Harmonia

Por séculos, os pensadores têm anunciado uma cultura científica, um fundamento primeiro que nortearia tudo o mais, guiando-se por um fio condutor da causalidade iniciada na substância inicial de um saber ordenador.

Há qualquer coisa no tempo histórico que demonstra a existência de certa falência dessa cultura sustentada nessa cientificidade de que nos servimos.

É como se tudo fosse se tornando ilógico, ao se recusar os próprios valores por longos tempos defendidos, cultuados.

O que observamos é um embrutecimento monumental do mundo social.

Presenciamos mesmo uma catástrofe, basta se olhar em cada canto do mundo.

O crítico literário George Steiner (1929) e a pensadora Hannah Arendt (1906-1975) proclamaram em seus estudos que um inferno vai avançando passo a passo em nossa sociedade.

A banalidade do mal vai se instalando de tal forma que nem mais sofremos com isso. É só se observar os gastos homéricos com tudo que é supérfluo, em descaso das carências tão profundas, em todas as áreas de formação da vida social.

Harmonia!

Como visualizar a possibilidade de harmonia nesse campo tão minado?

Gritos de agonia soam em toda parte, porque se tem necessidades e porque se desconhece as necessidades do outro.

As luzes que cintilam nos saberes, apenas cintilam, não iluminam bastante para guiar, o que faz ser esses saberes apenas uma encenação sem valor efetivo. No todo social, a harmonia não aparece, o equilíbrio se perde nos descasos, nos desinteresses e nas vontades desencontradas.

Estamos num reino do sofrimento maior do que o reino da alegria, do que o reino da esperança!

No sonho da grandeza humana, a harmonia responde pela estética do belo e do justo.

O mundo social precisa ser reconstruído para fazer prevalecer a beleza e a alegria, minimizando ao máximo os sofrimentos, independentemente dos caminhos teóricos que cada um venha a escolher.

Antonio Pereira Sousa
Enviado por Antonio Pereira Sousa em 22/04/2020
Código do texto: T6925212
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