Humildade: A Moral dos Fracos.
Quem nunca conheceu alguém que fala para você se colocar em um comportamento que não seja o de ter orgulho? Principalmente o orgulho vindo daquilo que nos faz humanos, seja na profissão que exercemos ou no que costumamos mostrar como algo que fazemos bem feito, tendo satisfação de mostrar a outras pessoas que, no geral, pedem-nos humildade. Não raro, quem não tem orgulho e determinação para fazer as coisas bem feito, começa a jogar o seu fracasso nas pessoas que querem progredir.
Sócrates não sabia o que era humildade. A humildade é uma tradição cristã e não existia na Grécia antiga. Talvez para os parvos seja necessário ser humilde, pois não conseguem ler o conceito de Humildade para além do cotidiano.
O filósofo alemão Feuerbach mostra que foi o homem quem criou "deus" e não o contrário; Nietzsche mostra que "deus" é uma muleta contra a fraqueza (Nietzsche pressupõe que o homem não tem alma e que "deus" não existe fora da mente humana). O pecado é mantido para que o medo exista e para que os fortes passem a ficar presos à moral dos fracos (em Nietzsche, os fracos são os verdadeiros morais).
Como funciona, em Nietzsche, a relação entre o fraco e o forte? O forte fica preso à moral dos fracos e estes, os fortes, passam a ficar a mercê da moral constituída pelo e para os fracos. Para ser mais claro, o humilde é o fraco que é capaz de ludibriar outras pessoas, pedindo que elas sejam humildes antes de mostrar qualquer tipo de orgulho. Algo do tipo bem irônico: "você é modesto, não?".
A humildade é a marca dos fracos ou para espertos que querem pousar de humildes para ludibriar outras pessoas. O humilde, geralmente, é o sujeito que diz não saber de nada quando, na verdade, sabe de muita coisa. Mas ele prefere ficar as margens da humildade para que outras pessoas continuem a ser ludibriadas por ele mesmo. Agora a SIMPLICIDADE é algo a se considerar: aprender e passar a ter orgulho pelo que aprendeu é algo que deve ser levado em consideração pelos inteligentes.
Dizer não saber de algum assunto que se está estudando não é atitude de humilde, mas de gente que quer aprender. "Eu não sei", em geral, pode ser uma expressão de quem realmente não sabe para aprender, mas também pode ser a expressão de quem quer fazer, apenas, juízo de valor.
Jesus lavou os pés de seus discípulos não para mostrar algum tipo de humildade, mas para dizer algo do tipo: "Apenas quando quero, permito-me a fazer isso". Na Cruz, morrendo, ele diz arrogante: "Pai (Deus!) perdoe todos, eles não sabem o que fazem".
Ter humildade é admitir, antes de tudo, principalmente para um cristão, que nossos valores estão em "deus", ao invés de estar em nós mesmos. O grego antigo não pensava assim: ele não tinha os deuses para algo que dissesse: "Faça isso, mas não faça aquilo". Não! O grego tinha os deuses para que o ethos fosse entendido. Não havia, também, e ideia de respeitar os deuses para se ter uma vida eterna após a morte, em um Paraíso. Isso nunca passou pela cabeça dos gregos e, principalmente, nunca passou pela cabeça de Platão.