Quem governa o Brasil: ateus ou religiosos ?

Hoje, numa Rede Social, um amigo judeu fez a seguinte postagem, se referindo ao governo da Dilma e ao PT: “Na Bíblia diz: ‘Bendita é a nação cujo Deus é o senhor.’” Infelizmente o Brasil está há anos sendo governado por pessoas ateias sem o menor temor ao Eterno, sem o menor escrúpulo e honestidade, ainda por cima apoiam, defendem e se aliam aos governos tiranos e às pessoas loucas iguais a essas (se referindo ao vídeo do Estado Islâmico).”

Eu não consegui me conter diante de tamanho equívoco e com todo respeito me posicionei contra o que ele afirmou, os ateus no Brasil são 0,39 % da população, conforme o censo de 2010, apesar de estarem em crescimento. O Brasil é o maior país católico do mundo e tem assistido um surto de crescimento dos evangélicos, além de sua múltipla religiosidade. Os ladrões, canalhas e picaretas que estão usufruindo do poder em nosso país são RELIGIOSOS, e dizem crer e servir a Deus. A segunda maior bancada do congresso é a evangélica, só ficando atrás da ruralista. E a maioria dos congressistas se declaram católicos.

O problema da nossa nação é que os ditos religiosos são de fachada, - vivem no faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço -, pior que as pessoas sem religião e sem fé!”

Em 2010, conforme o IBGE, cristão eram 86,8% da população brasileira; católicos que em 1970 eram 91% caíram para 64,6; e evangélicos em alta são 22,2%.

O colunista da Revista Veja, Reinaldo Azevedo, assim se referiu a esse fato:

"O Brasil ainda é a maior nação católica do mundo, mas, na última década, a Igreja teve uma redução da ordem de 1,7 milhão de fiéis, um encolhimento de 12,2%. Os dados são da nova etapa de divulgação do Censo de 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A tendência de redução dos católicos e de expansão das correntes evangélicas era algo esperado. Mas pela primeira vez o Censo detecta uma queda em números absolutos. Antes do levantamento de 2010, o quadro era apenas de crescimento de católicos em ritmo cada vez menor. Mantida essa tendência, em no máximo 30 anos católicos e evangélicos estarão empatados em tamanho na população. Os números mostram uma redução acentuada de poder da Igreja Católica no país nas últimas décadas: a mudança foi lenta entre 1872 e 1970, com perda de 7,9% de participação no total da população ao longo de quase um século; e tornou-se acelerada nos últimos 20 anos, quando a retração foi de 22% ".

O que estou querendo mostrar trazendo esses dados estatísticos é para que você, caro leitor religioso, não cometa o mesmo erro de meu amigo, acusar erroneamente o segmento minoritário de nossa sociedade do caos instalado política e economicamente em nosso país, sobretudo, em nível da moralidade.

Sei que é difícil para aqueles que vivem se auto intitulando os baluartes da moral e bons costumes admitirem que o fato de serem maioria absoluta, não quer dizer, muito menos garante historicamente, uma melhoria social e ética.

Nós somos uma nação cristã e com enorme pluralidade religiosa, o Brasil desponta no mundo, como um dos países com a maior quantidade de credos diferentes e antagônicos. Porém, essa religiosidade nunca nos elevou no sentido humanitário, educacional e moral. Continuamos sendo o país do jeitinho, da sacanagem, da picaretagem e da corrupção.

Estamos cheios de ditos homens e mulheres de “deus” nas câmaras municipais, assembleias estaduais e no Congresso Nacional. Sem contar que nenhum de nossos presidentes tenha se declarado ateu ou agnóstico, até porque se o fizerem não ganharão nenhuma eleição. Todos eles se declararam católicos, com exceção do General Ernesto Geisel, que era luterano, e governou no período ditatorial.

Cerca de 84% dos brasileiros votariam em um negro para presidente; 57%, em uma mulher; 32%, em um homossexual... e apenas 13%, em um ateu, indicou uma pesquisa da revista Veja de 2007, a última deste tipo realizada no país.

Leonardo Boff costuma dizer que muito mais importante do que professar uma religião é ter uma boa conduta. Seja perante a família, a sociedade, aos amigos e também à política.

Jesus, certa feita, disse aos seus discípulos que os mesmos deveriam ser sal da terra e luz do mundo. Mateus 5: 13-14 “Vós sois sal da terra; e se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta senão para se lançar fora, e ser pisado pelos homens. Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte”.

O mestre quis dizer que os cristãos devem dar sabor, gosto aos desgostos humanos, deve purificar e preservar o que ainda pode ser preservado de valor nesse mundo (função do sal). Também devem ser luz, com a função de brilharem em meio as trevas da ignorância e endireitar e iluminar os caminhos tortuosos. Porém, se os mesmos falharem em sua missão, serão execrados, humilhados e achincalhados (pisados pelos homens). A igreja, as religiões e seus membros historicamente não cumpriram a missão que lhes fora confiada, com raríssimas exceções, por isso, caíram em descrédito e escárnio social.

Qual o impacto em se dizer cristão ou membro de qualquer outro credo religioso? Nenhum! Qual a garantia que um candidato cristão, pastor ou bispo após eleito será melhor que um não crente? Nenhuma! Qual a diferença de conduta social de um religioso para um não crente? Nenhuma, com raras exceções! A bancada evangélica líder de escândalos e falcatruas corroboram minhas respostas. Os políticos ditos religiosos – quase todos- de nossa região e município, também confirmam minha afirmação.

A religiosidade de um povo nunca foi e nunca será garantia de melhoria social. Os países com maior IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) têm paulatinamente se tornado não religiosos e laicos.

Ouvi uma história muito interessante há muitos anos e gostaria de terminar esse artigo com ela. É a história de um soldado do general e imperador Alexandre Magno, o Grande, que fora acusado de deserção e trazido até o rei. O imperador olhou para o soldado e se afeiçoou por ele, depois o perguntou: “É verdade que desertastes?” O jovem trêmulo lhe disse: “Sim é verdade.” O rei voltou a perguntar: “Qual é o seu nome?” Ele respondeu: “Meu nome é Alexandre.” Então o imperador mudou a feição e enfurecido e disse: “Ou você muda de nome ou muda de conduta, pois não pode carregar o meu nome e ter essa conduta!”

Amigo, se você se autointitula cristão e vive uma vida indigna desse nome, você só tem duas coisas a fazer, ou você muda de nome (deixa de ser cristão e religioso) ou muda de conduta, passando a ser verdadeiramente sal da terra e luz do mundo!

Obs.: 1

Esse artigo foi escrito em 06/10/2015, como resposta a um amigo judeu que havia postado um vídeo no Facebook do Estado Islâmico e acusou o governo do PT de ser aliado a eles e ainda disse que o Brasil estava do jeito que estava porque era governado por ateus. Eu o informei de seus equívocos e deixei claro que esse país corrupto chamado Brasil, sempre foi governado por religiosos, sua maioria absoluta católicos e evangélicos.

Obs.: 2

https://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/o-ibge-e-a-religiao-cristaos-sao-86-8-do-brasil-catolicos-caem-para-64-6-evangelicos-ja-sao-22-2/. Acessado em 06/10/2015.

Acioli Junior
Enviado por Acioli Junior em 17/11/2020
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