O PODER DO DINHEIRO

HÁ um ditado árabe,que diz:Deus castiga alguns homens,enriquecendo-os.Nada mais verdadeiro.Pessoas existem que não estão preparadas para a riqueza,enfiam os pés pelas mãos,deixam-se degradar por ela,porque permitem que a fama e a fortuna lhes subam á cabeça e,ao final,ficam mais pobres e infelizes do que eram.Nada tenho contra o dinheiro;sou uma mulher do meu tempo,eu o respeito,mas,ele é meu escravo,não meu senhor;gosto das coisas que posso comprar,da tranqüilidade que a posse dele me proporciona,das alegrias que posso distribuir ás pessoas que quero bem,de não ter que amanhecer o dia preocupada sobre como pagar as contas ou alimentar minha família;o pouco dele que vem para mim,satisfaz minhas necessidades,porque,”eu só ponho meu chapéu até onde minhas mãos alcancem”,como me ensinou meu pai.A vida me ensinou a ser previdente,a não contar com o ovo no cú da galinha,a ter sempre “algum”guardado pro futuro.Nunca mais fui pegada “com as calças na mão”,desde quando,um excelente inquilino,que tinha assinado um contrato comercial de cinco anos,saiu no terceiro.e,eu fiquei com extratos de cartões para pagar sem minha principal fonte de recursos;apertei daqui e dali,e,sem pedir empréstimo,sem precisar vender nada e,sem cair no desespero,apenas cortando gorduras,atravessei a crise,sem,sequer precisar pagar nada atrasado.Mas,valeu a lição;nunca mais dividi nada nos cartões com prazos longos e nem gastei nada além do que tinha como reserva.Os publicitários haveriam de me odiar,porque,não caio nas suas lábias;não pago milhões por um vestido,quando sei que na 25 de março ele é comprado por uma bagatela,que enfiam nele uma etiqueta de luxo e triplicam seu preço.Não troco de móveis por modismo,nem compro carro por propaganda;não vou ao mais badalado cabeleleiro da cidade,e,sim,ao mais competente,que,com certeza não desfila nos shoppings leves como uma libélula deslumbrada,com uma cara camiseta da Osklen e fala um francês “made in Brás”,só para impressionar.Desde garota que a única opinião  a meu respeito que me interessa é a minha e não vivo tentando desesperadamente agradar alguém para ser aceita.Fujo de badalações e faz muito tempo deixei de freqüentar um certo clube de elite,em Salvador,onde durante dezenas de réveillons,ouvia a mesma frase “inteligente:”As acácias estão floridas,este ano!”Preferia me refugiar nos meus livros e na música,na paz da minha casa,sem dever nem cobrar.

Fico triste quando vejo jovens despreparados para a vida,cheios de dinheiro,que lhes chegou ás mãos muito rapidamente e do mesmo jeito vai embora.A fortuna é uma deusa caprichosa e adora pregar peças aos seus escolhidos.Veja o Ronaldinho “fenômeno,por exemplo;a cada dia desce mais na escala social,mete-se com gente errada,acaba nas delegacias e nas manchetes dos tablóides,por não estar preparado para a fama,usado como coisa por clubes,treinadores,repórteres,marias-chuteiras,e,um dia,se não acordar a tempo,vai acabar “no Irajá”,como a Greta Garbo,da peça.Veja artistas famosos,mergulhados nas drogas,roídos pela insegurança e pelo assédio falso da fama,que pouco lhes dá e muito lhes tira.Estou certa?O dinheiro é como a eletricidade,tanto ilumina,como fulmina.

Miriam de Sales Oliveira
Enviado por Miriam de Sales Oliveira em 10/06/2008
Código do texto: T1027803
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