicatos, assim, o trabalhador, ao entrar na onda neoliberal da "FLEXIBILIDADE" está sendo "QUEBRADO" e literalmente esmagado pelo sistema perverso. É isso que representa ser “solidários”, é contribuir para que os companheiros explorados sejam ainda mais explorados, é contribuir para a falta de consciência do trabalhador.
Realmente a ideologia neoliberal quer nos transformar em Co-operadores, ou seja, "máquinas" que operam máquinas e fazem o sistema funcionar perfeitamente sem ameaças. Cooperamos para que os que operam máquinas continuem operando sem pensar criticamente no modelo espoliativo a que está submisso, e sua condição subalterna é como o óleo que lubrifica a máquina capitalista para que esta não trave. Cooperador, colaborador, flexibilidade, vuluntário, parceiro, voluntário, multiplicador para o estudante e facilitador, voluntário, mediador para os trabalhadores da educação. Estou cansado de ouvir tanta besteira. Inspirada pela filosofia neoliberal importada dos países ricos da Europa e Estados Unidos, a verborragia de palavras que a política do tucanato trouxe para o Brasil a partir de 1990 só tem prejudicado os trabalhadores e todos os setores sociais e tem contribuido para a derrota de todos os trabalhadores.
Um sujeito chamado Fernando, conhecido como “caçador de marajás” quis “collorir” o Brasil com as cores dos interesses das multinacionais e do mercado externo. O Brasil, que tão urgentemente precisava de um governo que honrasse as cores de sua bandeira, foi traído pelo voto popular de um povo alienado, mal instruído e manipulado. A força midíaca das poderosas emissoras e os jornais mais renomados que circulam por este país consegue “lavar” as mentes do grande público alienando-o ainda mais. Fiel àquilo que religiosamente assiste todos os dias pela TV, a “grande massa” assim chamada pejorativamente pelas elites abastadas e intelectuais deste país fica anestesiada com as fantásticas cenas das novelas, extasiados e sem ao menos imaginar o que se passa nos bastidores da política e da economia, não percebem a realidade do próprio bairro carente onde está confinada a maioria da população. A periferia e os bairros mais distantes das regiões centrais sofrem a carência de hospitais, recursos e médicos. Sem consciência, mal percebem o mal praticado contra si mesmo aquele que votou e ajudou a eleger os vereadores que passarão os últimos 4 anos sem mover uma palha para mudar a triste realidade da saúde pública agora procurada pelo fiel eleitor que vê o filho morrendo sem atendimento de qualidade no posto de saúde. Depois de todo sofrimento, decepções cada cidadão se recolhe nas noites e paralíticos jogam a culpa na “vontade de Deus” ou no “destino”, mas logo a dor e a amargura do sofrido cidadão passará logo mais com o jogo de futebol que vai se iniciar, ele irá projetar toda a sua vontade e desejo de vencer nos 11 heróis que irão garantir-lhe o alívio imediato da dor e do sofrimento, a decisão do Campeonato Paulista será a sua decisão e aqueles “deuses” farão a mágica que trará aos pobres desvalidos o conforto de que necessitam, e se por acaso o time do coração falhar...? Restam aos “deuses” dos programas de auditório fazer aquilo que os jogadores deixaram de fazer no campo. Com certeza Gugu e Faustão estão fora de forma para fazer gols, Silvio Santos está velho, entretanto, terão que fazer a mágica de todos os sábados e domingos, eles já são exsperts nesse negócio de iludir. Gugu consegue arrancar lágrimas em crocodilo com as cenas de pessoas que se reencontram depois de mais de 30 anos perdidas sem contato com a família, o “Construindo um sonho” mostra casebres paupérrimos sendo derrubados para reformas mirabolantes. Nossa! aquilo parece até um milagre divino para a pessoa que vê o filme da tapera antes, e depois da reforma. O lixo vira mansão. Cenas como estas fazem o telespectador ficar de boca aberta. O Caldeirão do Huck, aos sábados, o Domingão do Faustão e todas as programações chulas da nossa televisão destoe os poucos neurônios da inteligência que ainda resta na população brasileira. O Big Brother de 2009 confirmou que a melhor maneira de deixar alguém rico nesse país é a lavagem cerebral. Um povo de cultura burra é muito fácil de ser enganado. O cantor nordestino Falcão é formado em Engenharia, mas viu que se cantasse besteiras ganharia mais dinheiro, e foi isso que fez, deixou a de seguir a carreira de engenheiro para cantar o seu “Bleck Car”. Os alienados carregam nas costas todas as cargas trabalhistas e tributárias e mantém o luxo dos políticos com salários astronômicos sem exprimir um único gemido. Só um povo alienado seria capaz de garantir ao Big Brother o sucesso que teve e a estimada renda arrecadada com os telefonemas. A estimativa do “BBB” deste ano foi de R$110 milhões. Uma novela das 21h não fatura tanto. O Big Brother em sua nona edição este ano faturou nada menos que R$ 60 milhões. Dizem que outros R$ 50 milhões estarão nos cofres da emissora até o final de abril, e isso essa repercussão será só em mechandissing, anúncios e espaços vendidos pela Rede Globo. Já pensou no Big Brother para acabar com a fome? Já pensou nom Big Brother para ajudar a resolver o problema do desemprego, da saúde e da educação das periferias e dos bairros distantes?
Quem sofre com a miséria e a violência fica completamente fora da realidade. Os programas de auditórios fazem muito sucesso, os apresentadores ficam bilionários, os cartolas dormem encima de colchões de dinheiro e o povo fica cada vez mais pobre e abandonado pelos políticos que foram eleitos, eles andaram de porta em porta por alguns meses, agora passarão 4 anos sem aparecer pelo menos aos postos de saúde para ver a triste realidade. Na minha cidade, JANDIRA cada vereador tem direito a 80 litros de gasolina por semana, se eles pelo menos andassem pela cidade para ver os buracos das ruas já seria uma grande coisa. Só um povo como o nosso é capaz de ver tantos abusos com o dinheiro público e ficar quieto frente a televisão, só a corrupção já seria um motivo para derrubar os políticos, o descaso com a saúde era para levar o povo em massa ao gabinete dos vereadores e prefeito num grande protesto. A falta de estrutura das escolas públicas e o descaso com os estudantes e professores já seriam o suficiente para derrubar um governador ou um secretário. Os estudantes estão anestesiados e os professores paralisados com a pressão dos últimos dez anos. Represados ficam de mãos atadas, os pais não estão nem ai se o filho está aprendendo, os diretores administram as escolas como os políticos administram o país, ou seja, com descaso, é como se a gravidade da educação não os afetassem, na sala de aula, o professor fica acuado pela violência e a impunidade. Sob o manto protetor do ECA os jovens e adolescentes confrontam os professores como se estivessem com a razão. Nada se pode fazer, exceto entrar para a sala dos professores e desabafar com o colega ao lado que dá o famoso conselho: “Deixa pra lá, não se estresse tanto, não vale apena e se eles não deixa você lecionar, finge que ensina. Depois a vida vai cobrar deles”!
O lixo cultural que nada acrescenta e é deliberadamente transmitido aos telespectadores pelos programas da TV, as músicas românticas que fazem muito sucesso, o Punk com suas melo-pornografias e os grandes eventos promovidos propositalmente conseguem anular toda a capacidade crítica e analítica dos nosso jovens e cidadãos tornando-os inertes e incapazes de esboçar reações a qualquer coisa. Nunca vi em meus 45 anos uma população tão alienada com a geração atual. Que saudades dos anos 60 e 70, que saudade dos “anos de chumbos”. O Exécito e os agentes Sarbone estavam lá para reprimir, entretanto a juventude estava nas ruas. Hoje, com toda a liberdade para reagir os nossos jovens estão com o MP5 aos ouvidos, durante a palestra do professor de História que fala empolgado sobre como o Imperialismo esmaga o nosso país e os países visinhos da América do Sul, o jovem fica indiferente como se isso nem o afetasse. Talvez se as questões do ENEM fossem encima só de músicas e do Orkut o governo teria uma nota melhor, porque, com perguntas formais o resultado foi péssimo, só as escolas particulares foram bem nas avaliações do ENEM e entre milhares de escolas públicas estaduais, apenas alguns alunos de nove escolas conseguiram uma minguada nota chegando próximo aos 70 pontos. Hoje no lugar do material didático o que faz sucesso são os aparelhos de celulares usados para tirar fotos da garotada com brincadeiras maldosas na sala de aula e pelos pátios das escolas. Definitivamente eles não querem aprender para lutar. Saber fazer juízo de valor é importante, significa que desconfiamos das supostas “boas intenções” das pessoas, e que não acreditamos em tudo o que nos dizem. Por trás de um lindo discurso e maravilhosas palavras existem milhares de intenções não-reveladas. São intenções implícitas e que nunca estão claramente colocados num texto bem redigido e bem elaborado, afinal os especialistas do marketing televisivo trabalham encima disso, idem aos marqueteiros políticos. Com um bom marketing político um candidato consegue arrastar multidões, e uma boa pitada de demagogia convence até o mais ateu a acreditar que aquele é o homem certo. O fetiche das modas e da televisão faz com que se perca o poder de opinar, o doutrinamento religioso é como um ópio, e quando alguém não encontra mais nenhum conforto nem nos programas nem nos grandes shows e ainda perdem a esperança nos seus governantes, então se recorre a uma igreja onde busca ajuda espiritual, outros, estão indo atrás dos terreiros e rituais cabalísticos e esotéricos, outros recorrem aos jogos de sorteios como as loterias, e quando não resta mais nada e nem para onde recorrer se refugiam nos vícios, como chaminés humanas alguns se acabam nas drogas que garantem o lucro dos traficantes e nas nicotinas que garantem o lucro da Souza Cruz. A sociedade do conhecimento assim intitulada pelos estudiosos das novas tecnologias está cada vez mais sem conhecimento do que deve fazer para ajudar a melhorar esse país, não consegue nem perceber o que tem por trás de um emocionante programa de auditório, ninguém sabe ao certo que tipo de ideologia está sendo inculcada nas pobres mentes catequizadas e doutrinadas pelo capitalismo. Nosso povo só tem duas opções para se distrair:
• ou ficar confinado dentro de casa assistindo o quadro “Construindo um Sonho” e o “Domingão do Faustão” ou...
• ir para a igreja apegar-se com Deus ou com os “santos”. Sem saída muitas pessoas buscam refúgio na fé e na espiritualidade. Há crenças, seitas e religiões místicas para todos os tipos e gostos do cliente que para agüentar calado todos os abusos e humilhações sofridos enquanto labuta recorre a essas “muletas” para poder agüentar a carga diária de trabalho e de decepções.
Quem é este povo barulhento que briga nos estádios? Quem é este povo que sofre nas fábricas e na periferia e depois corre para as igrejas? São desempregados levantando as carteiras profissionais, moribundos levantando fotografias e diagnósticos na esperança de serem curados de uma doença, são pessoas desesperadas e mal remunerados ofertando o pouco que tem para ver se Deus lhe dá em dobro o que deu para a igreja. Nos estádios são jovens que perderam suas referências e seus heróis. Depois do jogo eles se matam como muçulmanos xiitas. A sociedade do conhecimento está criando homens-bombas, só que aqui eles se explodem de outras maneiras.
No encontro entre portugueses e índios a mesma reação foi esboçada em 1500, ao ver o rosto projetado num espelho mostrado pelo homem branco, os nativos ficaram encantados, eles acreditavam que o português era um “deus”que veio sobre as quatro patas de um cavalo ou de um imponente veleiro que cruzou o Oceano de forma milagrosa. Aproveitando-se dessa “ingenuidade” do nativo brasileiro o português, para intimidar ainda mais o índio, o que fez? Colocou um pouco de pólvora no chão e ateou fogo. Na hora levantou-se uma labareda que assustou o índio, como um “deus”, o português fez subir as chamas misteriosas com apenas uma faísca. Parecia uma mágica! O índio nesse instante passou a temer ainda mais o português que se apossou das terras desse povo.
O Espelho foi tão bem aceito, que o português passou a vê-lo como uma ótima fonte de lucro, então passou a usá-lo como escambo, ou seja, passou a trocar o espelho por ouro e trabalhos realizados pelos nativos! Além do espelho, o rosário, o fumo e outras mercadorias baratas vindas da Europa, eram entregues aos nativos em troca de riquezas bem mais valiosas, e assim os nativos eram lesados. Ainda hoje os índios continuam lutando para retomar as suas terras roubadas pelos brancos, só que os atuais herdeiros das Capitanias Hereditárias representados pelos fazendeiros pecuaristas e pelos latifundiários plantadores de soja, café, laranja e cacau se recusam a devolver as terras, eles tem poderosas multinacionais financiando suas ações predatórias no cultivo da terra. A Raposa O que o presidente da República está fazendo na Raposa Serra do Sol é um exemplo de luta para desocupar aquelas terras e devolvê-las aos nativos. Os plantadores de soja e criadores de gado invadiram quase todo o Brasil na época colonial e continuam até hoje, porém todas essas terras tinham donos. A população alienada hoje ouve falar dos conflitos fundiários em seu próprio país e não entende esse problema, aliás, induzida pela mídia burguesa essa população acaba ficando contra os legítimos donos da terra dando todo o crédito aos grileiros e latifundiários. A alienação não permite que se tenha uma visão crítica dessa realidade e tira a capacidade de relacionar o sofrimento dos cortadores de cana com o Biodiesel e o saboroso café da manhã de cada dia. Da mesma forma, enquanto consumimos o chocolate e os ovos de páscoa da Nestlé não se para pra pensar que essa mesma multinacional continuará acumulando mais lucros que toda a riqueza produzida em nosso país, e esses deliciosos lucros sai do Brasil e vai para a Suíça, sai das costas de trabalhadores paupérrimos e mal remunerados para o bolso de uma minoria. Só o lucro da Nestlé tiraria o Brasil o Nordeste inteiro da miséria. Fazer essas relações é fundamental para repensar de que lado estamos no jogo injusto do capital.
No inconsciente coletivo da massa alienada um apresentador de TV tem poder sobrenatural, parece que é até capaz de tornar toda semana sofrida num “Domingo Legal”; bem mais legal que os outros cinco dias da semana que se passou.
Somos roubados a cada minuto que produzimos, para que apenas uma minoria de 5% da população desfrute desse o lucro e riqueza produzida, e pior, se faz isso por um valor bem inferior àquilo que se merece. Produzimos mais do que valemos para os patrões!
Um trabalhador vale mais do que o patrão avalia ao contratá-lo, em trocadilho Marx chamou isso de “Mais Valia”. É a diferença entre todos os lucros que produzimos e aquilo que nos pagam como mão-de-obra, é a diferença entre as primeiras 4 horas trabalhadas e as outras 4 a mais que trabalhamos. Das primeiras 4 horas, sai o lucro que o empresário precisaria para se manter e manter a sua empresa, as outras 4 horas é exploração do trabalhador. Isso é mais valia, isso, sem contar as horas-extras em! “Se o burro soubesse a força que tem, viraria a carroça e colocaria o dono o puxá-la”.
Trabalhadores conscientes podem ajudar a transformar esse país!