O PODER DA IMAGINAÇÃO

Logo na entrada, educadamente uma estudante pediu-me licença para vendar-me os olhos. Concordei sem fazer perguntas. Em seguida, tomando-me pelo braço, incentivou-me a procurar, com as mãos, uma fonte de águas cristalinas que, segundo ela, estava bem à minha frente. Que delícia! Como que num toque de mágica, de repente senti minhas mãos naquelas águas refrescantes! Ato contínuo, a jovem disse que faríamos um passeio por uma trilha na floresta e, lá fomos nós!...

Incrível!

Durante o percurso pude ouvir até canto de pássaros! Minha guia pediu que tocasse tudo que estava ao redor. Pelo tato pude perceber que havia bambu chinês, cipós folhagens...

...Uma brisa úmida tocou meu rosto enquanto minha guia informava que estávamos diante de uma cachoeira. Pediu-me que agachasse para poder tocar o rio com as mãos. Ouvindo o barulho das águas senti o cheiro da relva macia que pisava.

Caminhamos mais um pouco! Minha guia avisou que estávamos saindo da floresta para entrar numa área totalmente degradada pelo homem. Pisei em folhas secas, e os ramos que toquei, também não tinham nenhum sinal de vida. Com cuidado a jovem colocou minhas mãos sobre um objeto que pude identificar como uma moto serra. Percebi ainda inúmeros tocos de árvores que há muito foram mortas pela ganância do homem. Confesso que senti horror com tamanho contraste.

Finalmente, dizendo que a jornada terminara, a jovem tirou a venda dos meus olhos e solicitou que fizéssemos o trajeto novamente. Na entrada descobri que a fonte que tocara, na verdade era um recipiente com água. O canto dos pássaros que ouvi ao entrar na floresta, vinha de um aparelho de som controlado por uma aluna. Os bambus, os cipós e as folhagens eram o resultado de um cenário bem montado, fruto da imaginação dos estudantes. E a brisa úmida que tocara o meu rosto fora criada pelo uso inteligente de um spray com água diante de um ventilador, habilmente utilizado por outra aluna. A cachoeira, um tanque montado naquela sala de aula que, com a ajuda de uma bomba elétrica, criava a ilusão de sua existência. A área degradada resultava de outro arranjo com alguns tocos com raízes, uma porção de folhas e galhos secos, além da moto serra completando o cenário...

Foi assim que passei momentos inesquecíveis naquela sala de aula do Colégio Estadual Carolina Lupion de Carlópolis, que soube fazer da sua Feira de Ciências 2001, um verdadeiro presente à comunidade. Na saída agradeci a todos levando o presente que recebera, uma pequena muda de ipê roxo.

E lá se foram quase dois anos, meu Ipê continua crescendo e, aqui estou passando para o papel aquela experiência tão agradável que promoveu um verdadeiro reencontro com a minha infância quando tinha o privilégio de morar num sítio onde o cenário criado por aqueles alunos, existia mesmo de verdade... Mas o menino que fui um dia, ainda existe em mim. Meu interior é uma eterna primavera e, sinto-me cada vez mais envolvido na luta pela conscientização das pessoas a respeito do meio em que vivemos.

Amo a natureza!

Amo as pessoas!

Lázaro Alves

2003