A tragédia brasileira
O célebre escritor inglês William Shakespeare já divulgava em sua famosa tragédia intitulada de Hamlet por volta do ano de 1600 que “há muito mais coisas entre o céu e a terra do que supõe a nossa vã filosofia”, a questão da dúvida e da descrença é algo marcante nesta obra. Com a mesma dúvida e desconfiança podemos afirmar que na política do Brasil “há muito mais coisas do que supõe a nossa vã filosofia”.
Enquanto muitos passam fome ou até pelejam para pagar as contas com os míseros do salário mínimo que recebe, os nossos “representantes” apresentam projetos que criam dia da visão, dia do rock, dia do motociclista entre outras baboseiras que nada acrescentam na vida do brasileiro. Vivemos a mercê da política amoral, aquela que está alicerçada na corrupção e quando começa uma investigação logo é cancelada porque atingirá a todos, é como se fosse um efeito dominó, cai um caem todos!
É escândalo atrás de escândalo, não um por semana, mas vários! A moralidade desses poderes idealizados por Montesquieu é a cada dia posta em xeque. Com certeza, se estivesse encarnado o francês teria vergonha em saber no que se transformou a sua idéia.
E nesta tragédia brasileira ora somos o Príncipe Hamlet ora somos o Rei Hamlet e os nossos “representantes” claramente se intitula de Rei Cláudio. Somos traídos por aqueles que deveriam lutar por nós e apresentar propostas que beneficiem o bem comum, mas a todo instante sofremos ataques, somos apunhalados por aqueles a quem confiamos o nosso voto, aqueles a quem considerávamos como alguém decente e digno.
O povo, a nação é o poder, mas a cada quatro anos somos corrompidos por promessas de que “dias melhores virão”, talvez a frase escrita com sentido de futuro será sempre algo que nunca se concretizará, e parece que o futuro não existe porque os dias melhores nunca chegaram! Neste enredo catastrófico chegamos a ser o príncipe Hamlet, representado aqui pela minoria, aqueles a quem a política não corrompeu e sabem que a corrupção é algo nojento e precisa ser extirpado. Duvidamos das promessas, acreditamos no que é concreto e não hesitamos em defender a nossa honra com a nossa própria força, somos filhos que não fugimos a luta.
O mais triste deste enredo é saber que aqueles que ousam lutar contra o erro encontra-se em estado de extinção, pois nas escolas públicas os alunos são vitimas de um sistema onde planeja formar alunos como meros coadjuvantes, serão cidadãos que aceitarão tudo e não terão argumentos ou coragem para enfrentar a corrupção.
E sem cidadãos que questionem as inúmeras irregularidades, a política deste país caminha a passos largos para o caos.
Com certeza até o fim deste ano muitos fatos ainda virão a tona, pois neste país há muito mais coisas entre os políticos do que supõe a nossa pobre ingenuidade.