O Leão-de-chácara
Alguns intelectuais (ou pseudo) brasileiros, com largo espaço na mídia, o têm como um leão-de-chácara de bordel, como um bravateiro, maluco, imbecil ou inconveniente. É fácil perceber que estou falando de Hugo Chávez, um homem que teima em se perpetuar no poder na Venezuela.
Os USA sustentaram a odiosa ditadura de Fulgêncio Batista em Cuba; colaboraram na drástica retirada de Allende – senão com o seu assassinato – do poder no Chile; de olho no urânio que apenas a URSS e o Congo possuíam, e de que precisavam para os seus artefatos atômicos, colocaram-se contra as forças progressistas que lutavam pela libertação daquele país africano; participaram ativamente do Golpe de 64, que retirou anti-democraticamente Jango Goulart da presidência do Brasil; com a complacência da ONU, invadiram o Iraque, tiraram Husseim do poder e levaram-no a julgamento, que culminou com a execução do líder iraquiano, sob a alegação jamais comprovada de que havia enriquecimento de urânio no país – só a eles é dado esse direito – etc, etc, etc.
Vejo agora que Chávez compara Obama a Bush, dizendo que não há, a rigor, relevantes diferenças entre os dois.
Apesar do invejável currículo (?) americano, não vejo porque repelir "in totum" o pensamento do maluco do Chávez, com todas as suas bravatas e tentativas de continuar no poder – o que é um problema dos venezuelanos. Porque, depois de Fidel, cujo apito perdeu o sopro – o que acontece com qualquer um que volta a ser criança – depois de Fidel Castro, Chávez é talvez a única liderança na chamada América Latina que ousa se opor aos desígnios corporativistas internacionais dos responsáveis (ou do sistema responsável) por um país – não o seu povo – que objetiva o domínio e, se possível, a ocupação da maior parte do planeta.
Rio, 01/03/2009