A MORTE DE MARIELLE
A morte da Vereadora Marielle Franco
No Rio de Janeiro
Bem como a de seu motorista
Anderson Gomes
Primeiramente precisa ser vista - e lamentada
E sentida, e chorada
Como um crime bárbaro - e inaceitável
E um atentado ao ser humano
À sociedade
E à vida
Independentemente
Das ideologias
Coloração político-partidária
De suas bandeiras
De opção sexual
Da cor de sua pele
Ou coisas do gênero.
Pois que se trata ali
De um crime bárbaro
Brutal
E cruel
E que na base de tudo isso
Está a falta de Deus nas pessoas
A falta de amor ao próximo
A falta de valores
De princípios
De humanidade
A banalização do outro
E da vida como um todo
Por parte de quem supostamente
Tenha encomendado
E de quem fez
Cometeu este crime horrendo.
Agora, dito isso
Nem um extremo nem outro
Ou seja, o que nós não podemos
É mesmo cair na superficialidade
Assimilar e reproduzir
Este discurso raso
E barato
Que está proliferando
Sobretudo nas redes sociais
Por parte dos chamados simpatizantes
Tanto de esquerda
Quanto de direita
Alguns deste achando que ela até deveria mesmo morrer
Por suas convicções políticas
Pelas bandeiras dela
E de seu Partido - PSOL
Defendendo coisas como, por exemplo
O aborto
A legalização da maconha
A não redução da maioridade penal
A vitimização do marginal - o colocando sempre como vítima da sociedade
O fim da polícia militar
A ideologia de gênero
Entre outros...
Bem como o discurso dos seus correligionários
Que estão na verdade usando politicamente
O seu cadáver
Afirmando entre outras coisas
De maneira superficial
Irresponsável
E precipitada
Que o crime foi cometido pela própria polícia
Isso antes mesmo de se apurar os fatos
E se concluir as investigações
E de se chegar assim aos verdadeiros culpados.
Este crime é sim horrendo
E deve ser tratado
Como todo crime
Cometido contra a vida humana
E em qualquer lugar
Como, por exemplo
Os 134 policiais militares mortos no Rio de Janeiro em 2017
Estes verdadeiros heróis anônimos
Que estavam defendendo a população
E combatendo ali o bom combate
As cerca de 10 crianças mortas ao longo deste mesmo ano
Pelas chamadas balas perdidas nesta mesma cidade
Sendo vitimadas
Dentro das escolas
De suas casas
À caminho da igreja
E até mesmo estando dentro do útero de sua mãe
E morrendo antes mesmo de nascer
O crime do empresário morto na frente do filho de cinco anos
No mesmo dia do crime de Marielle e no mesmo Rio de Janeiro
E ninguém nem fala mais nele
Sobretudo a grande mídia
E o Brasil nem sequer sabe qual é o seu nome - Cláudio Henrique Costa Pinto, de 43 anos
A vida dela
Da vereadora Marielle Franco
Não vale mais
E nem mesmo
Do que a vida
De todas estas outras vítimas
E que devem todas serem tratadas
Com o mesmo respeito
Com o mesmo pesar
E com a mesma indignação
Pois que todas são vidas humanas
E com elas
Sonhos, desejos, anseios, aspirações
Projetos, histórias, trajetórias de vida...
Pessoas que carregavam tudo isso
Em sua bagagem humana e existencial
Pessoas que tinham por trás de si
Familiares
Amigos
Colegas
Outros que lhes amavam
Que eram também amados
E o que elas mais queriam neste mundo
E na vida...
É o mesmo que eu você
E todos nós queremos
Ou seja, de alguma forma
Nesta peregrinação terrena
Aqui nesta passagem humana
Ser Feliz...
Sendo que todas estas pessoas
São portadoras dos mais inerentes
Sagrados
E inalienáveis
Direitos Universais
Como o Direito à Liberdade
O direito de Ir de Vir
Sem terem as sua vidas
Brutal e abrubtamente
Interrompidas
Por quem quer que seja
Se tornando elas assim
Apenas números
Numa triste estatística.
E todos nós
Pessoas de bem, acima de tudo
E comprometidas com o bem comum
Independentemente de ideologias
E de nossas predileções políticas
Não podemos aceitar isso
Como sendo mesmo algo normal
Mas temos sim que nos indignarmos
Diante de um cenário caótico
De caos social
Em que vivemos
Em se tratando de um país como o Brasil
Que mata mais do que em zonas de guerra
E onde são assassinadas atualmente
Sessenta e uma mil pessoas por ano.