Caminho das delinquências
Muito oportuna, a abordagem feita por Glória Perez em sua novela “Caminho das Índias”, sobre a delinqüência juvenil nas escolas. Por mais caricato ou surreal que pareça, a novela retrata com fidelidade, personagens reais do cotidiano escolar: Os pais permissivos, que não dão limites e se esmeram na deseducação dos filhos; a direção da instituição de ensino e seus dilemas didático-econômicos; a professora com sua indignada (e justa) revolta...
Numa suposta modernidade, muitos pais criam delinqüentes, verdadeiros protótipos de marginais, que usam o ambiente escolar para dar vazão a seus instintos indomados. Mais tarde isso poderá se traduzir no espancamento de domésticas em pontos de ônibus, queima de índios ou moradores de rua, depredação do patrimônio público, surra em garçom, atentado contra homossexuais, neo-nazismo, furtos, roubos, drogas... ... ...
Tais genitores, preferem “terceirizar” as culpas dos filhotes, ao invés de assumirem o papel de verdadeiros educadores de suas crias: É o professor que está de marcação, é a escola que não é boa, são os pais dos outros alunos uns problemáticos, são os colegas que não prestam e perseguem seu “anjinho de candura”... ... ...
Omissos e inconseqüentes, muitos não cumprem o seu papel de pais, e esperam que a escola preencha todas as lacunas, resolva todas as seqüelas, deixadas pela incompetência familiar. Assim, o professor se vê sendo: delegado, psicólogo, médico, padre, pastor, pai de santo, exorcista, adestrador, juiz... e quando dá, tenta ser professor.
Como podemos perceber, no cerne de boa parte das mazelas que afetam o comportamento estudantil (independente da classe social), está a falta de uma participação criteriosa pró-ativa e saudável na educação dos filhos. Como diz o ditado popular: “casa dos pais, escola dos filhos”.