RELIGIÃO E ESPIRITUALIDADE
RELIGIÃO E ESPIRITUALIDADE
Temas de grandes complexidades, que geram polêmicas, dúvidas e um vasto ciclo de curiosidades. Deus criou o homem simples e “ignorante”, mas apesar de sua indiferença e evolução não conseguiu se desfazer da imperfeição. Ele é um ser contestador por natureza, visto que não consegui assimilar as minúcias da divindade e a noção básica de espiritualidade. Quando traduzimos ou imaginamos as nuanças do aspecto religioso pela literalidade surgem de imediato às sementes da complicação e da dúvida. Nosso grande e estimado jornalista, mestre em comunicação social, Gilmar de Carvalho, no caderno Opinião do jornal O Povo de 25 de maio de 2008, relata de uma maneira simples e inteligente um tema polêmico e que deveria ser estudado mais amiúde pelos que se dizem doutores em religião, igualdade.
“Em tempos de democracia e multiculturalidade, onde ficam as divindades indígenas, os orixás africanos, os rituais budistas, as mesas brancas kardecistas, os cultos dos evangélicos e a bricolagem umbandistas? Ateus e agnósticos não são cidadãos? Igreja e Estado não estão separados desde a República? Mas não é só o caso da padroeira que causa estranhamento. Como justificar crucifixos, nas sedes dos executivos, nos plenários e nas salas dos tribunais? Como pode prevalecer a fé da maioria, se somos todos iguais?”. Queríamos apor somente um pequeno detalhe nas conotações de Gilmar de Carvalho: O termo kardecista e mesa branca são utilizados por pessoas que desconhecem os ensinamentos da Doutrina Espírita ou Espiritismo. O Espiritismo não usa esse termo “mesa branca”. Todos nós indiferentes de raça, credo ou posição social somos filhos do Pai Maior, Deus. “Eça de Queiroz diz:” “Cada um pensa como quer, como sabe, como lhe deixam ou como lhe convém”. Uma figura de grande polecimidade para os religiosos é o “Espírito Santo”.
Causa-nos grande estranheza a existência de mais de 100 evangelhos considerados pelos papas católicos como proscritos ou apócrifos, em sua totalidade os responsáveis por esse cabedal tiveram convívio com Jesus, O Cristo. Integram a Bíblia no Novo Testamento, dois personagens que não tiveram contato direto ou indireto com o Mestre, Lucas e Marcos. Indaga-se o porquê da igreja ter tomado esse posicionamento. O fato mais intrigante dessa parafernália é que esses mesmos evangelhos já fizeram parte da Bíblia, segundo exegetas. Os sucessivos Concílios acabaram com essa prática e vieram depois a ser beneficiados por uma reconsideração e tornariam a partilhar o Livro dos livros. O livro da sabedoria, atribuído a Salomão, o Eclesiástico ou Sirac, as Odes de Salomão, o Tobit ou livro de Tobias, o livro de Macabeus e Isaías e os livros III e IV dos Macabeus. A palavra - apócrifo deriva do grego apokryphos, e do latim apokryphu que significa literalmente, “algo oculto e secreto”.
Eram livros considerados pertencentes a seitas secretas e iniciáticas e o que faziam na Bíblia? As consideradas Santas Escrituras ao serem submetidas ao rigorosíssimo processo de canonicidade, entre os meados de 285 a 400 a.C., tendo apenas 66 livros considerados como inspirados pelo “Espírito Santo”, contra 280 outros que foram expurgados e considerados apócrifos. Se todos tivessem sido aprovados a Bíblia contaria com 346 livros. O Dogma da Trindade: os ensinamentos do dogma da Trindade têm suas origens nas declarações do apologista cristão, Tertuliano de Cartago em 160 a 220 d.C., tendo afirmado em 196 d.C., a existência de três pessoas: O Pai, o Filho e o Espírito Santo, numa só palavra que valem ressalvas, já que se existe esse termo nas Bíblias atuais foram inseridas pelos homens. Nos Evangelhos apócrifos de Thomé, ele afirma que se a terceira pessoa pertencesse a Trindade, ela teria que ser feminina, visto que o feminino não gera sem a presença do masculino.
Diríamos Espírito Superior e não santo, pois essa terminologia é hominal. Vejam como é difícil interpretar as palavras de Jesus, já que o Mestre falava através de parábolas. “Jesus ao se encontrar com um jovem convida-o a segui-lo”. O jovem meio espantado ao ver a figura de Jesus disse assuntado, Mestre não posso, pois tenho que enterrar meu pai e Jesus prontamente lhe disse: “Deixai que os mortos enterrem seus mortos”. Como um morto pode enterrar outro? Outra passagem: “Deus virá julgar os vivos e os mortos, e os mortos a que Jesus se referia, eram aquelas pessoas que vieram ao mundo para praticar o mal em detrimento do bem”, os egoístas, os materialistas, os invejosos, os criminosos, os que não praticavam o amor e o perdão. Esses eram os verdadeiros mortos para Jesus. Como podemos aceitar quando alguém diz que Cristo ao exortar os escribas falou: “Aquele que blasfemar contra o Espírito Santo não tem perdão para sempre, visto que é réu de pecado eterno (Mc 3.28)”. Consultar os mortos é prática abominável ao Senhor (Dt18: 12). Essas afirmações são nuanças da religião que se diz cristã.
Jesus garantiu-nos a ressurreição (Jô 11.25). Ninguém tem perdão para sempre. Jesus foi crucificado, morto e sepultado. Então como poderíamos consultar Jesus se em deuteronômio 18:12 diz que consultar mortos é prática abominável ao Senhor. Jesus se contradiz quando faz essa afirmação? A verdade é que ele ressuscitou em Espírito, pois veio a terra como ser humano, mesmo sendo um Espírito Puro, passou por noves meses de gravidez e teve que estudar para evoluir e só veio pregar aos 30 anos. A morte não existe e sim a passagem da vida material para a espiritual (Espiritualidade) e se Jesus afirma que todos somos filhos do Altíssimo nos libertaremos do corpo da mesma maneira que ele. Por ser um Espírito Puro Jesus terá seu lugar de destaque junto ao Pai e nós como imperfeitos seremos tratados e passaremos por novas provações e expiações e Jesus afirma isso quando pronuncia que na casa de meu Pai existem muitas moradas. E lá estaremos com certeza!
ANTONIO PAIVA RODRIGUES-MEMBRO DA ACI-ALOMERCE E AAOUVIR