Carga Pesada
Lemos uma vez no para-choque de um caminhão: “Sem caminhão o Brasil para”. E para mesmo. Porque todo o transporte de carga no país se realiza praticamente sob a modalidade rodoviária. De caixas de clips a bobinas de aço, de vários diâmetros. E quem sabe até, se fosse o caso, de ogivas nucleares.
As consequências disso todos podemos imaginar. O desabastecimento de combustíveis e de gêneros alimentícios, por exemplo, junto com os transtornos previstos causados à população, podem acarretar também o incremento repentino do processo inflacionário. Pelo fato de a demanda esgotar de uma hora para outra o fornecimento. Causando a elevação dos preços.
Trata-se de uma situação dramática para um país de dimensões continentais como o nosso. Depender basicamente do transporte rodoviário para o escoamento de material pesado. Como também o de passageiros. Que implicariam em maiores índices de preservação das estradas e na redução do consumo de combustível se o transporte de carga e passageiros ocorresse por ferrovias.
E nem por isso as autoridades governistas, incluindo-se os governos dos últimos dez anos, preocuparam-se com a reimplantação da malha ferroviária brasileira. Que já foi expressiva. Continuam insistindo na opção rodoviária. Ou priorizando-a, com a construção de arcos rodoviários, novas estradas, pontes estaiadas e a redução do IPI para o favorecimento da aquisição de automóveis.
“Concebida sob o propósito de ampliar e integrar o sistema ferroviário brasileiro”, a Ferrovia Norte-Sul, iniciada em 1987 durante o governo José Sarney, ainda não está concluída. Passaram-se, portanto, 27 anos e os 4.155,6km de extensão da ferrovia possuem trechos que possivelmente nem foram iniciados. Frustrando – não sabemos se parcial ou inteiramente – a possibilidade de integração, através da linha férrea, entre os estados do Pará, Maranhão, Tocantins, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
E o resultado é o que vemos aí. Com os motoristas sendo assaltados por bandos armados nas estradas, enquanto aguardam a solução do impasse para que possam seguir viagem, depois de horas enfileirados e da soma dos elevados prejuízos provocados.
Rio, 25/02/2015