QUEM NÃO DEVE NÃO TEME.

Numa certa cidade do interior, um missionário franciscano deu início à sua tarefa de evangelização. Como era novo naquele lugar e poucos o conheciam, a gente dali ficou de espreita e esperançosa com relação ao trabalho do referido missionário. Muito comentário se ouvia: “padre novo vida nova”; “tomara que dê certo”; “que Deus o ajude nesta nova labuta”; “e ai, como o homem está se portando?”.
 
Assim o tempo foi passando e o missionário, com a cooperação do povo, começou a desempenhar sua missão com êxito. Porém, não faltavam convites para novas amizades, inclusive entre os políticos; tantas foram as ofertas que o missionário até se admirou, mas devido à sua consciência de fé não se deixou levar por nada, ao contrário, continuou dedicando seu tempo às tarefas que Deus lhe confiara com zelo e devoção.
 
E chegando as eleições, vieram também os desmandos, as falcatruas, os engodos e tudo o que as campanhas políticas costumam gerar para elevar ao poder os “ilustres” da sociedade. E perguntaram ao missionário: “de que lado o senhor está?”; “A quem apóia?”; “Quem é o seu candidato?”. E a resposta se fazia ouvir nas homilias e até mesmo a quem isso lhe perguntava pessoalmente: “apoio Jesus Cristo, o Filho de Deus vivo; estou do lado do povo escolhido por Deus e é a Deus que temos que prestar contas de todos os nossos atos.”
 
Vendo o sofrimento do povo, a divisão causada pela política e o baixo nível das campanhas, o missionário não poupou palavras e nem se fez de rogado, continuou denunciando o baixo calão da linguagem política e todo tipo de mau que aquilo estava gerando entre os fiéis. Passados os embates políticos, voltou tudo à aparente calmaria, porém restaram as mágoas, as feridas e as dores causadas pelas astúcias e agressões daqueles que se tornaram vitoriosos ou derrotados. Grande foi a festa dos vencedores; maior foi a fúria dos que perderam.
 
Chegou, enfim, o dia da comemoração do aniversário de emancipação política daquele município e convidaram o missionário para a celebração da Santa Missa em frente à prefeitura. Estavam presentes as autoridades constituídas e “toda” nata política da cidade. Quando da homilia, assim se expressou o missionário: “minha grande alegria, minha maior felicidade, não que eu me alegre com a perdição de alguém, é saber que no céu não encontrarei nenhum político, pois infelizmente político aqui nesta cidade, em nosso país e no mundo é sinônimo de difamação, calúnia, corrupção, intrigas, perseguição e outros males que tornam a vida dos cidadãos um verdadeiro inferno.

Para mim política tem que rimar com missão e nunca com enriquecimento ilícito; pelo que sei na glória de Deus não entrará nenhum mentiroso, caluniador, corrupto ou perseguidor. Com certeza no céu hei de encontrar homens e mulheres que serviam a Deus num cargo político. Ah! Esses não eram políticos, mas homens e mulheres de Deus. Portanto, quem não deve não teme.”

 
Não se surpreendam se vos disser que o missionário franciscano dessa história é este que vos escreve.
 
Paz e Bem!