Favela, Poesia e Inclusão Social
“Favela: palavra ‘esquecida’ no dicionário dos estudados; distorcida de sua forma original, num proposito discriminatório. Abrigo dos necessitados que buscam um teto fugindo da chuva, do frio, da morte... Alento para os indesejáveis da sociedade de consumo, que consome corrói e destrói. Margem de um contexto social abrangente. Símbolo da violência, miséria e marginalidade. Sustentáculo dos poderosos, fabricando os perigosos. ”
A favela esconde em seu bojo mais que poesia. Existe vida pulsante em seu interior que movimenta toda uma engrenagem de poder e corrupção. Destituída da assistência do Estado, falta-lhe a dignidade em seus membros de viverem condignamente. A ausência do Estado dá margem para o surgimento de milícias que, a pretexto de proteção á população, exerce um verdadeiro domínio sobre esses habitantes; sem contar a ação de alguns que impõem terror e toque de recolher.
Esse “estado” paralelo, que tem suas próprias leis, seus códigos e tribunais, julgam, condenam e executam num ritual macabro, à revelia do Estado de Direito. E é esse domínio que institucionaliza a marginalidade nesse pedaço do tecido social, que muitas vezes assume o ônus das mazelas de todos os estratos da sociedade.
Todos esses problemas fazem da favela um lugar hostil e perigoso. Entretanto, nota-se uma revolução silenciosa na direção de uma mudança de comportamento. Essa revolução se configura através de projetos educacional, cultural e de inclusão social de ONGs e outras entidades da sociedade civil.
Apesar das ações isoladas de resgate da dignidade perdida, a participação do Estado de Direito nesse processo de revitalização torna-se crucial, através de políticas públicas e ocupação dos espaços públicos perdidos.