CARÊNCIA

Este texto revela uma experiência recente nos últimos dias e a considero uma das mais importantes que já participei. Foi resultado de um grande impulso que me moveu por segundos, em novembro de 2008 que resultou em algumas dezenas de telefonemas e contatos neste mês de março.

Durante exatas duas semanas conversei com diversas mulheres na faixa etária dos 40 aos 60 anos com grau de instrução entre o primário e o doutorado e das mais variadas condições sócio-econômicas.

Em todos estes contatos ficou evidente um sentimento relacionado ao medo da solidão, seguido daquela visita inesperada que quando chega não dá para fingir sua presença. Reconheço que ela vem com vontade e pede toda a nossa atenção. Afinal de contas, como homem, também sou vítima. Não tem hora marcada, não tem dia apropriado, não faz distinção entre sexo. Ela nos encontra, independentemente se somos homem ou mulher. Simplesmente aparece, sem ao menos ser convidada. E o pior: costuma exigir tratamento ESPECIAL.

Tenho certeza que você um dia já recebeu esta visita. O nome dessa visita? Carência. Um sentimento que, não necessariamente, condiz com a realidade, mas que traz uma sensação muito verdadeira de vazio para quem resolve abrir a "porta do coração”.

Foi exatamente isso que encontrei conversando com a maioria dessas pessoas. Percebi exatamente o mesmo vazio que sentia. Dentro de cada uma um imenso buraco para ser preenchido. Cada uma tentando preenchê-la da melhor maneira possível. Bem..., outras nem tanto assim.

Foi assim que me despertei para este imenso vazio que hoje as pessoas convivem. Muitas precisam da outra para estar bem. Faz parte de nosso ser passar por momentos de fragilidade na vida. Muitas vezes somos frágeis ao extremo e é nesse momento que ela vem de uma forma mais violenta. Uma hora é falta de um abraço amigo, outras, de certas palavras de incentivo ou mesmo de companhia para ouvir nossas lamúrias.

Mesmo na infância, quando somos ainda criança, necessitamos dos cuidados da mãe, como também na fase adulta de um companheiro ou companheira. O fato é que podemos não precisar do outro a todo instante. Acho impossível que alguém preencha nossa carência 100% do tempo. É necessário aprender a lidar com a vida de uma maneira solitária. Nascemos e morreremos só.

Devemos admitir que, apesar de necessário, aprender a não depender emocionalmente dos outros é muito dolorido. Muitas vezes não sabemos lidar com isso. Afinal de contas, “a cultura do mundo, de certa forma, nos solicita estarmos com alguém”.

É ruim admitir que nós precisemos de um outro para ser feliz ou que temos medo da solidão. Pode ser, para alguns, sinônimo de fraqueza, mas eu não a considero assim.

Muitas vezes esse alguém do qual "se precisa", não vai estar apenas nos relacionamentos amorosos. A pessoa ao estar carente quer ser amada não só no presente, mas por tudo que já faltou para ela no passado e da história de vida que carrega. Pode ser leve e ser sanada com um simples colo e um cafuné, ou não. Pode perdurar e sair do controle de quem sente aquele momento.

Idealizamos muito que queremos ter do outro, a atenção que queremos das coisas e do mundo. Tomamos atitudes esperando recompensas para aliviar esse sentimento. E elas nem sempre vêm!

Quando queremos muito namorar alguém, estar com alguém, fazemos de tudo para prender essa pessoa para não sentirmos mais um fracasso pessoal. Isso tudo em busca de um outro sentimento: “a felicidade”. Sim, eu falei “felicidade”, um sentimento tão difícil de encontrar...!!!

Hum..., essa tal felicidade! Você já foi feliz um dia? Quem nunca desejou ser feliz na vida? Dizem que a felicidade é uma estação intermediária entre a carência e o excesso, talvez o equilíbrio entre as duas. Muitos passam por esta vida sem saber o que é ser feliz.

Ah... A felicidade. Sempre ela. Uma busca incessante do ser humano. Só que “ela”, ao contrário da carência, é o tipo de visitante que quando chega ninguém quer mandar embora.

Desejo a você toda a felicidade do mundo.

(((((Plínio)))))

Redação em 28/03/2009 14h22min

Plinio Luiz
Enviado por Plinio Luiz em 03/04/2009
Reeditado em 03/04/2009
Código do texto: T1520315
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