A ANTIGA BRIGA ENTRE POÉTICA E FILOSOFIA NA DESENCANTADA MODERNIDADE
AVENTURAS E DESVENTURAS DA RAZÃO
“Franceses, que metamorfose
Transforma os santos em lingotes de metal!
A razão brotou finalmente.
Ela aniquila os devotos;
De seus ridículos mistérios
Apaguemos até a memória;
Que nosso dogma no futuro
Seja o de sermos felizes com nossos irmãos;
Franceses, a verdade que brilha em todos os olhos,
A liberdade, a igualdade, eis os nossos deuses.”
(Léonard Bourdon. Hino patriótico relativo à
inauguração do templo da Razão)
“O destino de nossos tempos é caracterizado pela racionalização e intelectualização e, acima de tudo, pelo ‘desencantamento do mundo.’ ” (Max Weber)
Termina, no século XVIII, o cativeiro da Razão observado ao longo dos tempos históricos. Mais do que fixar um conteúdo de verdades definitivas, o papel da Filosofia Ilustrada foi o de denunciar as arbitrariedades das ilusões mistificadoras, produzidas tanto pela tradição filosófica quanto pela tradição religiosa. Esse movimento de idéias, que se cristalizou no século XVIII, tendo como precursores os chamados Filósofos Enciclopedistas (Voltaire, Montesquieu, D’Alembert, Rousseau, dentre outros) e valendo-se da oportunidade, isto é, da Europa dos monarcas esclarecidos, fez uma viagem continental repleta de aventuras, semeando ao longo do caminho a Ítaca moderna, isto é, os progressos da ciência, do direito, da tolerância, enfim, da inovação, lançando, desse modo, nas trevas, as heranças do fanatismo e da superstição. É a viagem da Razão: para não sucumbir ao canto da Sereia, que vem do passado, o Iluminismo buscou provar sua autonomia, não olhando para trás. Em “Elementos de Filosofia” (1758), D’Alembert, jovem matemático e filósofo, procurando definir a situação do espírito humano de sua época, assim se exprime com intenso entusiasmo:
“O nosso século é chamado o Século da Filosofia por excelência (...) a filosofia registrou grandes progressos entre nós. A ciência da natureza adquire a cada dia novas riquezas; a geometria, ao ampliar os seus limites, transportou seu facho para as regiões da física que se encontravam mais perto dela; o verdadeiro sistema do mundo ficou conhecido, foi desenvolvido e aperfeiçoado. Desde a Terra até Saturno, desde a história dos céus à dos insetos, a ciência da natureza mudou de feições (...) desde os princípios das ciências profundas até os fundamentos da Revelação, desde a metafísica até as questões de gosto, desde a música à moral, desde as disputas escolásticas dos teólogos até os objetos de comércio, desde os direitos dos príncipes aos direitos dos povos, desde a lei natural até as leis arbitrárias das nações, numa palavra, desde as questões que mais profundamente nos tocam até as que só superficialmente nos interessam, tudo foi discutido, analisado e, no mínimo, agitado. Uma nova luz sobre alguns objetos, uma nova obscuridade sobre vários, foi o fruto ou a conseqüência dessa efervescência geral dos espíritos: tal como o efeito do fluxo e do refluxo do oceano é carregar para as praias alguns materiais e delas afastar outros.” (Apud Cassirer 1992, pp.20-1)
Século das Luzes, do “progresso intelectual”, a Razão tem, finalmente, por si mesma, condições de auto-esclarecimento, de alcançar uma nova inteligibilidade. Como bem observa Cassirer (1992):
“Se se busca a multiplicidade, é para aí encontrar a certeza da unidade. Dedica-se à extensão do saber com o sentimento, com a segurança de que ela não vai enfraquecer e diluir o espírito mas, pelo contrário, vai reanimá-lo e ‘concentrá-lo’. (...) Todas as energias do espírito permanecem ligadas a um centro motor comum. A diversidade, a variedade das formas é tão-só o desenvolvimento e o desdobramento de uma força criadora única, de natureza homogênea. Quando o século XVIII quer ‘designar’ essa força, sintetizar numa palavra a sua natureza, recorre ao nome de ‘razão’. ” (Cassirer 1992, p.22)
Isto significa, então, que a Razão é o centro de expansão do referido século. A isto ainda se soma uma forte propensão teórica de fazer com que as idéias ganhem concretitude na existência dos homens, pois “A conciliação do ‘positivo’ e do ‘racional’ não é uma exigência puramente teórica; essa síntese é um fim acessível, um ideal realizável.” - ressalta Cassirer (1992), cotejando os escritos iluministas. Isso não só pressupõe a condição de todo pensamento científico, bem como a tendência universalizadora do discurso racional, sobretudo no que se refere ao surgimento de um novo conceito tanto de homem quanto de nação. Dessa forma, o orgulho intelectual instaura o “Tribunal da Razão” e solicita a participação da sociedade nesse espaço público regulado pela palavra livremente comunicada, isto é, pelo discurso racional.
“A razão desliga o espírito de todos os fatos simples, de todos os dados simples, de todas as crenças baseadas no testemunho da revelação, da tradição, da autoridade; só descansa depois que desmontou peça por peça (...) Mas, após esse trabalho, impõe de novo uma tarefa construtiva (...); deverá construir um novo edifício, uma verdadeira totalidade.”(Cassirer 1992, pp.32-3)
UMA NOVA HISTÓRIA... UNE NOUVELLE MÉMOIRE
A idéia de uma “Enciclopédia” sempre foi procurar transmitir, com precisão, o saber universal. Entretanto, a “Encyclopédie” de Diderot e D’Alembert foi criada “pour changer la façon commune de penser” (Apud Cassirer 1992). Na verdade, seus criadores buscaram provocar uma mutação no “modo de pensar”, ou seja, sensibilizar os leitores não só no sentido de compartilharem as idéias novas, mas também de assumirem, com autonomia, a missão de dirigir os seus próprios destinos. Em 1750, Diderot lança o seu “Prospectus”, procurando evidenciar o projeto ambicioso da obra em “traçar um quadro geral dos esforços da mente humana, em todos os gêneros, em todos os tempos.” (Diderot e D’Alembert: 1989)
Assim, o projeto da memória artificial - de A a Z -, a “Enciclopédia” de Diderot, como dicionário “raciocinado” das ciências, das artes e dos ofícios, tornou-se o “best seller” do século XVIII (Darnton: 1996). Em meio à babel de informações e da multiplicidade de colaboradores, a “Enciclopédia” - além de definir uma época - tornou-se verbete, procurando estender os seus domínios à posteridade:
“Que ela [a posteridade] diga, ao abrir nosso dicionário: Tal era então o estado das ciências e das belas-artes; que acrescente suas descobertas àquelas que teremos registrado e que a história do espírito humano e de suas produções vá, ao longo dos tempos, até os séculos mais longínquos. Que a ‘Enciclopédia’ se torne um santuário em que os conhecimentos dos homens estejam ao abrigo dos tempos e das revoluções. Não estaremos por demais lisonjeados por termos colocado seus alicerces! Que vantagem teria sido para os nossos antepassados e para nós se os trabalhos dos povos antigos, dos Egípcios, dos Caldeus, dos Gregos, dos Romanos etc., tivessem sido transmitidos numa obra Enciclopédica, que tivesse exposto ao mesmo tempo os verdadeiros princípios de suas línguas! Façamos, pois, para os séculos futuros, o que lamentamos que os séculos passados não tenham feito para o nosso.” (Diderot e D’Alembert 1989, p.147)
Na conclusão do volumoso “The business of Enlightement” (1979), o autor, Robert Darnton - historiador americano - procura ressaltar que somente um século filosófico foi capaz de tentar elaborar uma “Enciclopédia”: foi a mais famosa de todas as experiências na popularização do conhecimento! Ela foi a obra máxima, o ‘best seller’ do Iluminismo. Na verdade, a “Enciclopédia”, converteu-se “na corporificação do Iluminismo” (1). Passando de um estágio de especulação abstrata para um vasto público leitor, a “Enciclopédia,” na qualidade de “best seller”, demonstra a capacidade de atração que o ideário iluminista exerceu entre as várias camadas sociais francesas, inclusive entre as massas que fizeram a Revolução de 1789 (2).
Dessa forma, independente da localização geográfica, a voz da liberdade - por meio do conjunto de autores iluministas que a cultura francesa daquela época produziu - atravessou continentes. Discursos inflamados empolgavam o povo:
“Eu vi a Bastilha e mil outras prisões cheias de bravos
cidadãos, súditos fiéis.
Eu vi o povo miserável sob uma rigorosa servidão.
Eu vi a soldadesca morrendo de fome, sede... e raiva
Eu vi o diabo disfarçado de mulher... governando o reino...
Eu vi Port-Royal demolido.
Eu vi - e isto diz tudo - um jesuíta adorado...Eu vi esses males, e ainda não
tenho 20 anos de idade.” (3) ( A.L.Le Brun, J’ai vu )
Voltaire, poeta e prosador francês, cuja influência literária e social foi enorme - haja vista tratar-se de um brilhante e “perigoso” satírico de sua época -, em seu “Traité de métaphysique” ( cap. V ), seguindo as premissas de uma teoria do conhecimento newtoniana, inspirada na intervenção e no controle da natureza, afirma que:
“A benevolência da natureza colocou, porém, uma bengala nas mãos do cego que é a análise. Munido dessa bengala ele vai poder abrir caminho entre as aparências, ser informado dos seus efeitos e de seu ordenamento, de nada mais necessitando para orientar-nos intelectualmente, para organizar sua vida e a ciência (...) Sempre que nos é impossível ter a ajuda da ‘bússola da matemática’ e do ‘farol da experiência e da física’ para guiar o nosso rumo, é mais do que certo que não podemos avançar um só passo’. Contudo, ‘de posse desses dois instrumentos, vamos poder e devemos arriscar-nos no mar alto do saber’.” (os grifos assinalados com ‘ ou ’ são nossos) (Apud Cassirer 1992, p.31)
Contudo, durante o percurso dessa grandiosa odisséia, rota extraviada, rumo perdido!
“I.
A maçã
cai
e os astros
dançam! ...
Nessa experiência assustadora, o viajante é o navegador de rumo perdido, cuja chegada nunca é definitiva, pois Ítaca:
“não pode se identificar com a ilha odisséia de um possível regresso. Converteu-se antes na rota de toda uma vida que, em busca de qualquer lugar, vai de nenhum lugar a lugar nenhum.” (Subirats: 1986)
... II.
O abismo atrai
O abismo: caio
em
mim.” (Orides Fontela. “Newton ou A gravidade”)
A ILHA DAS VERTIGENS
“Alto à sestra Thor troou: em fúria forte o bigorneiro. Veio então o temporal”(...) (4) ( Loud on left Thor thundered : in anger awful the hammerhurler. Came now the storm... ) (5), the fall. The great fall:
“...(bababadalgaraghtakamminarronnkonnbronntonnerronntuonnnthunntrovarrhounawnskawntoohoohoordenenthurnuk! )...”, ‘a força que leva o homem a buscar abrigo mas o faz começar a construir civilizações...’ ” (6);
O pecado original:
“riocorrente, depois de Eva e Adão, do desvio da praia à dobra da baía, devolve-nos por um cômodo vicus de recirculação de volta a Howth Castle Ecercanias...” (Joyce : 1976) (7)
(“riverrun, past Eve and Adam’s, from swerve of shore to bend of bay, bring us by a commodius vicus of recirculation back to Howth Castle and Environs.”)
Excesso de Razão... Os riscos da Razão:
“... traçam-se riscos no chão, enterram-se estacas, cavam-se buracos; um corte nos revela por sob a natureza deserta uma poderosa rede de sapas e de filões: nasceu uma mina (...) o homem enciclopédico mina a natureza toda com sinais humanos; na paisagem enciclopédica nunca ficamos sozinhos...”
(Barthes 1974, p.28)
Vertigens... Tormentas ideológicas, utópicas! A Ilustração faz escala na Revolução. França, 1789: o acontecer histórico passa a ser vivido como transformação, orientado pelos ideais da Ilustração: Liberdade, Igualdade e Fraternidade:
“A viagem a Ítaca coincide com a experiência social e histórica realizada pelo sujeito da sociedade burguesa. Ele se constitui na e pela mesma razão que rege o processo de produção social (...) como a produção social, sua estrutura espiritual é determinada pela acumulação de saberes e poderes, de capacidades e técnicas, de equipamentos, organizações e domínios.” (Subirats 1986, p.75) (8)
No céu enciclopédico é rara a presença do mal, ressalta Roland Barthes (1974).
Avanços constantes e crescentes. A idéia da história realiza-se como progresso. Um filósofo alemão é espectador da Revolução, geograficamente próxima: Immanuel Kant. A Tomada da Bastilha alterou seu passeio diário. Ressaltando novos aspectos dos acontecimentos de 1789, Kant aponta para uma outra abordagem do tema do progresso e da possibilidade de uma história “a priori”, dando preferência à destinação natural dos elementos mais avançados da humanidade em constituir um “espaço público” fundado na liberdade e autonomia do pensamento, em cujo seio o homem pode decidir racionalmente seu futuro num progresso contínuo em direção ao melhor. A Revolução, para o velho Kant, é filha das “Luzes”, do ideal iluminista, que ele define como:
“ (...) a emergência do homem de sua imaturidade auto-incursa. Imaturidade é a incapacidade de usar o próprio entendimento sem o auxílio de outrem (...) Assim, a divisa do iluminismo deve ser: ‘Sapere Aude’. Tenha a coragem de usar seu próprio entendimento!” (Kant: 1982) (9)
Contudo, há um abismo entre o republicanismo kantiano e a jovem República Francesa, já que a Revolução, para Kant, como afirmação da liberdade humana, revela sua face sombria, isto é, a liberdade é, também, liberdade para o mal. Então,
“para o iluminismo, tudo o que é necessário é a ‘liberdade...’” (10),
para o homem como ser racional e livre, e não para o homem como ser sensível e portador de inclinações, cuja liberdade é radicalmente pervertida. Para Kant, as três paixões fundamentais do homem, isto é, busca de projeção (“Ehrsucht”), ânsia de dominação (“Herrschsucht”) e cobiça (“Habsucht”) têm algo de desmedido. Superadas tais tendências,
“... dão-se então os primeiros verdadeiros passos que levarão da rudeza à cultura, que consiste propriamente no valor social do homem; aí desenvolvem-se aos poucos todos os talentos, forma-se o gosto e tem início, através de um progressivo iluminar-se (‘Aufklarung’), a fundação de um modo de pensar que pode transformar, com o tempo, as toscas disposições naturais para o discernimento moral em princípios práticos determinados e assim finalmente transformar um acordo extorquido ‘patologicamente’ para uma sociedade em um ‘ todo moral’. ” (Kant 1986 , pp.13-4 )
Assim, para Kant, as problemáticas da liberdade e do mal são entendidas sob um ponto de vista moral. E prossegue, o filósofo alemão, em sua “cruzada iluminista”:
“a liberdade em questão é a de forma mais inócua de todas - a liberdade para fazer ‘uso público’ da razão em todos os assuntos (...) o uso público da razão deve sempre ser livre e somente ele promoverá o iluminismo; o uso‘privado’ da razão muitas vezes é muito restrito, embora não prejudique o progresso do iluminismo.” (11)
A “LEI DE MOISÉS”: PEDAGOGIA KANTIANA OU EMPRESA DE ADESTRAMENTO?
A fim de que o verdadeiro homem se realize e se distinga do animal (pois a razão é liberdade) é preciso educá-lo. Os desígnios da razão devem prevalecer sobre os sentidos, pois o homem, segundo Kant, é a única criatura que deve ser educada. Nesse caso, o homem não é naturalmente bom desde o seu nascimento, como acreditara Jean-Jacques Rousseau.
Para Kant, um imperativo nada mais é do que um mandamento. A lei fundamental da razão prática proclama: “Age de tal modo que a máxima da tua vontade possa valer sempre ao mesmo tempo como princípio de uma legislação universal”(12), para que a humanidade alcance o fim da evolução histórica, ou seja, a moralidade.
Nesse sentido, quanto à concepção kantiana de educação, sua principal finalidade é fazer com que o fim da educação coincida com a moralidade, pois
“A educação é uma arte, cuja prática necessita ser aperfeiçoada por várias gerações. Cada geração, de posse dos conhecimentos das gerações precedentes, está sempre melhor aparelhada para exercer uma educação que desenvolva todas as disposições naturais na justa proporção e de conformidade com a finalidade daquelas, e, assim, guie toda a humana espécie a seu destino.” ( Kant 1996 , p.19)
Na educação, segundo Kant, o homem deve ser disciplinado para poder superar a natureza selvagem; deve se tornar culto, porque a cultura é provedora de habilidades infinitas; deve se tornar prudente, o que implica uma convivência social harmoniosa, regida por gestos de gentileza em cada ato ou gesto; deve cuidar da moralização, escolhendo apenas os bons fins, isto é, aqueles aprovados por todos e, ao mesmo tempo, enquanto fins de cada um; enfim, deve se tornar o “ser moral”.
Todavia, um dos grandes problemas da educação para Kant é: como conciliar a submissão ao constrangimento da lei moral combinada com a liberdade? Pela coerção, responde Kant, pois a coerção é necessária! A lei moral tem de possuir eficácia! Contudo, essa eficácia negativa sobre as inclinações naturais e suas exclusões, não basta. É preciso haver o lado prescritivo, ou seja, no respeito pela lei moral, mantemos a liberdade, e as inclinações ficam sobre o controle do respeito à lei. Quando a lei diminui a oposição, ela consegue um resultado parcial; quando a lei humilha, aí ela consegue o máximo respeito. Nesse caso, o respeito pela lei é positivo, porque é um efeito da própria razão, jamais suscitado pela sensibilidade. O sentimento positivo diante da lei não é de origem empírica, é “a priori”; este sentimento é único, porque nós o conhecemos “a priori” e podemos ver que é necessário. É sentimento moral, porque é produto da razão e fundamentalmente lei objetiva, para fazer da lei uma máxima. De acordo com Kant, nós só devemos agir por máximas. Noutras palavras, o respeito pela lei é positivo porque é um efeito da própria razão:
“É preciso habituar o educando a suportar que a sua liberdade seja submetida ao constrangimento de outrem e que, ao mesmo tempo, dirija corretamente a sua liberdade (...) É necessário que ele sinta logo a inevitável resistência da sociedade, para que aprenda a conhecer o quanto é difícil bastar-se a si mesmo, tolerar as privações e adquirir o que é necessário para tornar-se independente...” ( Kant 1996, p.34)
Limites!! O piloto da razão kantiana priva o sujeito empírico de qualquer autonomia espontânea, pois a voz de comando do piloto soberano brada:
“ ‘Discuta’ quanto quiser e sobre o que quiser, ‘mas, obedeça’ !” (13)
Nesse caso, Filosofia e sistema se identificam?!
O cenário parece pronto: abre-se a cortina negra. Ressoa o murmúrio poético-filosófico de Cioran (1989), sem disfarçar seu pirronismo niilista:
“Afastei-me da filosofia no momento em que se tornou impossível para mim descobrir em Kant alguma fraqueza humana, algum acento de verdadeira tristeza; em Kant e em todos os filósofos.” (Cioran: 1989)
Giram, dançarinas e agônicas, as palavras na poética do fragmento. O jogo não cessa:
“Duas coisas admiro: a dura lei
cobrindo-me
e o estrelado céu
dentro de mim.” (Orides Fontela. “Kant : relido”)
Barbarismo linguístico!!:
A AURORA COM ... “PURAS UNHAS NO ALTO AR DEDICANDO SEUS ÔNIX” ( ) ... , CONVIDA O SOL NADIR A QUEIMAR A DEFUNTA MODERNIDADE... (14)
A humanidade rompeu com os deuses! Não haverá mais deuses!
Entretanto, o que vemos? A grande desventura do “Lógos” prepotente, quando ele se propõe a salvar o mundo:
“Mais alguns anos de atrocidades diversas, na Bósnia, em Ruanda ou em outro lugar, e nosso século estará terminado.
Nos anais da história, ele merecerá, com justiça, o grande prêmio do horror. Procuraríamos em vão: nenhuma época viu tantos crimes de perpetrarem em escala planetária. Crimes em massa, organizados racionalmente e a sangue-frio. Crimes originados por uma insondável perversão do pensamento - perversão cujo símbolo será, para sempre, o nome de ‘Auschwitz’.” (Delacampagne 1997, p.11)
Fins do mundo houve muitos...
A escritura barroca oferece-se, então, para pensar a atualidade, com os conteúdos da época barroca - dilacerada entre a fé cristã e as prerrogativas do sujeito, que descobriu a terra em movimento. Naquele momento histórico, tudo desmoronou, pois, o que a filosofia sustentava, ruiu! Para os gregos existia uma abóbada celeste, que tinha um curso cíclico, eterno; para o medievo havia a crença e a segurança na história da salvação eterna da alma...
E agora, não?! Não há nenhum ponto fixo lá fora! “ O silêncio eterno desses espaços infinitos me assusta” (Pascal). Não se pode apoiar em nada, porque não há mais ponto de referência que garanta a verdade do conhecimento; alegoria barroca ou “Trauerspiel” (jogo fúnebre): “o mundo barroco é auto-suficiente e se limita à elaboração de sua própria substância” - o sentido único das coisas não pode ser encontrado. Estilo “bombástico” - segundo Walter Benjamin -, a vertigem diante do precipício predominou sobre a força do pensamento. A imagem escrita e o som linguístico inebriante do Barroco “forçou o olhar a descer à profundidade da linguagem.” (Benjamin: 1984)
Interpretação alegórica, na qual um significante remete a outros significantes, sem jamais alcançar um sentido único; tema da transitoriedade da vida humana, desenvolvendo-se em torno de metáforas e imagens indicadoras da caducidade das coisas - portanto, estética da contra-Modernidade - o resgate do barroco é uma política literária transformadora de formas poéticas que instiga, sobretudo, o abandono do legado dogmático iluminista presente em nossas mentalidades.
Assim, orgias do verbo: entrelaçamento da imagem e da razão. Vaticínios do titânico e implacável jesuíta:
“Abriu-se a terra. Caíram todos, tornou-se a cerrar para tôda a Eternidade. Eternidade. Eternidade. Eternidade.” (Pde. Vieira: 1961 )
Desdobramentos das “alegorias espremidas até o bagaço” (15):
“Chovem golpes, voam pedras: uns ferem, outros caem. Todos correm e acodem sem saber a quem, uns incitados do ódio e da ira. Outros sem ira nem ódio. Tudo é grito, tudo desordem, tudo confusão.” (Pde. Vieira: 1993)
(16)
Um giro a mais, e ouvimos o murmúrio noturno da experiência barroca na escritura poética de Gregório de Matos (1993):
“Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,
Depois da Luz se segue a noite escura...”
(Gregório de Matos. “Poesia Religiosa”)
Moraliza, então, o “Boca do Inferno”, “queimando” seus inimigos. Moraliza o doutor Gregório Gadanha: “... nos ocidentes do sol a inconstância dos bens do mundo”. (Gregório de Matos: 1993)
Ambientação barroca, tornado dionisíaco! Crescem os pavores e as lamúrias na incendiada Tróia:
“Olhai das coisas. Deste império esteios,
Os deuses, desertando aras e templos,
Foram-se todos; à cidade acesa
Tarde acorreis: morramos pelas armas
Rompamos. Salvação para os vencidos
Uma, esperarem salvação nenhuma (...)
Tróia, abrindo caminho, atravessamos: (...)
A soberana antiga das cidades
Baqueia; e de cadáveres sem conto
Ruas , casas, vestíbulos sagrados
Se alastram (...)” (Virgílio 1948, p.135)
(“... ye may see:
Gone are the gods, from shrine and altar fled,
Aye, one and all, by whom this empire stood:
The town ye seek to succour is in flames;
Then die we, plunging into the battle’s midst;
One safety hath defeat - to hope for none!’(...)
Thridding the city’s midst : (...)
Stoops to her fall our ancient city, she
The empress of the ages. Through her streets
And homes, and hallowed thersholds of the gods,
Heap upon heap the dead lie strewn and stark (...)” ) (17)
Cenários de horrores. À frente Pirro ... _ Eu vi Pirro!:
“... a machadadas racha os umbrais duros, ...
... Eu vi Pirro na brecha encarniçado...
... Os tesouros de Tróia em montões vejo,
De acesos tectos, saqueados templos,
Vasos de ouro maciço, alfaias, mesas,
Vestes sacerdotais: à roda em fila
Estão pávidas mães, tenros meninos.” (Idem, pp.138-9;146)
(“ ... Pyrrhus exults ...
In front of all,
Gripping a two-edged axe , himself is there
Bursting the tough, and from their
hinge ...
... I myself
Saw mad with slaugther Neoptolemus, ...
... Troy’s plundered treasure - tables of the gods,
Cups all of gold, and captive raiment , lie
Massed in a heap. About it in long line
Stand boys and trembling matrons.”)
A filosofia decomposta em aforismos desesperados:
“Só começamos a viver realmente no final da filosofia, sobre suas ruínas, quando compreendemos sua terrível nulidade, e que era inútil recorrer a ela, incapaz de qualquer auxílio ...” (Cioran: 1989)
A alquimia do verbo. Dizer muita coisa com poucas palavras:
“Vôo onde ninguém mais - vivo em luz
mínima
ouço o mínimo arfar - farejo o
sangue
e capturo
a presa
em pleno escuro.” (Orides Fontela. “Coruja”)
“... se Nietzsche soçobrou, foi como poeta e visionário: expiou seus êxtases, não seus raciocínios...” (Cioran: 1989)
CARCAÇA, TU TREMES? (18) DEUS ESTÁ MORTO!
Cercado de abismos por todos os lados, o homem oscila no chão da Modernidade. O sentimento de contingência cruza o horizonte da Modernidade. Contudo, a arrogância do “logos” insiste que os eixos do mundo gire em torno dela.
Recusando uma teoria do conhecimento, “a posição de Nietzsche já estava firmada desde o primeiro momento: a arte é mais importante do que a ciência” ( Machado: 1985). Vontade de potência, a arte provoca um desencadeamento de forças: deflagra um chamamento à vontade apreciativa de potência. Ao contrário, a moral atesta um deficiência de forças: remete aos instintos mais fracos. Exigindo uma moral para além do bem e do mal, da verdade e do erro, “é indigno de um filósofo declarar: o bom e o belo são a mesma coisa: se, além disso, ele acrescenta ‘também o verdadeiro’ ele merece uma paulada. A verdade é feia: nós temos a arte, a fim de que a verdade não nos mate”.
(Machado: 1985)
Combatendo e denunciando pré-juízos e convicções, numa passagem do “Crepúsculo dos Ídolos” (1888), Nietzsche, com suas múltiplas provocações poético-filosóficas, adverte e ironiza quanto à atrelagem do sujeito racional aos ditames da razão desencarnada, pretensamente a única livre para a epistemologia kantiana:
“De uma promoção doutoral:
_ Qual é a preocupação de todo o sistema educativo superior?
_ Do homem fazer uma máquina.
_ Qual o meio para o conseguir?
_ Deve aprender, aborrecer-se.
_ Como é que isso se consegue?
_ Através do conceito de dever.
_ Qual o modelo para tal?
_ O filólogo: ensina a ‘empinar’.
_ Quem é o homem perfeito?
_ O funcionário estatal.
_Qual a filosofia que proporciona a fórmula mais elevada para o funcionário estatal?
_ A de Kant: o funcionário estatal como coisa em si instituído em juiz sobre o funcionário estatal enquanto fenômeno.” (Nietzsche 1988, p.88)
A única possibilidade de vida está na arte, insiste Nietzche, pois, “de outro modo nos desviamos da vida. O movimento instintivo das ciências é o aniquilamento completo da ilusão. Assim, se não houvesse arte, a conseqüência seria o quietismo.” (Machado: 1985)
A partir desses ângulos, não deveria a Filosofia Crítica ser submetida a um urgente reexame, na medida em que acaba fazendo do despotismo ilustrado a própria condição do Iluminismo ou da “Aufklarung”? alicerce, aliás, do mundo hodierno!
De outra parte, examinando o conceito kantiano de razão, o que nos parece mais problemático é que o trabalho de exploração teórica kantiana, na elaboração do conceito de liberdade, acoplado ao conceito de lei moral, regido pelo imperativo “age como uma vontade que institui, com suas máximas, uma legislação universal”, impõe-se como um exercício de racionalidade que se quer livre mediante a negação de pensar o mal. Logo, se não existe, nos limites da razão pura, resposta para o enigma do mal, elevemos a noção de responsabilidade humana ao mais alto grau, a fim de redefinirmos a essência humana pela liberdade e pela razão prática, preconiza Kant.
Todavia, o reverso desta expectativa foi que a história, rumo à Modernidade, tomou rotas inesperadas, numa odisséia infernal: Auschwitz; destruição dos ecossistemas; ameaças de destruição nuclear; Hiroxima; desagregação da sociedade; apoteose do consumo de massa; escatologias revolucionárias; irrupção dos regimes políticos totalitários no século XX; desestabilização acelerada das personalidades; culto ao individualismo...Amanhecer do século XXI: terrorismo globalizado, violência generalizada, Torres Gêmeas e a guerra brutal no Iraque etc. etc., empurrando, dessa forma, a humanidade para situações imprevistas, desconhecidas, revelando o homem, no seu “vir a ser”, como sujeito capaz de tomar múltiplas figurações, monstruosas figurações, que nos remetem a repensar o próprio conceito de homem.
PERVERS(I)T(A)S - Latim: “Extravagância, desvario, depravação, corrupção, vício, perversão (...) uma queda final e irrevogável, o espírito de ‘perversidade’ ” (Faria: 1955)
Lendo e repondo Edgar Allan Poe (19), o poeta francês Baudelaire desarma as restrições kantianas, que tratam de decifrar o sentido do mal. O espírito de perversidade?:
“ Dessa força, a filosofia não se ocupa.” (Baudelaire. “Obras Estéticas”)
Insisti a imaginação criadora baudelairiana nos versos de Gautier, lançando-nos diante de uma sombria metáfora:
“Fechemos todas as saídas, fechemos a porta com duas voltas de chave, calafetemos as janelas. Oh! esquecemos o buraco da fechadura; o Diabo já entrou.” (Idem acima)
O mal vem de longe e jamais se deixa intimidar!
“Enquanto esse cuspir vermelho da metralha
Silva no céu azul o dia inteiro, e logo,
Verdes ou rubros, junto ao Rei que os achincalha,
Tombam os batalhões em massa sob o fogo;
Enquanto a insânia horrenda arde num fogaréu
Cem mil homens e os deixa fumegar, demente,
_ Pobres mortos! na relva, ao sol do estio, em teu
Seio, Natura, ó tu que os criaste santamente! ...” (Arthur Rimbaud. “O Mal”)
Existe de fato o mal? É preciso, então, pensar o mal? Não fiquemos fora disso, visto...
“que a filosofia e a teologia consideram o mal como um ‘desafio’ sem igual, os maiores pensadores em uma ou outra disciplina, concordam em confessá-lo, por vezes com grande alarde. O importante não é esta confissão, mas o modo pelo qual o desafio, e até mesmo o fracasso, é recebido: seria um convite a pensar menos ou uma provocação a pensar mais, ou até mesmo a pensar diferentemente?” (Paul Ricouer 1988, p.21)
A PULVERIZAÇÃO DA EXPERIÊNCIA E A BANALIZAÇÃO DO MAL
O TÉMPORA, O MORES! IN BRASÍLIA (Oh! que tempos e que costumes!)
“Estive fora. Acompanhei de longe o caso dos meninos que atearam fogo num índio em Brasília (...) [A MALDADE] recusamo-nos, de acordo com os cânones da Modernidade, a admitir a sua existência. Estamos sempre à procura de explicações. (...) Admitir que o mal não pode ser de todo erradicado, que devemos lutar sem perspectiva de vitória definitiva, parece-me fundamental para a compreensão da condição humana. (...) Quando adolescentes queimam vivo um pai de família pela excitação de fazê-lo, não há o que compreender...” (André Lara Resende. “Melancólica lembrança”. Folha de São Paulo. 13 maio 1987. Opinião, p.I-2)
BARBARIA IN BRASÍLIA!
Comecemos, procurando recensear as principais acepções de alguns termos no dicionário:
“Maldade”. [Do lat. malitate ] S.f. 1. Qualidade ou caráter de mau; perversidade, crueldade; iniqüidade; malvadez ...
“Barbárie”. [Do lat. barbarie.] S.f. Estado ou condição de bárbaro; barbarismo.
Ou então,
“Bárbaro”. [Do gr. bárbaros, pelo lat. barbaru] Adj. 1. Entre os gregos e romanos, o que era estrangeiro. 2. Sem civilização; selvagem, grosseiro, rude,inculto. 3. Cruel, desumano, sanguinário...
Parece-nos que as definições, acima transcritas, do clássico “Novo Dicionário da Língua Portuguesa” são insatisfatórias, porque, paradoxalmente, cultura e educação formal não faltaram aos civilizados adolescentes pertencentes à elite brasiliense.
Devemos concluir, então, que não há nada a pensar, a entender, a compreender, a fazer em nossa Modernidade tardia, globalizada e desencantada?
NOTAS
1. Cf. Robert Darnton. O Iluminismo como negócio. S.Paulo: Cia das Letras, 1996, p.401.
2. Cf. Idem, p.407.
3. Diatribe datada de 1717, tendo por alvo a corte de Luís XIV. O verdadeiro autor A.L. le Brun, pediu, posteriormente, perdão a Voltaire por havê-lo deixado levar a culpa pela composição desta diatribe. Cf. Durant, Will. “A Era de Voltaire”. In DURANT, Will, DURANT, Ariel. História da Civilização. Rio de Janeiro: Editora Record. v.9, p.30-1, 1975.
4. Joyce, James. Ulisses. 8 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1993, p.292.
5. As citações das obras de James Joyce “Ulisses” e “Finnegans Wake” serão cotejadas seguindo as edições:
First Vintage Books Edition, New York, 1986.
Librairie Gallimard .Traduction August Morel et Stuart Gilbert. Paris, 1948;
e,
Penguin Books, New York, 1976.
Éditions Gallimard. Traduction Philippe Lavergne. 1982; respectivamente.
6. Burguess, Anthony. Homem Comum Enfim: uma introdução a James Joyce para o leitor comum. São Paulo: Companhia das Letras, 1994, p.29. Neste livro, a obra de Joyce é analisada por um de seus mais apaixonados admiradores, o escritor inglês Anthony Burguess. As cem letras, que compõe o trovão (nas obras de James Joyce é, sempre, a voz de um Deus colérico), é um dos personagens de “Finnegans Wake”, último trabalho de Joyce. O motivo do trovão aparece dez vezes em “Finnegans...”, e tanto os números (10 e 100) quanto as palavras onomatopéicas sugerem o encerramento de um ciclo (Cf. Paulo Vizioli, ‘James Joyce e sua obra literária’(1991): cf. nota de rodapé 106, p.118.
7. Essa citação foi-nos suscitada pela leitura de Panorama do Finnegans Wake:11 fragmentos. Tradução Augusto e Haroldo de Campos. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado, 1962.
8. O tema sobre o triunfo da racionalidade tecnocientífica, na esfera da cultura contemporânea, é muito bem elaborado na obra de Eduardo Subirats “A cultura como espetáculo” (1989).
9. Resposta de Kant à pergunta: “O que é Iluminismo”. In Humanidades: R. da UnB. Brasília, v.l, pp.49-53, out/dezembro 1982.
10. Id., ibid., p.50
11. Id., ibid., p.50
12. Immanuel Kant. Crítica da Razão Prática. Tradução Artur Morão. Lisboa: Edições 70, 1994, p.42.
13. Immanuel Kant, in op.cit., p.50.
14. Interpolação do “topos” homérico: “Mal raiou a filha da manhã, Aurora de róseos dedos...”. In HOMERO. Odisséia. Tradução Jaime Bruna. 10 ed. São Paulo: Cultrix, 1994; em conjunto com um verso do famoso poema de Mallarmé “Pequena Ária”. In CAMPOS, Augusto de, PIGNATARI, Décio, CAMPOS, Haroldo. Mallarmé. 3 ed. São Paulo: Ed. Perspectiva, 1991.
15. Meyer, Augusto. “Vieira”. In Textos Críticos. São Paulo: Perspectiva, 1986, p.283.
16. Cf. “Barroco & Neobarroco”. Folha de São Paulo. São Paulo, 7 fevereiro 1993, ‘Caderno Mais’. O campo argumentativo de alguns ensaios do referido caderno de cultura, especialmente do cineasta Julio Bressane, foi desdobrado no presente texto.
17. As citações das obras de Vírgilio foram cotejadas segundo a edição da Encyclopaedia Britannica, Inc. Translated by James Rhoades. Chicago: USA, 1952.
18. Epígrafe destinada ao parágrafo 343: “A Gaia Ciência”, de Friedrich Nietzsche. Transcrevemos aqui a epígrafe integralmente: “Carcaça, tu tremes? Tremerias mais ainda se soubesses aonde te levo” (Turenne).
19. Referimo-nos à leitura interpretativa de Charles Baudelaire do conto “O gato preto”, de Edgar Allan Poe. Cf. Obras Estéticas: filosofia da imaginação criadora. Rio de Janeiro: Vozes, 1993, p.33.
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PROF. DR. SÍLVIO MEDEIROS
verão de 2006