TELENOVELA DA VIDA REAL

Quando falamos em crimes que marcaram a história do país, certamente a discussão passa a ser longa, pois as pessoas têm opiniões diferentes.

Poderíamos citar diversos em questões de segundos. Crimes hediondos, absurdos que em questão de minutos se apagam da memória das pessoas e são esquecidos. Apenas quem sofreu a perda terá o que remoer por longo período.

As vezes me pergunto se isso é mesmo memória curta? Por que não continuamos aquilo que começamos?

E a imprensa então, nem se fala; o que diz do resultado do acompanhamento destes crimes bárbaros? Não precisamos nos aprofundar no tempo. Porque pararam as noticias dos inúmeros casos ocorridos recentemente como o de Isabella?

Por que não dar continuidade ao assunto? A questão é uma só. Não é memória curta não. Tenho certeza que todos se lembram desses casos.

Existe na verdade um grande jogo de interesses. O que importa é a moeda, é o dinheiro, é o dólar. Não importa a que preço e nem como conseguir, o importante é fazer o sensacionalismo barato naquele momento. Assim foi este novo episodio do noticiário humano abordando a drama de familiares que estiveram envolvidos neste caso. Assim foi o Caso Eloá.

Por mais de 100 horas ninguém soube mais nada. Nem sobre um confronto de policias civis e militares no centro do país movidos por uma greve por melhores salários e condições dignas de trabalho e nem sobre a questão globalizada da crise financeira ao redor do mundo.

A imprensa tratou o assunto mais uma vez, como um grande cenário de telenovelas, como a revelação da vida de celebridades. O fato real era um jovem apaixonado que seqüestrou a sua amada. Um velho drama que se repetem dezenas de vezes em outros centros que com certeza não merecem a devida atenção da imprensa.

Aproximadamente quatro dias a imprensa, dia após dia, apresentava flash do local. Em lugar da noticia a pergunta: quem era Eloá? Que era o jovem apaixonado? E quem era sua melhor amiga? Seguiu-se a risca um ritual de telenovelas, pouco se importando mesmo com a vida das pessoas que ali corriam risco de vida.

A imprensa estava em busca de um sensacionalismo barato com suas trapalhadas já que todos os repórteres estavam ali presentes durante estes dias a ponto de divulgar, desumanamente, a morte da jovem com mais de 24 horas de antecedência sem ir sequer ao hospital e sem ouvir os profissionais que a tratavam.

Mas o sensacionalismo da imprensa não podia parar sem antes fazer ressurgir a menina em outras pessoas com a doação dos seus órgãos com um irreprimível sorriso e ar de felicidade de apresentadores e repórteres que no extremo da sua falsidade elevaram a noticia de voz embargada anunciando que “Eloá esta viva”.

Pelos números de audiência alcançados, pelo show de apresentações, pela competência em realizar um drama a dirigir o real, a notícia virou uma grande telenovela nos meados desse outubro. Dessa forma os telespectadores não precisarão mais das telenovelas habituais, globais, etc.. etc.

Para a imprensa a vida é simplesmente uma fonte inesgotável de ganhos $$$$$$$$. Somente isso...

((((Plínio))))

Redação em 27/10/2008 13:21:00