País dos "entendidos"
Incrível como somos tão iguais e tão diferentes. Não importa se é rico, pobre, analfabeto ou Phd, somos alienados por ideologias que adotamos e impomos como "verdade". Impomos a nossa "verdade", como absoluta e única opção a todos. Quem é contra ou diverge em algum ponto, logo é massacrado e seria "fuzilado", literalmente, caso a vontade de uma parte de nós prevalecesse.
Usamos a afinidade política, a religião, o time "de coração", como meios de impor nossa visão ridiculamente preconceituosa e débil sobre qualquer coisa.
Somos os "entendidos" sobre tudo. Basta colocar um tema em pauta e pronto, já temos a "verdade" absoluta como uma espada a aniquilar quem quer que ouse contrariá-la ou duvidar de sua límpida e inquestionável "certeza", mesmo que baseada em achismos, opiniões ou interpretações pessoais, impostas como "evidências".
Me impressiona o fato de que muitos doutores, que estudaram o que é "evidência" e deveriam saber a diferença entre "indícios", "fatos", "falácias" e "informações", ainda são tão ou mais alienados do que analfabetos.
O termo "sem noção" cabe muito bem a muitos doutores, que usam todo e qualquer conhecimento, não para crescerem e desenvolverem a si mesmos, mas para tentar credibilizar suas convicções pré concebidas. Seguem seus ídolos e seus dogmas, sem se perguntarem se haveria outra "verdade", outra forma de ver as coisas. Alienados.
Todos temos o dom da inteligência para respondermos às nossas perguntas, analisarmos o que nos rodeia e o que podemos fazer para o outro, para o coletivo. Mas ainda somos medíocres, impositores, imbuídos em impor nossos preconceitos, enquanto nem mesmo somos capazes de admití-los.
Negamos nossos preconceitos, apontando os dos outros. Não importa de que "tipo" somos e nos declaramos. Seja branco, negro, vermelho, amarelo, hétero, bi, tri, corintiano, palmeirense, vascaino, católico, TJ, Iurd, umbandista, padre, freira, pastor, beato ou ateu...somos preconceituosos, pois assim somos criados. E isso não é o que importa. O que importa é como agimos perante o próximo, perante os diferentes de nós...como compreendemos nossos preconceitos e os superamos para aceitar a todos e não discriminar ninguém.
É duro ver "entendidos" falando como se fossem os representantes legítimos de um grupo, seja uma nação (os que se acham os "brasileiros", contra os demais), uma religião (os "salvos" "abençoados", contra os "pecadores"), um esporte (os "melhores" contra os demais "piores", sem nem mesmo jogar, mas como apenas torcedores). Sabem de tudo, mas não são capazes de enxergar o próprio umbigo, as próprias deficiências, a própria ignorância.
Calar a boca pode ser uma boa atitude e um primeiro passo, sempre que intencionamos discriminar alguém. Tentar enxergar o outro, entender seu posionamento e suas ideias, nos faz crescer e nos torna mais inteligentes, enquanto o enclausuramento e a alienação em nossas crenças "bitoladas", nos mantém ignorantes.
Penso muito, entendo muito pouco.