Voto por favores.
Falar sobre política nem sempre é tão fácil. Política é um tema muito abrangente e vasto, às vezes conflituoso, mas acima de tudo importante. Geralmente esse assunto é visto pelas pessoas como defender um candidato e derrubar o outro, é tentar persuadir o oposto com críticas muitas vezes alienadas e irreais.
Nesse artigo, não é minha intenção atacar nem defender nenhum candidato, e sim mostrar a posição de muitas pessoas em relação a eles.
Hoje vivemos em tempos eleitorais, em que nossa cidade se prepara para pôr um candidato no gabinete. Esse escolhido será por quatro anos funcionário do povo, empregado de todos nós. Ou não? Será que o novo prefeito será nosso servidor ou nosso ditador democrático? Essa pergunta é respondida com facilidade, “Será nosso servidor”. Embora isso seja verdade, aqui no Encanto eles não são vistos dessa forma. Os nossos representantes geralmente representam autoridade máxima, poder supremo – isso, claro, para algumas pessoas – . Essa percepção de políticos é errada e retrógrada.
Não estou querendo colocar ninguém como um ditador, quero aqui exaltar a falta de conhecimento da população sobre seus direitos, principalmente as pessoas mais pobres e sem escolaridade. Essas pessoas são as mais perseguidas pela política, de forma que abaixam a cabeça por cobranças e falsos favores.
Tudo isso nos leva a uma pergunta: A sociedade sabe mesmo quais são seus direitos?
As pessoas têm direito à saúde, educação, moradia, emprego, lazer, cultura, esporte, entre tantos mais. Mas, infelizmente, um remédio dado, um emprego conquistado, uma casa, entre outros, são vistos como favores de uma pessoa muito boa, o prefeito. Essas, são pessoas alienadas politicamente. Sem se tocar que tudo isso é direito deles e que eles pagam, e caro, com os impostos. Creio eu que a população esquece do que se trata o voto. Voto é uma forma autônoma de escolha. O que passa a ser, com conseqüência dessa alienação, uma forma de retribuir aos favores feitos.
Dependendo do resultado dessas eleições de 2008, o Encanto optará pela continuação ou pela mudança. Mas uma coisa não mudará em nossa cidade: o senso de democracia. Não importa o candidato que tomar posse dia 1º de Janeiro do próximo ano, essa idéia de voto por favores não mudará.
Espero ansiosamente pelo tempo em que o medo será substituído pelo senso crítico. Somente quando esse tempo chegar teremos uma sociedade realmente democrática.
Ronaldo Santos tem 16 anos, é estudante do 3º ano do Ensino Médio da Escola Estadual “Cid Rosado”, Encanto-RN.