Historiador

Pode-se dizer que um historiador é aquele estudioso que compreende o passado, ao interpretar documentos deixados pelos sujeitos sociais de um dado tempo-espaço. O historiador, em seus estudos, revela, a partir de seu momento histórico, como certo passado se constituiu nas suas diferentes dimensões sociais, ao entender aquelas experiências vividas por diferentes atores sociais, incluindo-se aí, as suas esperanças.

O que o historiador faz, então, é construir uma conexão capaz de possibilitar uma aproximação entre o presente e o passado, de forma a poder capturar os sentimentos do tempo anterior, para entendimento do tempo presente, isto é, que nível de padecimento ou de alegria esse tempo passado conferiu aos homens de então, que nível de estímulo ou de desânimo ele desenvolveu naquele presente e que terminou por ser lastro de nosso tempo.

Em face dessa natureza infinita das feições do social, construídas na vida ativa de cada sociedade, esse caminhante do tempo (o historiador), para olhar certo passado, escolhe o seu modo de ler, sua forma de perceber as vontades sociais que foram se transformando em vozes que cantam, em risos inebriantes, em lágrimas consternadoras, mundos humanos de atos e fatos visíveis em cada canto, em cada tempo, em cada gesto individual ou coletivo.

Visitar certo passado é falar sobre ele, é dizer que o passado, mesmo aquele bem distante no tempo, está aqui hoje em nosso presente, reconfigurado por novas conjunturas e contingências, enlaçando o ontem no hoje, passados remodelados, vividos hoje, atualizados para atender exigências de outros momentos, os momentos contemporâneos. O que estaria fazendo o historiador ao trazer ao presente os sentimentos de tempos anteriores?

O historiador está a quebrar distâncias entre mundos, fazendo-se tempo único, num exercício do tríplice presente (o presente do passado – a lembrança - o presente do instante - a ação - e o presente do futuro – a esperança). Nesse exercício teórico, encontramos pontos comuns a permitir comparações entre o tempo longo e o tempo curto e vivê-los no agora. É o sujeito-historiador incluindo nosso espaço de morada na globalidade dos tempos, a dizer que todos nós somos herdeiros de um tempo anterior e devemos ao passado o que somos.

Vivemos um mundo sem cortes de tempo, num presente muito maior que nossa imaginação. Na consciência de que somos herdeiros de um tempo anterior, construído sob esforço amplo de gerações, temos como dever, na qualidade de sujeitos do presente, contribuir para passar às novas gerações um mundo melhor.

Antonio Pereira Sousa
Enviado por Antonio Pereira Sousa em 25/04/2020
Código do texto: T6928055
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