Desproporção

Independentemente da ordem em que se apresentem, SEGURANÇA, EDUCAÇÃO e SAÚDE são três fatores de importância crucial na vida de qualquer comunidade. Em nosso país, contudo, eles carecem de cuidados e investimentos mínimos.

Começamos pela Segurança, mas poderíamos escolher qualquer dos campos mencionados. Falamos da Segurança porque é impressionante e inadmissível o número de policiais assassinados, por mês ou por dia, em nossas ruas, avenidas, cidades. Sabemos das arbitrariedades, do conluio com agentes do crime organizado e de práticas criminosas várias vezes cometidas por maus policiais. Mas até por isso mesmo, alguma coisa precisa ser feita pelo resgate dessa importante função destinada também à proteção dos cidadãos de bem. É preciso que a profissão de policial volte a ter dignidade e ser de algum atrativo para aqueles que procuram emprego. Não se pode aceitar que só pelo uso da carteira de policial o indivíduo esteja com a sua sentença de morte decretada. Hoje, só mesmo a paixão pela profissão pode recomendar o exercício dessa atividade para novos pretendentes.

Salários bem mais elevados que os atuais, apuração sumária e rigorosa dos desvios cometidos por policiais e suas cumplicidades com ações criminosas, dotações orçamentárias compatíveis com as necessidades de equipamentos e viaturas das unidades policiais poderiam ser alguns dos elementos garantidores da eficácia e credibilidade do profissional da Segurança.

Mais ou menos o mesmo poderíamos esperar que fosse atribuído aos profissionais da Educação e da Saúde. Tanto o professor como o médico do serviço público deveriam ter os melhores salários possíveis, acesso fácil à diversidade de equipamentos de que se utilizam e as melhores condições de trabalho em suas unidades.

Mas não é nada assim. Enquanto isso, os políticos têm os ordenados que eles mesmos estipulam – o que é vergonhosamente previsto em lei –, além das inúmeras vantagens inerentes ao cargo tais como carro oficial, cartões corporativos, auxílio-moradia, planos de saúde específicos, passagens aéreas, etc. Para, de um modo geral, NÃO FAZEREM ABSOLUTAMENTE NADA. Se não desenvolverem nenhum projeto, continuam com os mesmos salários e as mesmas vantagens. Uma situação profundamente desigual em relação aos outros profissionais do serviço público.

Essa realidade nos ajuda a acreditar que no Brasil tudo se desenvolve em termos de uma proporcionalidade de razão inversa. Ou seja, muitos trabalham muito e ganham pouco, enquanto poucos não trabalham nada e ganham muito. Ou se muda essa equação desesperadora ou estaremos caminhando a passos largos para a completa insolvência social.

Rio, 27/06/2018

Aluizio Rezende
Enviado por Aluizio Rezende em 02/07/2018
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