Essência

Ah! O homem!

Somos mais do que um corpo físico? Há qualquer coisa para além do corpo? Esse algo seria uma espécie de substância superorgânica ou seria, tão somente, uma manifestação peculiar do próprio corpo? É aí a fonte do pensamento e do desejo de querer?

A tradição cultural, construída na história, autoriza a afirmar que existe algo no corpo que confere esta nossa capacidade de pensar, de ter consciência de quem somos. Essa qualidade, então, seria nossa essência, a nossa natureza. Os poetas e os filósofos falam dessa essência.

“Tudo vale a pena quando a alma não é pequena” – Fernando Pessoa (1888-1935).

“A alma é essa coisa que nos pergunta se a alma existe” – Mario Quintana (1906-1994).

Ah! Esses poetas! Eles falam por metáforas, circulando, em encantamento, em torno de um tema, como uma moldura, e deixam por nossa conta a conclusão. E os filósofos, por sua vez, passeiam nesse jardim da história, e falam dessa essência, cada um a seu modo, porque são eles, os filósofos, que respondem pelo estudo de problemas fundamentais relacionados à existência, ao conhecimento, à verdade, aos valores morais.

“A alma é uma substância que participa de uma razão adaptada ao governo de um corpo” – Platão (427 a.C. - 347 a.C.).

Nas ideias platônicas, a realidade é compreendida em dois planos articulados, o inteligível e o sensível. O inteligível (as ideias) é a causa do mundo sensível, tudo que há de físico, incluindo-se nossos corpos.

“A existência precede a essência” – Sartre (1905-1980).

A essa ideia de Sartre, pode-se dizer que ele afirma que o homem é responsável por aquilo que ele é e pelos valores que ele mesmo cria, ou seja a o homem é sua própria essência, ele se fez na história. O homem, numa escolha livre e situada, faz a si mesmo. Uma essência, se sabe, é aquilo que constitui a natureza de tudo que há. Qualifica sua forma de ser, seu gênio, humor, caráter, temperamento.

A essência em nós são essas qualificações, mesmo que só vista no plano dos espaços sensíveis dos homens em ação, mesmo que habite em lugares fora do mundo físico, como nas articulações platônicas.

Antonio Pereira Sousa
Enviado por Antonio Pereira Sousa em 13/04/2020
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