EVOLUÇÃO URBANA DA CIDADE DE VITÓRIA DE SANTO ANTÃO - PERNAMBUCO
Os primeiros traços fisionômicos da cidade são do inicio do século XVII, pelos relatos históricos. A chegada do colono ocupando a área que atualmente configura o bairro da matriz, e lá encravando os primeiros elementos físicos de demarcação territorial, mas sem configurar uma organização de caráter urbano marcam essa fase.
Elementos sínteses das necessidades humanas básicas, a casa e a capela. O primeiro símbolo de proteção, abrigo, lar, já o segundo remete a necessidades interior de expressar a fé, a crença no divino, no Deus supremo que percorre as culturais humanas ao longo do seu trajeto evolutivo.
A partir do século XVIII esboça-se os primeiros traços de configuração da ocupação urbana. Sabe-se que a população desde os seus primórdios estabeleceu-se em terreno acidentado perfilando uma ocupação no sentido leste – oeste que cortava duas partes altas que deram origem a dois Bairros Matriz e Livramento. O limite entre eles era uma depressão singela pela qual corria um riacho tributário do Rio Tapacurá, conhecido como Roncador.
Atualmente essa depressão corresponde às imediações da Avenida Mariana Amália/Praça Duque de Caxias /Praça Treze de Maio. O riacho foi soterrado durante o processo de expansão da cidade.
O primeiro arruado configurou-se com um pátio central, a Capela ,dedicada a Santo Antão, no extremo leste deste , e perfilando o contorno norte/sul/oeste do mesmo, o arruado de casas se acoplou. Essa é a configuração original do primeiro aglomerado urbano da Cidade de Braga, que atualmente corresponde à praça Dom Luis de Brito.
Pouco se sabe a respeito da construção do templo que veio a substituir a ermida, especula-se que tenha sido por volta de 1729.
A Igreja Matriz de Santo Antão construída a partir da segunda metade do XIX, divide as atenções no arruado primitivo com a Igreja do Rosário remanescente do século XVIII.
Inicialmente a mobilidade entre a Cidade e a Capital Pernambucana e o Sertão propiciou-se a partir do Caminho do Ipojuca existente desde 1738. No inicio do século XIX esse percurso passou a cortar o centro da Cidade da Vitória no intuito de facilitar o escoamento de gado do sertão para a praça do Recife, acarretando visibilidade e notoriedade a feira local.
Esse século marca o auge de desenvolvimento local, com destaque para as feiras que impulsionaram a economia e trocas culturais.
As feiras contextualizam-se de suma importância histórica, econômica e cultural para a formação urbana local. Desde seus primórdios a cultura de plantação seja de subsistência, ou de grandes lavouras de escoamento sempre reverenciaram esse contexto urbano. A feira era o momento de divulgação cultural e de recompensa para o trabalhador da lavoura por mais um trabalho realizado.
A feira primitiva influenciou gradativa substituição das construções residenciais que ocupavam o entorno da praça Duque de Caxias e o parque 13 de maio por outras de serviços e comércios afins. Caracterizando o centro comercial da Urbe.
Contudo a feira por uma falta de organizacional durante seu processo de expansão acabou ocupado espaços de vivencia publica que já são restritos no contexto urbano em questão.
Em fins do século XIX, inaugura-se uma estrada que ligaria Vitória a Recife, passando pelo lado norte da Cidade, que viria a se transformar na Br-232. Atualmente, no trecho urbano de Vitória a Br-232 sofre uma bifurcação contornando a malha urbana tanto na parte norte como na parte sul.
Destacamos também a abertura da estrada de ferro ligando Recife e Caruaru com uma estação no centro da Cidade de Vitória . Essas novas vias de acesso facilitaram bastante a exportação e importação de produtos entre o sertão e a Capital, acarretando uma nova feição à comercialização em Vitória.
Já no inicio do século XX, Vitória perde seu destaque de empório comercial para Caruaru, a qual se consolida no Agreste, e com a abertura de vias vicinais passa a ter uma relação direta com o sertão.
A policultura desde os primórdios de sua formação foi o fator de sustentação econômica e estabilidade social. O cultivo do solo iniciou-se no vale do tapacurá com destaque para as roçarias de farinha e legumes. A cultura da cana-de-açúcar chega a influenciar essas terras só em fins do século XVIII, sendo seu apogeu no inicio do século XX, onde temos quase 80 engenhos em vitória. Contudo, a vocação da cidade estava mesmo na pequena propriedade com lavouras de subsistência.
Até os dias atuais a agricultura ainda influencia no contexto urbano local. Mas o que nos preocupa durante esse processo de expansão da Cidade foi à falta de uma estrutura organizacional.
As primeiras ruas surgidas no eixo leste-oeste de ocupação apresentam uma certa lógica organizacional.Contudo, as que surgiram posteriormente apresentam sérios problemas como ruas irregulares e estreitas, acarretando o estrangulamento de uma via por outra.
A partir de 1950 começam a surgir os primeiros loteamentos na Cidade, como parcelamento do solo dos sítios já improdutivos do local. Esses loteamentos apresentavam uma malha ortogonal que não levava em consideração a topografia onde pousavam e tão pouco a conectividade com as vias já existentes no primeiro eixo de desenvolvimento.
A cidade se expandiu perifericamente de forma desestruturada, não pela falta de legislação de uso e ocupação do solo, mas de uma fiscalização efetiva para cumprimento das normas de utilização do espaço urbano.
Essas implicações se estendem a área central da Cidade e ao Bairro Histórico da Matriz onde tem se a degradação e subtilização dos espaços públicos, dos edifícios históricos e monumentos.