"YOLANDA a musa de PABLO MILANÉS"
IOLANDA
Esta canção é mais que mais uma canção/
Quem dera fosse uma declaração de amor/
Romântica, sem perder a justa forma/
Do que me vem de forma assim tão caudalosa
(...)/ Iolanda, Iolanda, eternamente Iolanda...
(Pablo Milanés, versão do Chico Buarque).
A DECLARAÇÃO DE AMOR
O compositor cubano Pablo Milanés precisou se ausentar de Havana logo depois do nascimento da primeira filha, Linn.
Comovido com a paternidade e apaixonado pela mulher, Yolanda Benet, ele voltou para casa com a letra e a melodia de uma explícita declaração de amor na bagagem. Era "Yolanda", um dos maiores sucessos de sua carreira.
Eles tiveram três filhas, em um casamento que durou cinco anos. A canção teve vida longa. Desde 1970, a música ganhou interpretações em vários países. No Brasil, a versão é de Chico Buarque e foi gravada primeiro por Simone no disco "Desejos", de 1984.
"Já regravei 'Iolanda' seis vezes e não posso deixar de cantar nos meus shows. Acho que todo mundo gostaria de ser ela ou ouvir de alguém o que diz a música", afirma Simone.
É com orgulho que Yolanda, hoje uma alegre e falante avó de quatro netos, se lembra daquele tempo. Separada pela segunda vez, mora em Havana e escreve um romance baseado nos conflitos entre um cubano que ficou na ilha e outro que emigrou para os Estados Unidos.
Yolanda Benet:
"Conheci Pablo na casa de um amigo comum, em Havana. Eu tinha 23 anos e era continuísta de cinema. Casualmente, três dias depois começamos a trabalhar juntos em um filme e nos apaixonamos. Pablo compôs 'Yolanda' quando nossa primeira filha tinha dez dias. Ficou chateado por ter de viajar. Quando regressou, trouxe a canção. Eu estava com Linn nos braços, dando-lhe o peito, e ele me disse: 'Olha o que fiz para você'. Pegou o violão e cantou 'Yolanda'.
É uma sensação inesquecível. Não posso traduzir a emoção que até hoje sinto quando me recordo dessas coisas.
Nunca houve momento mais importante em minha vida. Ali estava resumido tudo o que ele sentia, todo o amor que sentíamos um pelo outro. Foi muito emocionante.
Pensei que aquela canção era algo íntimo, que só eu poderia compreender o que Pablo estava dizendo.
Mas parece que ele fez com tanto amor que todos são capazes de entender. É uma música que se canta no mundo inteiro.
Ele já quis tirá-la do repertório e nunca conseguiu.
É impressionante como as coisas do coração transcendem.
Ao mesmo tempo, sinto que cada pedacinho da letra é um pedacinho do que vivemos. A letra é algo muito pessoal para mim, falar sobre ela é como falar de minha intimidade, até me incomoda.
Nunca deixei de ser amiga de Pablo.
Entre nós nunca existiram rancores. Duas de nossas filhas são cantoras. Há pouco tempo cantaram a canção em um show com o pai, em duas vozes. Me acabei em lágrimas.
Sempre me emociono com a música, sobretudo quando a cantam bem.
Gosto da versão brasileira, de como Simone e Chico Buarque cantam. Vi Chico uma vez na casa de Pablo, mas não tive o prazer de conversar com ele. Fomos apresentados também em um hotel, em Varadero, mas ele não deve se lembrar. Estávamos em um grupo e pedi que não dissessem que eu era a Yolanda da música.
Não gosto de usar isso como um título. Não sei explicar o sucesso de 'Yolanda', não me considero uma mulher especial. Sou uma pessoa comum."
(*) In: http://globo.com/edic/ed116/rep_inspiracao4.htm