ATÉ QUANDO, BRASIL?
Há uma força motriz mais poderosa que o vapor, a eletricidade e a energia atômica: a Vontade.
Einstein
Estamos no fundo do poço político-social? Suponho que ainda não. Verdade é que nosso quadro se mostra gravíssimo, desintegram-se valores essenciais de Civilidade, desaprendemos a resolver problemas e, menos ainda, a evitá-los. Há, todavia, Esperança: consiste no exercício constante da Vontade Crítico-Emancipadora.
Parece-nos inelutável o predominar desse cinismo-escarnecedor. Antes de tudo, impera o “me dá, me dá” com seus filosofeiros: “a vida é assim, “isso é natural”. No caso da política, “ela nada mais é do que colocarmos a mão na merda”. Outros cantam acorrentados posto acreditarem, piamente, no intelecto e não no Caráter como base para a Vergonha na Cara. Há os que se digladiam numa espécie de ativismo bestial cujo único paradigma é uma razão materialista. Se Diógenes fosse brasileiro e vivesse hoje, que diria?
A Esperança que tenho em mente não é algo inexorável vinculada a um mistério passivo, uma iluminação que nos abrace, sem qualquer movimento do sujeito. Não, Esperança digna, como nos ensina Paulo Freire, vem do verbo Esperançar, pois sua essência é o Desbravar via “inéditos viáveis”. Trata-se de uma Estrada que só um Cidadão, no sentido maior do termo, pode percorrer. É a Esperança que leva a sério as realidades insatisfatórias e nos insta a fazermos alguma coisa a respeito.
A Vontade, o nobre amigo já deduziu, não é outra coisa senão o mover da Inteligência Crítica visando ao compreender dos fenômenos e, sobretudo, a Interpretações Transformadoras. No fundo, é atividade profundamente Metafísica prenhe de Práxis cujo propósito primeiro é a realização da Vida Plena. Ora, destituído de uma Razão do fazer algo, o indivíduo imerge na pobreza política: perde o ânimo, a coragem, o empenho e o interesse. Nesse nível de consciência, tudo corre ao bel-prazer, surge então a má vontade. Ouso dizer que a Boa Vontade é um princípio afirmativo da existência tendo em vista, na leitura de Kant, “se escolher aquilo que a razão reconhece como bom, independentemente de sua inclinação, submetendo-se assim ao imperativo categórico do dever”.
Reitero, portanto, que há, sim, Esperança, desde que desacocoremos nossa Vontade e partamos para a criação de novos Valores, atirando no lixo essas tão infames práticas apequenadoras da Cidadania. Até quando, Brasil? Enfim, o poeta está certo: “Vem, vamos embora que esperar não é saber. Quem sabe faz a hora não espera acontecer”.