Turismo e negócios em Joinville - SC - Brasil

ARTIGO

Turismo e negócios, por Apolinário Ternes*
Nesta semana, realizando pesquisa no Arquivo Histórico de Joinville, fiquei perplexo diante de números do relatório do governo Freitag relacionados ao setor de turismo e relativos ao ano de 1993, mais especificamente vinculados às promoções realizadas naquele ano tendo por palco o parque de exposições da Promoville.

Decorridos 15 anos desde os eventos registrados em 1993, é que se dá conta de o quanto Joinville, pomposamente, falou e discutiu sobre o tema e, paradoxalmente, quanto retrocedeu no setor.
 
Ou melhor, quanto se gastou em marketing – e em dinheiro real do contribuinte em políticas desastradas e ineficientes – para, simultaneamente, sair de uma situação razoável e ingressar no cenário atual, de indigência em termos operacionais e logísticos.

Há 15 anos, Joinville cumpria calendário de eventos que, ao longo de 1993, levou ao parque da Promoville, então modesto e sem nenhum complexo para chamar de mega, um contingente de 1.407.207 pessoas. Está registrado no relatório oficial da prefeitura, sob assinatura do prefeito Wittich Freitag. Tomei o cuidado de copiar alguns números registrados no documento:
Fenachopp,  350 mil visitantes;Feira Têxtil, 147 mil visitantes; Expoinverno, 130 mil visitantes.

Com outros eventos realizados, totalizaram visitação de 1.407.207 pessoas.

Hoje, década e meia após, os três principais eventos não existem mais.



A “Festa das Tradições”, sucessora da Fenachopp, que começou bem, foi decaindo até acabar na Sociedade Rio da Prata, ao pé da serra Dona Francisca, de sexta a domingo.
{Veja (clique) aqui o vídeo da Festa das contradições de 2008}
http://www.youtube.com/watch?v=m-ZEfiJJ8Ho

Tudo sob a responsabilidade do poder público e cuidados profissionais da Promotur.


Ano passado, o evento passou para a Ajos e a prefeitura “lavou as mãos”.

Nos últimos 15 anos, enquanto o turismo cresceu no País, encolheu em Joinville. A Promotur criou estrutura para distribuir folhetos sobre a cidade nos mais inusitados lugares do mundo.

Levado em mãos, por servidores especializados em mostrar, com sorriso e mímica, que Joinville é um “encanto” de lugar.

Tudo subvencionado com diárias, anos seguidos. Agora, na instalação do novo governo, restou aos promotores do turismo herdar a esquálida estrutura da Promotur e distribuir a folhetaria mínima encontrada na sede da instituição nas praias ao lado.

Em Itapoá, Barra Velha, Piçarras e Camboriú, convencendo o turista a visitar Joinville num final de tarde, onde, entre museus e o camelódromo, poderia ir a shoppings ou à Estação da Memória, última fantástica “atração” local para visitantes de todas as horas.

Mesmo assim, durante todos esses anos, se espalhou aos quatro ventos as delícias do turismo e o futuro espetacular da economia do século 21, que não estaria fundada no emprego industrial e no chão de fábrica, mas no dinheiro farto do turista acidental, que chegaria aos milhares, vindo de todos os lugares do planeta.

Se os números divulgados pelo poder público merecessem crédito, (a novela da dívida da prefeitura, é um exemplo) sempre se poderia ter a curiosidade sobre quantos visitantes passaram pela Expoville em 2008.

O poder público somaria rapidamente os inflados números de espectadores dos shows sertanejos aos de visitantes das raras feiras e, pronto, a Promotur teria resposta para comprovar sua eficiência e produtividade. Nada disso prova nada.

Hoje, o calendário de eventos é uma mistificação, com eventos privados e públicos arranjados de forma a encobrir a pobreza e a mesmice de sempre. Apesar do tempo e de recursos aplicados na ampliação da estrutura logística, a evolução profissional do setor é inconsistente.

Agora, ao contrário de 1993, sobram leitos nos hotéis, pois empresários do setor responderam aos apelos, mas a contrapartida da organização profissional não existiu, no poder público e na área privada, ou ocorre de forma precária.

Os restaurantes da cidade continuam a fechar perto da meia noite e, à exceção dos barzinhos, que se multiplicaram nos últimos quatro anos, a noite joinvilense segue a mesma de 1993.

A esperança, em 2009, é que a rede elétrica debaixo da terra na “via gastronômica”, seja capaz de promover o milagre da multiplicação dos turistas. Tem gente que acredita.



aternes@terra.com.br

Fonte:
http://www.clicrbs.com.br/anoticia/jsefault2.jsp?uf=2&local=18&source=a2397289.xml&template=4187.dwt&edition=11663§ion=882