SÃO JOÃO DEL-REI, MG, INSTÂNCIA DE RELEVÂNCIA PRESENÇA ITALIANA NO COMÉRCIO E NA VIDA URBANA E RURAL Jose João Bosco Pereira Piracicaba, 2019

RESUMO

Passaram-se 131 anos (1888-2019), a presença italiana tem um diferencial marcante na comunidade. Os produtos do mármore, dos hortigranjeiros, madeireiras, serviços em geral (engenharia, pedreiros, sacerdotes, arquitetos, decoradores, artistas, tradutores, pintores, cantores, etc.). A cultura local não seria a mesma sem a italianicidade que se adentrou às festividades e ao modo de vida, aos costumes locais e técnicas diferentes de cultivo e pensar e sentir a vida. Depois do Porto de Santos e Juiz de Fora, as primeiras levas de italianos se fortaleceram na vida são-joanense em 1888. Matozinhos, Colônia do Marçal, Bengo etc. são as expressões de um passado de distribuições de terra, cujo valor nós aquilatamos com sucesso do hibridismo ítalo-brasileiro, entre contradições e conquistas paulatinas dos descendentes dos italianos:

Del Vechios, Longattis, Bergons, Bertonis, Tortoriellos, Vianinis, Darvinis e tantos outros. Da língua, do Hino, da bocha, das culturas agropastoris, da religiosidade à miscigenação e à aclimatação, afastando-se das idiossincrasias radicais ao amainado sentimento de brasilidade, com esforço de adaptabilidade e investimentos pela dura sobrevivência. As forças expedicionárias brasileiras de são-joanenses contam a morte de heróis descendentes italianos (Orlando Randi etc., Monte Cassino e Castel Gandolfo, Itália, na II Grande Guerra Mundial).

Palavras-chaves: miscigenação, hibridismo cultural, genealogias

INTRODUÇÃO

De certo modo, o ditado popular pode ter seu valor e relatividade: “quem conta um conto aumenta um ponto”! Que seja ético e estético. Que seja academicamente plausível. Que seja coerente com os métodos adotados e metas a vislumbra. Quem conta a história, faz memória, seja coletiva, seja à luz dos das narrativas modernas do Observador benjaminiano (A História “a contrapelo” em “O narrador Considerações sobre a obra de Nikolai Lcskov” (193ó), sobre as cidades modernas ou pós-modernas.). Coube bem a Jeanne Marie Gagnebin (2011) enfatizar as relações da pesquisa da História com as perspectivas aguçadas da narração em Walter Benjamin.

Quem conta a história da Imigração deve ter a consciência histórica seriamente conduzida pela busca da verdade e das evidencias, para contextualização recente e fundamentada dos fatos para valorizar a memória coletiva dos imigrantes ítalo-brasileiros, do passado e do presente.

“Historiografar” é, de certo modo, “inventar”, ou seja, reavaliar e redizer e redimensionar o real, sem fugir do das propostas e metas das pesquisas historiográficas, uma ficção da história com base na historiografia crítica e criteriosa, documentar e biográfica, bibliográfica. Quase crônica e depoimento, memória coletiva e recapitulação do cotidiano se entrelaçam na pesquisa historicográfica da voz das multidões e dos registros em jornais e histórias orais de comunidades e de famílias dos imigrantes e seus descendentes. Embora seja tudo isso interessante, não constitui o objeto formal de nossa preocupação aqui. Há esta preocupação na dissertação de mestrado de J B Pereira (2011) sobre literaturas comparadas e críticas da cultura à luz das memórias, coletiva e cotidiana, do poeta Sebastião Bemfica Milagre, contemporâneo de Adélia Prado, da cidade mineira de Divinópolis, MG, que cita alguns italianos de Divinópolis e famílias em seus poemas, trovas, prosas, minicontos, crônicas. Essa perspectiva pode ser vista também em Michel de Certeau (1994), em sua obra: A invenção do cotidiano.

Eneida de Souza ( ) evidencia isso em Borges , Ítalo Calvino em Cidades Invisíveis – 1972 -(releitura das tramas complexas e descontínuas urbanas como: as cidades de areia” em Borges), Para aprofundar o tema, sugerimos um dos melhores livros de Eneida SOUZA (2012c), em parceria com outros escritores: E. C.; BRAGANÇA, I. F. S. (Orgs.). Memória, Dimensões Sócio-históricas e Trajetórias de Vida. Porque aborda de modo concreto essa metodologia da reescritura e a teimosia de conectar história e sociedades às trajetórias da experiência vivida como proposta de busca do sentido da lacuna lacaniana e na prospectiva de heurística e trazer à baila outras figuras e personas da história, não contempladas pela historiografia oficial.

Enquanto Derridá analisa o “Mal do arquivo” no ensaio: Pharmácia de Platão na coletânea La dissemination (A disseminação, 1972), Eneida Souza afirma, baseado em Giddens, pensador francês: “o mal da origem” para (des)contextualizar nossa dificuldade de retomar o passado completo ou inteiro, por isso o inventamos. Preenchemos lacunas, recriamos conceitos, dimensionamos a memória dos ancestrais, conversamos com os mortos-vivos dentro de nós...

Essa recriação ficcional e historiográfica se torna útil e saudável quando à luz da História oral, das segundas fontes e seu cotejamento das fontes documentais e primárias, preenchem o sentido-plus da história não linear cujas variantes assumem direções diferenciadas da historiografia oficial e oficiosa.

Dizer ou escrever, “historiografar” ou conjecturar, pesquisar e categorizar a imigração italiana, configurar quem e quais são os italianos em cada geração diaspórica é falar dos mitos de origem, da significação da italianidade e da sua conjunção e hibridação com a invenção de brasilidades. Cada geração terá sua concepção de brasilidade, diferente de quem aqui é autóctone, de quem vive como brasileiro, mesmo que seja descendente dos italianos e de diferentes regiões da Itália. Ou de histórias de “italianos” diferentes e diferenciados a partir ou não da Unificação da Itália, dos contextos da Revolução Industrial Italiana, da Independência da Itália, das Guerras Mundiais e sua repercussão na Itália. Tudo isso, para tentar configurar o perfil ou as gestalts dos italianos e “italianíssimos” que vieram e estão entre nós desde o século XIX.

A presente pesquisa procura discutir essas configurações e as teorizações a partir da construção do mito da nacionalidade, da origem e da Nação e do Estado da recepção dos imigrantes (no caso Brasil, o Estado de Minas Gerais). A dialética da origem e distanciamento da origem, da acomodação e da resiliência dos migrantes e seus descendentes nos contextos de Minas Gerais, a construção da hibridização etno-ifenizada e sua desconstrução em função de adaptação geoclimática e socioeconômica e linguístico-cultural. O olhar do outro nos fascina e ameaça! Atrai pela novidade e nos ameaça talvez por níveis de estranhamentos. retendemos seguir o método etnográfico-antropológico de A Invenção da brasilidade de Jeff Lesser (2015).

O mesmo diz que toda identidade é hifenizada ou costurada entre avanços e resiliências de contextos específicos em conjunto de fatores identitários multifacetados que erigem a alteridade histórica dos migrantes e afrodescendentes.

Por outro lado, é a desconstrução de nacionalidades e mitologias locais de Jacques Derrida.

É sabido entre os são-joanenses e os seus pesquisadores e historiadores, que a presença italiana centenária hoje se vivencia sutil (nos subterrâneos da cultura local com afluência e influência de vertentes nacionais, regionais e internacionais) por sempre mais, e se vive social e politicamente na sua estratégia de inserção comercial e industrial (explicita e fortemente, nos mercados globais e transnacionais).

No passado, houve antecedentes da imigração propriamente dita, seja de visitantes ilustres pouco divulgados, seja em professores da divulgação da língua italiana no Brasil colônia e imperial, mormente em Minas Gerais.

Contudo, o divisor de águas unânime dos pesquisadores é a ressonância da abolição da escravatura em que seu efeito logo se fez sentir. Os italianos recém-chegados ao Brasil vieram em 1888, lei da Lei Áurea e fim da escravidão no Brasil do ponto de vista formal. Contudo, ainda por anos e ainda hoje esse rastro de pisaduras e racismos nos macularam e estigmatizaram os africanos e seus descendentes, rechaçando sua cultura. Nesse contexto, os italianos vieram na disputa ombro a ombro nas minas, fazendas, cidades, comércio e serviços domésticos... Houve a Hospedaria da Baronesa, um dos mais antigos casarões com solar de São João del-Rei, situado no “Largo do Carmo” ou Praça Doutor Augusto das Chagas, n°17, centro dessa cidade, no período imperial, para cuidar e receber os italianos da “maleta” no século XIX. Atualmente, o prédio reformado é o “Centro Cultural da UFSJ” para encontros, exposições, audição musical, oficinas de literatura e teatro e palestras e sala de multimídias. A manutenção está sob responsabilidade da UFSJ – Universidade Federal de São João del-Rei - antiga FUNREI – Fundação Universitária de São João del-Rei, MG. (cf. sepac@ufsj.edu.br e https://www.ufsj.edu.br/centrocultural/)

Diferente dos povos ou estados do Sul do Brasil, os italianos de Minas, pouquíssimas cidades, conservaram suas tradições civis, militares, pátrias. Contudo, no recinto da casa e das capelas e algumas colônias, o aparato se suavizou com costumes além-mar: a bocha, o Hino Nacional da Itália, a opereta, canções e danças de roda, as manifestações religiosas como procissões dos santos e civis pacíficas como desfiles ...

O ar campesino do italiano tradicional e até urbano que migrou a Minas Gerais deslocando para São João del-Rei, hibridizou-se aos poucos e fortemente com o colono e o português autóctone e o negro aclimatado às terras serranas e prados verdejantes dessa municipalidade e sua história é recheada de histórias e memórias coletivas instigantes e emocionais.

Era de se esperar uma conclusão fácil, mas não tanto assim. Porque em contexto tenso de imigração italiana e sua adaptação ou seu duro deslocamento e sofrência, há rica literatura cuja consulta os historiadores e curiosos vem se debruçando a quase um século e meio, rumo a celebração de seus dois séculos de presença e idiossincrasias itálico-brasileiras.

Urge, pois, destacar que ambas culturas tiveram aportes significativos e contraditórios, com jogo de forças desiguais, em se tratando de exploração de mão de obra italiana, morte de muitos, retorno a Itália a outros tantos por descontentes ante a propaganda brasileira diante da chamada da migração, sem dar os devidos suportes e encaminhamentos a contento.

Os teimosos ficaram? Ou não tiveram tanta opção? Ou o dinheiro não deu para retornar à Pátria? E da Itália perderam tudo para sonhar e vir ao Brasil? O projeto do Migrante Italiano é o abismo em que se conjugam interesses e êxodo, buscas e perdas, riscos e ganhos.

É preciso desconstruir e reelaborar as identidades-ifenizadas como nacionalidade ou brasilidades inventadas segundo Jeff Lesser (2015).

Nesse contexto, somos convidados por Bagno (2003, 2008, 2015) a vencer as Intolerâncias linguísticas ou de sotaque. Este autor reflete sobre Variação, preconceito e intolerância linguísticas.

A perspectiva invencionista e labiríntica da busca historiográfica e literária nos introduz à Ítalo Calvino, escritor falecido em 1985, em seu alto grau de destreza criativa e coragem catalítica de descritivismo dos processos históricos da urbanização e invenção da história e das histórias das cidades e das migrações, inclusive, depende do olhar de quem e como o lê. Para Ítalo Calvino, em 11 temas, são descritas cidades as mais diferentes possíveis: projetadas no céu, na terra, no deserto, no Hades, megalópoles cinematográficas, do passado Mil e uma noites árabes... Leveza, profundidade, exatidão, rapidez, sensibilidade na sua engenharia das cidadesm que nos revelam tudo isso e muito mais! O leitor fica extasiado frente à novidade da escritura de Italo Calvino, na qual se tecem as teias da ficção com as da realidade histórica. Não nos pode faltam ao lado da Bíblia, da Imitação de Cristo, Cidades Invisíveis, Seis propostas para o novo milênio, Amores Difíceis, etc.

1. HISTÓRICO BREVE DA PRESENÇA ITALIANA EM SÃO JOÃO DEL-REI, MINAS GERAIS

A pesquisa historiográfica atual prevê três gerações diferentes a chegar a Minas Gerais: a do contexto da libertação escravista (1888–1900), a do contexto da Modernidade Tardia de 1910 (influência francesa e italiana no Brasil moderno industrial) e a gerações do contexto da (pós-) guerra Mundial de 1935-1945, até 1950. Uma parte se deslocou para Minas e outros Estados da República Federativa do Brasil e outra parte, para São Paulo, Bairro Brás, Bexiga e Barra Funda, nome inclusive do Romance modernista de Antônio de Alcântara Machado (1901 – 1935), publicado em 1944.

“Navio de imigrantes, primeira visão de Santos, c.1910

Foto divulgação [Museu da Imigração do Estado de São Paulo]”

O olhar atento do investigador nos guia por uma câmara ou filmagem aos pontos mais significativos da presença italiana em Minas Gerais. Sua trajetória do Porto de Santos a São João del-Rei no século XIX.

O foco vai mudando de cenário e as personagens vão tomando corpo e mérito a partir de sua chegada em São João del-Rei, cidade dos Hinos e Sinos. O diálogo tenso e desigual com a cultura luso-colonial e o mineiro caipira das Serras das Vertentes com o Italiano do século XIX.

O processo de exclusão social se verifica duplamente no negro recém “libertado” me formatação imperial latino-americana e o italiano recém-chegado em terras brasileiras cansado e esperançoso de se fixar e reconstruir seu projeto de vida pessoal, familiar e profissional. Rupturas e utopias se aprofundam no processo de desilusão e sofrência desiguais e contínuas. Afrodescendentes e italianos se esforçam por sobreviver no Novo Mundo, nas Américas, no Brasil Império.

Mas, nem tudo foi só negatividade, houve também momentos lúdicos e de humor itálico-brasileiro em brincadeiras, jogos, piadas, aventuras, namoricos, rezas, anedotas, tirinhas, futebol, bochas, desfiles, filmes, etc. Veja as agitações das gurizadas em “Gaetaninho”. um dos contos ou romances de Novelas Paulistanas (MACHADO, 1961).

O deslocamento de cristãos novos de outras nações europeias vinha do judaísmo e e de outras religiões não cristãs, para o Novo Mundo, era a esperança contraditória de soerguer o projeto de vida e de família fora dos muros de sua nacionalidade. E as Américas e o Brasil têm esses curiosos e empreendedores personagens e atores de sua história: a história dos estrangeiros no Brasil e suas ousadas migrações. Era um driblar censuras e perseguições, guerras e dominações de ducados da Itália em todas as latitudes e altitudes, dos Pirineus à Sardenha e à Cecília, ambas ilhas próximas à Itália, cuja forma é um pé de bota!

2. INSTÂNCIA DE RELEVÂNCIA PRESENÇA ITALIANA NO COMÉRCIO E NA VIDA CULTURAL, URBANA

A região das Vertentes, que compreende, antigamente: A Vila do Pilar ou do Rio das Mortes (cuja guerra fora Emboabas) e a Vila de São José se emancipam (Tiradentes) desde o século XVIII, com a presença de italianos vários: interpretes, professores, sacerdotes, visitantes ilustres como Saint Hilary (Augustin François César Prouvençal de Saint-Hilaire: botânico, naturalista e viajante francês), dentre outros.

Com o passar do tempo, no século XIX, a base dos séculos anteriores foi consolidando paulatinamente. E seu ganho significativo representou não só o volume de rolos de fazendas de tecidos, fumo, manteiga, sardinha ou secos e molhados como essa o costume comercial da época das vendas.

Como no campo ou meio rural, a presença dos italianos e seus novos lares e seus novos casamentos e famílias com brasileiros e brasileiros, mineiros e mineiras se fez sentir forte e graciosamente, ou seja, lucrativa e avassaladoramente.

Porque o comércio se tornou o ponto de estratégia não só de afirmação econômicas de famílias italianas e seus descendentes como também o contraponto de intercâmbio cultural e social. Ambiência propicia de sua sobrevivência familiar e adentramento dos meandros das culturas e famílias locais tradicionais mineiras. Esse intercâmbio possibilitou um apadrinhamento e crescimento ou aceitação dos novos italianos nas culturas e mentalidades arraigadamente tradicionais e mercantilizantes do roteiro denominado das serras de Minas como escoadouro dos produtos locais e seu abastecimento em trifurcação (ao sul para Campanha, Alfenas, Guaxupé, Castelo, Boa Esperança, etc. até Casa Branca e Palmeira dos Índios, São Paulo e a leste à Juiz de Fora e Rio de Janeiro) e ao norte: a capital Belo Horizonte ou “Curral del-Rei”).

O comércio deixava se ancorar nos produtos de outros italianos das comunidades rurais que abasteciam a era dos verdureiros e leites vendidos na rua com latas e litro, outros com os doces e bolos em casa e rua com tabuleiros em ambulantes e a cavalo ou charretes.

“Totalmente identificado com a alma popular, Alcântara Machado traz para sua obra Brás, Bexiga e Barra Funda, não os emigrantes italianos ricos da avenida Paulista, fazendeiros de café, senão os ítalo-paulistas dos arrebaldes pobres, dos bairros operários, flagrados na simplicidade do seu cotidiano, na sua vida íntima, na luta por sua integração social.

“Em Brás, Bexiga e Barra Funda, Alcântara Machado utiliza a língua portuguesa tal como é praticada nos bairros ítalo-paulistas. Mas quando se compara a língua macarrônica de um Juó-Bananère com a de Alcântara Machado constata-se uma notável diferença entre a reprodução caricatural das deformações fonéticas, no primeiro, e o recurso comedido às misturas de vocabulário e erros de construção gramatical no segundo. [...] De fato, Alcântara Machado não tem outro programa: ‘Construir tudo. Até a língua. Principalmente a língua’.”.[2]

Alcântara Machado dispôs-se a homenagear a italianidade lingüística e comportamental que marcava o dinamismo da cidade em expansão, recriando-a na linguagem certeira e ligeira das notícias de jornal. Embora elogiasse as deformações da sintaxe e da prosódia utilizadas por Juó Bananère (pseudônimo de Alexandre Marcondes Machado, um dos pioneiros da crônica da imigração na imprensa paulistana), o autor não o imitava, mas integrava vocábulos e estruturas frasais da língua italiana ao Português coloquial dos personagens preservando a brasilidade do narrador...”

FONTE: ALCÂNTARA MACHADO: A VOZ DOS ÍTALO-PAULISTAS, Aline Soler Parra

https://www.unicamp.br/iel/site/alunos/publicacoes/textos/a00003.htm

3. INSTÂNCIA DE RELEVÂNCIA PRESENÇA ITALIANA NA VIDA AGROPECUÁRIA E

As comunidades surgiram logo após as primeiras doações de lotes da 31 de Março (Hoje é o nome também da avenida de acesso a São João del-Rei de quem vem de Prados, Ritápolis, São Tiago, Morro do Ferro, Belo Horizonte, Divinópolis, etc.), rumo a Colônia do Marçal, logo depois César de Pina, rumo a São Tiago de Minas.

Nesse passeio e nessa paisagem estão os descendentes dos antigos donos italianos que vieram em diferentes etapas desde o fim do século XIX.

As famílias mais expressivas são os Giarola, Felizardos, Darvin, Longatti, etc.

Cada família tendo sua gleba e campos de lavouras, dedicam-se durante todo o ano à produção agropecuária e de Granjas. Esta última ainda em formação. Os ovos e os frangos as verduras e os frutos da terra são obrigatórios para a sustentabilidade familiar agrícola.

Alguns lugares são tirolesa, em Minas a tradição nos abr4em com novos iniciativas e roteiros turísticos como visitas a Tiradentes, Prados, Resende de Costa, São Tiago, Cassiterita, Nazareno, São Vicente de Minas, etc. Há e são a cavalgada com a chegada ao destino com o bom lanche, café sortido, pousada, queijo, pão de queijo, bolos diversos e saborosos, alimentos sem agrotóxicos e naturais, roscas, produtos da terra, do campo e leite gostoso do gado, gastronomia multifacetada bem mineira, bem italianíssima mineira!

Não diferente ou tão diferente dos hábitos ou costumes dos mineiros que gostam de queijos, massas, bolos e carne, os italianos aprimoraram e variaram os modos de acesso e preço das mercadorias de cama, cozinha, carpina, adega, sucos e licores, produtos em goiabadas e marmeladas.

Os mineiros e os italianos se apropriaram de modos semelhantes do passado remoto e próximo de valores e costumes comerciais e utilitários do campo, do lar e das minas como enxadas, pás, arados, etc.

Na construção civil, precisavam de produtos como cal, cimento, tintas etc. E era preciso trocar alguns dos produtos do campo pelos da cidade. Aí vem as trocas primitivas de aquisição de bens desde quando a humanidade se entende de necessidades e carências para a alimentação, roupas, vasilhames em geral.

Com a complexidade dos mercados e as ferrovias surgindo

Para Geertz (1973), em A Interpretação das Culturas, nos assevera de que não há culturas prontas e nem superioras. São construídas no tempo e nos espaços como temporalidades históricas, algumas efêmeras e transitórias, nem por isso inúteis e descartáveis. Se não há superioridade cultural, cabe ao historiador vencer-se ou convencer-se de sua arrogância ou autossuficiência para inserir-se e inserir com os outros da cultura do outro a fim de poder considera-la em sua abordagem contextualizante e, relativamente, intercambiante. Sim, intercâmbios desiguais e frágeis, ou fragilizados para sobreviver ainda no patamar das disputas de fronteiras e rotas comerciais. Os elementos de povo e elite, língua e barbárie, território e além-fronteiras, poder estrutural e projetos revolucionários, projetos sociais e históricos de emancipação e hibridismos vêm dizer e registrar das formas idiossincráticas de cada clã, tribo, reino, ducado, nação, cultura e civilização.

Para Geertz (1973), o historiador deve conviver com a cultura. E no futuro, como fica os que não conhecem a tal cultura e se esta não existe? Para ele, a cultura deve ser conhecida em vivo, em primeira mão, e não por troca a distância. Contudo, isso muitas vezes se torna ideal e, na prática, será impossível dizer sobre a cultura de que não se conhece e jamais se viu e com os seus usuários ou falantes, jamais teve domínio da linguagem e seus contextos de vida e de pensar.

E, vem em nosso auxílio, outros teóricos, sua pesquisa histórica dialoga com a antropologia e a arqueologia. Um deles, é Jeffrey Lesser (2015) em seu O livro A invenção da brasilidade, em que mostra pela pesquisa histórica conjugada com a etnografia antropológica as hierarquias “ifenizadas”, ou seja, as hibridações entre ítalo-brasileiros, por exemplo. E a construção da nacionalidade e as hierarquias locais étnicas como identidades nas novas gerações ou de descendentes dos antigos migrantes. Isso é a Invençáo da nacionalidade segundo Lesser (2015).

Há italianos cujas origens são duvidosas e muito antigas e marcadamente de povos diferentes, antes da Unificação da Itália. Esse período de consolidação do Reino da Itália sob o reinado de Victor Emanuel II. Aconteceu na segunda metade do século XIX e concluído em 1871. Consistiu na articulação e na reunião dos vários reinos da Península Itálica, depois da expulsão dos austríacos. Outros italianos, vieram para Minas após a essa Unificação.

Finalizo

Para nossa consideração pautada na pesquisa histórica, na metodologia de ientidades-ifenizadas é mister enfatizar, então:

Em aberto. P

Victor Hugo pode me ajudar a concluir de seu modo e sua performance, grato.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

f) as citações no texto devem ser transcritas entre aspas, no caso de citação direta, de

até três linhas incorporada ao parágrafo. No caso de citação direta, com mais de três

linhas, deve ser destacada do corpo do texto com recuo de 4 cm da margem

esquerda, com fonte tamanho 10 e sem aspas;

g) o sistema de chamada das referências das citações diretas ou/e indiretas pode ser

autor-data ou número (NBR 10520/2002), sendo as notas de rodapé somente

explicativas (NBR 6022/2003);

h) não poderá constar sumário nem o número de páginas no artigo;

i) as referências bibliográficas deverão ser apresentadas no final do texto, organizadas

em ordem alfabética, obedecendo às normas da Associação Brasileira de Normas

Técnicas ABNT;

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HISTÓRIAS DA VIDA DE BELINA FACCION:

FORMAÇÃO EDUCATIVA PELO TRABALHO E AÇÃO

SOCIAL

MICHELE LONGATTI FERNANDES

SÃO JOÃO DEL-REI

MINAS GERAIS – BRASIL

MARÇO 2011

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL-REI

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO

PROCESSOS SOCIOEDUCATIVOS E PRÁTICAS ESCOLARES

Não tem jeito de ser feliz sem Deus.”

Belina Faccion

_________________

Disponível em:

file:///C:/Users/JOSEJOAOBOSCOPEREIRA/Downloads/Marcella%20Franco%20de%20Andrade.pdf>. Acesso em: 12/08/2019.

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https://repositorio.ufjf.br/jspui/bitstream/ufjf/2088/1/marianaelianeteixeira.pdf

Acesso em: 12/08/2019.

ISSERTAÇÕES - UFSJ | Universidade Federal de São João del-Rei

AUTOR(A): Gisele de Cássia Lopes ... MICHEL SERRES E A EDUCAÇÃO: DA CRÍTICA AO CONHECIMENTO ..... AUTOR(A): Juliana Aparecida Pereira Lopes ...... HISTÓRIAS DE VIDA DE BELINA FACCION: FORMAÇÃO. 9 de jul de 2019.

<https://ufsj.edu.br/mestradoeducacao/dissertacoes.php>. Acesso em: 12/08/2019.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL-REI ... – UFSJ

... propício para a lavoura. Michele Longatti Fernandes, em sua dissertação de mestrado, ...... ditoso enlace do Sr. Antonio Tirado Lopes com a Senhorinha Águeda de Oliveira ...... Michele Longatti. Histórias da vida de Belina Faccion: Formação.

Disponível em: :https://www.ufsj.edu.br/.../mestradoeducacao/dissertacao%20Luciana%20Vilela%20>. Acesso em: 12/08/2019.

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J B Pereira
Enviado por J B Pereira em 03/02/2020
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