Lucidez

Pensar, falar e agir.

O ser humano tem mesmo como sua substância esses elementos. Elaboramos nossas ideias a partir desse campo de experiência social que vem do passado e nos alcança neste presente, o que permite a formação de um pensamento que nos dirige. O pensamento elaborado é a base de conteúdos para os argumentos de nossa expressão, que tanto pode ser uma simples expressão verbal, a fala, ou pode ser traduzida através de diferentes manifestações artísticas ou literárias.

A ação humana comparece como uma das substâncias do que somos, funcionando como síntese do que pensamos e expressamos. Pode-se mesmo afirmar que agir é próprio do homem, e, no que interessa à vida social, a ação é a origem, a mediação e a efetivação do projeto humano. Sem ação o vazio acontece, o silêncio se estabelece porque inexiste a busca, aí o humano perde sua essência e o mundo fenomênico, tudo isso que há em sua grandeza infinita, se esconderá diante dos olhos e da consciência.

Somente nos tornamos humanos porque agimos com sentido, em ação pensada, tomando-se em consideração dados de tempos e lugares, que fornecem bases para as manifestações dos desejos - aceitos como sendo atitudes mentais - e expressões das vontades, essa capacidade que temos de tomar posição frente ao que nos aparece. A lucidez é essa iluminação que resulta da vontade firme da efetivação de projetos de vida, mediada pelas circunstâncias impostas por tempos e lugares. É aquele modo de caminhar em sinuosidade evitando choques frontais e anuladores de planos. É nesse uso consciente de potencialidades e oportunidades, num jogo de soma positiva que quer se fortalecer sem enfraquecer o outro, é nesse jogo que a lucidez se torna iluminação.

A iluminação vinda da lucidez é o exemplo que não se exalta, nem se humilha. É como se fossem flores a exalar perfumes naturalmente a todos quantos delas se aproximam. A lucidez, assim considerada, é um dado da dinâmica da vida humana. Como estamos em permanente mudança e podemos a instante ser tomados por nossas ineficiências, erramos. Erramos, e aí tomam conta de nossas ações algumas fraquezas, momentâneas raivas ou ignorâncias arraigadas. A nossa compreensão perde luz, a calma e a serenidade se desfazem, o prejuízo acontece e a alegria perde vigor.

É isso mesmo, a vida não é apenas risos e acertos, há, também, tristezas e erros. É isso mesmo, na vida há luzes e trevas. Essas faces da vida fornecem os dados da equação que possibilitam o encontro do resultado: a lucidez. É na busca da solução dos enigmas da vida que a lucidez é construída, a tristeza cede espaço ao domínio da alegria e a luz comparece e ilumina. Nessa consciência, compreendemos que a importância misteriosa de existir é essa de procurar fazer-se luz para iluminar o mundo.

Antonio Pereira Sousa
Enviado por Antonio Pereira Sousa em 31/05/2020
Código do texto: T6963610
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