Aborto

Aborto

Muitos alegam ser contra o aborto por ser a favor da vida, afirmam que o feto é um individuo, e por isso não temos o direito de interrompê-lhe a vida, quando não, vêm com argumentos embasados em crenças primitivas. Sou a favor da vida, mas nem por isso devo ser contra o aborto. Quer eu seja contra ou a favor do aborto, a realidade é que ele acontece diariamente, e milhares de mulheres morrem porque abortam na clandestinidade. Talvez isso seja conforto para os vingativos que declaram que a morte da mãe é punição divina por sua prática violenta contra a vida. Seria maravilhoso que vivêssemos num mundo onde ninguém praticasse aborto, ou melhor, num mundo em que ninguém atentasse contra a vida. Mas a realidade não é essa. Mesmo que algumas pessoas não aceitem, não vivemos num mundo fantástico.

Outras pessoas defendem a proibição alegando que, com a liberação, a quantidade de abortos aumentaria, o que não é verdadeiro. Pesquisas apontam que em países, como os EUA, em que o aborto é permitido, o número dessa prática é bem menor que no Brasil, em que ele é proibido.

“Mesmo no cenário de sub-informação que cerca os registros sobre aborto, de um modo geral, a mortalidade oficial é alta. Uma mulher morre a cada três dias, vítima desse agravo. No ano de 1998 (o último com dados disponíveis). foram 3,58 mortes para cada 100.000 nascidos vivos (nos Estados Unidos são 0,4 morte), ou uma para cada 25.000 crianças nascidas vivas. Foram 119 mulheres que tiveram o aborto como causa declarada de sua morte e apenas 72,3% delas receberam assistência médica. Em 23,5% dos casos não havia informação sobre o tipo de assistência recebida e 4,2% não tiveram assistência médica, segundo consta em seus atestados de óbito”. Fonte: Bemfam, 1998.

Com a liberação, as instituições públicas poderão ter mais aproximadamente o números de abortos ocorridos durante o ano, conseqüentemente adotarão políticas públicas mais eficazes a fim de reduzi-los. Além disso evitará muitas mortes de mulheres, ocasionadas por abortos clandestinos. Mulheres não sofrerão maus tratos em hospitais públicos tendo que fazer coletagem a sangue frio. Muitos abortos poderão ser evitados com um acompanhamento psicológico.

A prática do aborto só será reduzido com educação, prevenção, e informação. Jogamos toda a culpa na mulher, mas esquecemos que o maior causador do abortos é a miséria, falta de perspectiva, baixo investimento do Governo em políticas públicas; em programas de prevenção e planejamento familiar.

Para os vingativos e moralistas, podem ter certeza que a consciência se encarrega de infligir castigo sobre a mulher. O sentimento de culpa é o maior chicotada infligida contra as mães.

O aborto continuará a acontecer, quer proibamos ou não, mas liberar é lidar com a realidade, liberar é ter amor à vida. Não podemos tratar um problema de saúde pública com hipocrisia e sentimentalismo.

O fato de eu ser contra a guerra não a impede de acontecer!!! A única forma de acabar com a guerra é educando as pessoas para a paz, e principalmente, criando uma sociedade de paz. Enquanto houver miséria, repressão e desigualdade a guerra será iminente. Assim é com o aborto, enquanto não dermos condições às pessoas de criar seus filhos; enquanto não findarmos com a miséria, semente do desespero, os abortos continuarão a acontecer quer proibamos ou não.

Leandro Moreira

05/03/2009