"Política, Verdades, Mentiras e Corrupção" - ( Parte XXX )
O Político Corrupto Reencarnado
Pela versão pagã da criação do mundo, o grande poeta Virgílio, em sua narrativa mitológica da “Eneida”, nos obriga a divagar sobre a possibilidade concreta de que todos os políticos corruptos teriam se originado das regiões infernais, numa reencarnação interminável para atormentarem a vida do mundo civilizado. Sim, estamos falando do mundo dos mortos.
Não aquela morada do bem, onde os bons espíritos estão prontos para uma verdadeira purificação do corpo e da alma, nos chamados Campos Elísios.
Estamos falando das regiões infernais em toda a sua plenitude, onde criaturas tão abjetas têm livre acesso e suas almas corrompidas são reabastecidas e prontas para retornarem ao plano terráqueo, como veremos mais adiante.
Aqueles políticos desonestos que foram descobertos logo no início de suas atividades e que, cometeram alguns desvios de conduta, mesmo causando alguns danos e prejuízos menores ao povo, logo após suas mortes, passam por uma expiação nas regiões da tristeza e da luz difusa, vagando como almas sombrias, esperando uma nova oportunidade para poder regressarem.
Mas para aqueles políticos corruptos que, durante suas vidas, roubaram muito, sempre negaram descaradamente todas as acusações, mentiram, agiram em quadrilha, causaram sérios prejuízos ao país e afligiram o povo com todas as suas tramóias, após suas mortes, são condenados a descerem as profundezas do Tártaro e num outro nível mais baixo, assumirem e pagarem por todos os seus pecados, num abismo de gemidos e ranger de dentes, onde numa atmosfera tenebrosa de gases e enxofre , a fúria se vinga a ferro e a fogo e os castigos dilaceram seus corpos e suas almas.
Infelizmente, com sérios prejuízos para a humanidade, as divindades infernais não conseguem reter por muito tempo esta espécie de gente e muito a contragosto, Plutão e Prosérpina , transgridem suas próprias leis e acabam fazendo vista grossa quando esses facínoras corruptos, apesar de todo o sofrimento a que são submetidos, continuam com os mesmos hábitos de suborno enraizados em seus espíritos, assim descritos:
Para terem acesso à outra margem do Ébano, subornam o barqueiro Caronte, não com duas moedas, como seria permitido na entrada, mas com muitas moedas, na saída.
Agradam com muitos presentes (rações) o cão de três cabeças, Cérbero, facilitando assim as suas idas e vindas.
Daí a facilidade de após suas mortes, ressuscitarem rapidamente, num outro corpo, revigorados e prontos para novas falcatruas no nosso plano terráqueo.